O LEGADO NEGATIVO DEIXADO POR JORGINHO NO ESPORTE CLUBE BAHIA: COMO O EX-TREINADOR DESTRUIU UM PROJETO DESENVOLVIDO HÁ UM ANO, EM APENAS 14 JOGOS.
24 de junho de 2016: Bahia anuncia a contratação de Guto Ferreira para assumir o comando técnico do time, em busca do acesso para a Elite do Futebol Nacional. Na ocasião, o "Gordiola" estrearia com resultado positivo, vencendo o Oeste na Arena Fonte Nova, em jogo válido pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão. Ao final do certame nacional, depois de 26 rodadas, o Bahia, apesar das dificuldades encontradas, conseguiu o acesso para a Primeira Divisão com um futebol ofensivo, marcado pela troca de passes rápidos e uma equipe que costumava envolver seus adversários, principalmente atuando em Salvador. Foram 13 triunfos, 7 empates e 6 derrotas.
2017. A torcida do Bahia esperou ansiosamente pelo ano em que o Esquadrão disputaria mais uma vez a Copa do Nordeste e voltaria a competir pela principal divisão do Campeonato Brasileiro, além da Copa do Brasil (não citarei o falido Campeonato Baiano, pois oficialmente o clube não teve o certame estadual como prioridade, escalando um time alternativa para a sua disputa). Na Copa do Brasil, como sempre, o clube não se empenhou e foi desclassificado ainda no início pelo fraco Paraná Club.
Na Copa do Nordeste, diferentemente, o Bahia, sob o comando de Guto Ferreira, brilhou. Foram 8 triunfos, 3 empates e apenas uma derrota, para o seu maior rival. Marcou 23 gols e em apenas 5 oportunidades Jeanzinho teve de buscar a bola dentro das redes (nenhuma delas na Fonte Nova). Melhor ataque, melhor defesa, melhor mandante e com o artilheiro da "Lampions League", Régis, com 8 gols marcados. Os números prometiam que o Bahia teria tudo para fazer um Campeonato Brasileiro digno, diferente das edições anteriores, em que o clube se limitava a brigar para não ser rebaixado.
E assim começou. O Bahia iniciou a competição aplicando uma sonora goleada no Atlético Paranaense, por 6 tentos a 2, em Salvador. Partiu para dois jogos fora de casa, contra o Vasco e Botafogo, perdendo em ambos, mas demonstrando um futebol interessante, pra frente. Após o jogo contra o Botafogo, Guto Ferreira pediu as contas e partiu para o Internacional de Porto Alegre.
31 de maio de 2017: Bahia anuncia a contratação de Jorginho para assumir o comando técnico do clube. Jorginho recebeu de Guto uma equipe com uma formação tática desenvolvida durante quase um ano. A equipe tinha uma cara, uma maneira de jogar. O torcedor do Bahia sabia o que veria em campo ao ir para a Fonte Nova ou ligar a televisão para assistir o jogo do seu clube do coração.
Ainda que perdesse, o Bahia era uma equipe envolvente, com troca de passes rápidos, penetração, triangulação, verticalizava muito suas jogadas com o quarteto Edigar Junio - Allione - Regis - Zé Rafael, e utilizava bastante o lateral direito Eduardo nessas triangulações e verticalizações das jogadas. Era uma equipe rápida e agressiva, que chegava ao ataque com certa tranquilidade e inteligência, fruto de um trabalho muito bem desenvolvido pelo "Gordiola".
O técnico carioca estreou com triunfo sobre o lanterna Atlético Goianiense na Arena Fonte Nova, pela 4ª rodada da competição, pelo placar de 3x0. Na ocasião, o treinador não teve oportunidade de treinar durante a semana para ajustar a equipe de acordo com a sua filosofia, então o torcedor pôde ver que aquele time ainda era o "Bahia de Guto". Porém, na 5ª rodada, diante do Cruzeiro, em Salvador, o Bahia venceu a equipe mineira pelo placar mínimo (1x0) e o torcedor mais atento percebeu que o time já começava a dar sinais de que o estilo de jogo do Bahia viria a mudar. As transições rápidas aconteceram com menos frequência e o time parecia começar a adotar uma mentalidade mais defensiva, principalmente após estar a frente do placar. Jorginho começava a dar a sua cara à equipe.
