Eu preciso muito desabafar e confessar um pecado como que filhos diante de um pai: confesso o pecado contra o pai futebol baiano. Um pai que vem sendo questionado, ridicularizado e pela sua longevidade vem sendo preterido. A última esnobação veio do Bahia que o preteriu pensando que tal atitude passaria impune. Tenho sondado enquetes e visto na internet o quanto ainda ele é importante para o torcedor baiano e brasileiro, a ponto de preferirem ganhar um campeonato regional em cima do rival a ser segundo colocado numa competição nacional.
Não importa se ele é tão velhinho em relação a outros campeonatos e copas que despertam o olho grande de empresários; o fato é que o campeonato baiano é o pai de todos nós torcedores baianos. Obviamente, estamos descontente com seus comandantes atuais que relutam em mudar-lhe a forma, transformando o pai de todos os clubes baianos num monstruoso objeto a ser odiado pela sua velha forma de negar o direito de descanso aos jogadores e não dar tempo aos clubes de pensarem em outros campeonatos mais viáveis do ponto de vista financeiro.
Mas, por favor, eu lhes peço: não matem o campeonato baiano! Falo isso porque como “Hamlet” já me perguntei a razão de ser do baianão muitas vezes, mas a respota sempre foi a minha própria sombra. Já muito quis a Copa do Nordeste de volta, e por sentir muitas vezes sua falta, saí do sério e defendi o fim dos campeonatos regionais para ressuscitar o campeonato do nordeste. Mas creio que essa é uma solução desesperada.
Acabar com o campeonato baiano é de uma ingratidão sem tamanho. Principalmente nós tricolores que somos filhos extremados de um campeonato que nos deu e ainda nos dará tantas alegrias. Podemos dizer que somos o filho querido do campeonato baiano. O Bahia é o time que mais o conquistou, que mais o sabe em gostosura, como foi e é gostoso ser tetra, penta, hexa e heptacampeão, por isso o Bahia não pode jamais deixar de lado o campeonato baiano.
Não podemos ser como mato-grossenses, capixabas e piauienses que em fins de semana juntam-se a mesa para assistir o “cariocão” e o “paulistão”. Temos uma tradição aqui em Recife, Salvador e Fortaleza de sermos guardiões do sentimento ufanista e brioso de um futebol local que se projeta acima de interesses mercantis.
Não vamos deixar que matem nosso Rei, nosso pai, o palco de todas as batalhas: o campeonato baiano. O nosso amor, hoje, pelo campeonato baiano é como as duas filhas ingratas que deixaram “Rei Lear” padecer. Shakespeare bem demonstrou como podem ser guiados por ilusões os poderosos que vivem do poder e se deixam seduzir pelos dissimulados encantos de sua corte cheia de interesses pequenos. Resgatemos o nosso campeonato baiano com uma nova fórmula para ele não virar um velhaco chato e enfadonho.
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