Não demorou muito para o elenco tricolor adotar de vez a filosofia de jogo de Jorginho, se é que podemos falar em filosofia. Ao passar das rodadas, o torcedor que assistiu aos jogos do Bahia notou que o padrão tático que o time adquiriu em um ano simplesmente desapareceu. O pior é que não foi substituído por outro padrão. É que Jorginho não implantou nenhum padrão ao time do Bahia. O carioca apenas prezava pela posse de bola, porém uma posse de bola ineficiente, inoperante e apática. O Bahia perdeu a capacidade de realizar as empolgantes triangulações no ataque, deixou de verticalizar as jogadas e tinha uma dificuldade irritante para penetrar a defesa adversária.
Com a tão falada "posse de bola", muitas e muitas vezes repetida pelo técnico em suas entrevistas coletivas, o Bahia rodava a bola de um lado para o outro sem nenhuma objetividade. O torcedor perdia a paciência ao ver que o time não sabia o que fazer com a bolas nos pés. Se irritava ao ver em campo uma equipe que, com os mesmos jogadores que foram campeões do Nordeste (e até com algumas peças a mais), não produzia mais o mesmo futebol de outrora. Se irritava ao final de cada partida, com o técnico tricolor sempre enfatizando nas entrevistas coletivas que o Bahia dominava as partidas com posse de bola, mesmo sem os resultados agradarem.
Em 14 partidas e pouco mais de 2 meses, Jorginho conseguiu destruir um padrão tático desenvolvido por quase um ano. Os números são terríveis. Foram 4 triunfos, 4 empates e 6 derrotas. Apenas 2 triunfos na Fonte Nova. 14 gols marcados e 17 sofridos. Além dos números, o Bahia em si mudou muito. Como já destacado, a equipe perdeu o brio ofensivo, e perdeu também a capacidade de fazer valer seu mando de campo. O diferencial da campanha do acesso do ano passado e a campanha do título regional desse ano foi ter a Arena Fonte Nova como uma verdadeira aliada, e o Bahia de Jorginho desaprendeu a vencer dentro de seus domínios.
Por diversas vezes, quando questionado nas entrevistas coletivas, Jorginho se irritou ao ser comparado com Guto, se defendendo no sentido de que as equipes enfrentadas pelo Bahia na era "Gordiola" eram de nível técnico inferior aos enfrentados sob seu comando na Série A. Verdadeira "desculpa esfarrapada" para tentar justificar o pífio desempenho. Com Guto, o Bahia desclassificou com autoridade o rival Vitória na semi-final da Copa do Nordeste e foi campeão diante do Sport da citada competição. Dois clubes da Primeira Divisão, os quais Jorginho não conseguiu vencer (empatou com o Vitória, jogando muito mal, e perdeu de forma vexatória para o Sport).
Com Guto, o Bahia aplicou a maior goleada da Série A de 2017 até o momento, contra o Furacão e, mesmo perdendo, fez bons jogos contra o Vasco e Botafogo, no Rio. Com Guto, dentro da Arena Fonte Nova quem mandava era o Bahia. O nível técnico dos adversários enfrentados não muda o fato de que o Bahia perdeu a identidade que o fez campeão do Nordeste com excelentes números. O trabalho de Jorginho no Bahia serviu para mostrar ao torcedor que um treinador de futebol faz muita diferença em uma equipe. Com as mesmas peças, Guto Ferreira conseguiu uma equipe ofensiva e envolvente. Com as mesmas peças e algumas contratações, Jorginho mandava ao campo um bando desordenado de jogadores, perdidos nas 4 linhas.
O legado deixado pelo treinador carioca é uma equipe de jogadores que perdeu a liga construída há um ano. O time perdeu a confiança e parece não acreditar que é possível envolver novamente os seus adversários. Nos jogos contra a Chapecoense e São Paulo, sob o comando do esforçado Preto, podemos perceber isso. Interessante é que todas as vezes que o time verticalizou as suas jogadas, os gols saíram. Foi assim no gol marcado na derrota contra o Sport, no empate com a Chape e no triunfo diante do tricolor paulista. Isso é sinal de que o potencial da equipe ainda existe, falta somente um comandante que goste de vencer seus adversários com um futebol agressivo e envolvente.
O desafio da diretoria tricolor é grande: trazer um técnico que saiba juntar os cacos deixados pelo Jorginho e tentar retomar aquele futebol vistoso deixado por Guto. O torcedor do Bahia não quer, nem merece, passar por mais 19 rodadas de sofrimento, olhando sempre para o seu retrovisor.
BORA BAHIA MINHA PORRA!!!
Gabriel Contreiras, advogado, tricolor de coração e fã do Blog.
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