quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Franciel Cruz: Os Arautos da Estupidez

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Aviso aos espíritos de porco de todas as latitudes e cores clubísticas: Se você veio aqui em busca de material para galhofa, favor voltar outro dia. Não há motivos para festa, ora esta, num sei rir à toa. O plantão será rigoroso. Sopa de tamanco. 

Sudesb informa: Sai a pilhéria e entra a reflexão. E por falar nela, a reflexão, vamos ouvir um questionamento antigo do pai da matéria, Armaaando Oliiiveeeira. Às aspas, maestro. 

 “Como um povo tão vibrátil, com tanto ritmo nos pés e na cintura, bom de capoeira, melhor de lambada, pôde permanecer tanto tempo no subúrbio do futebol brasileiro, morrendo na praia nos torneios nacionais?” 

O próprio heptacampeão da Bola de Ouro esboçava a seguinte resposta na já longínqua década de 1980: “Talvez, admito, devido à nossa postura colonizada, valorização desmedida dos estímulos impostos pelo Sul Maravilha, carência de confiança na prata da casa”. 

Touché!!! 

Percebam, amigos de infortúnios, que as elucubrações do maior cronista futebolístico desta província ocorreram há mais de 20 anos. Porém, elas continuam mais constrangedoramente atuais do que nunca. 

Para que vocês tenham uma idéia de como a história se repete como farsa, lembro que no trágico domingo da peleja entre Vitória x Ceará, nenhum, repetindo em caixa alta, NENHUM jogador da base Rubro-negra que se sagrou campeã do Copa do Brasil começou o jogo como titular. 

E por que isto aconteceu? 

Alguns desconfiados devem achar que tal desmantelo (que sempre se repete) ocorreu por causa de tenebrosas transações, já que normalmente há inescrupulosos empresários na jogada nos empurrando (lá eles) caminhões de renomados ferros-velhos que já gastaram suas parcas suas glórias em épocas idas. 

Como não sou maledicente, acredito que os cartolas baianos fazem isso não por obscuros interesses financeiros, mas apenas por burrice misturada com aquela secular síndrome de vira-latas. Só pode ser isso. 

Afinal, até os radialistas escrotos que não entendem nada de futebol, mas conhecem muito sobre as manhas de achaque e das mumunhas do vil metal, sabem que o investimento na base é o mais rentável sob todos os aspectos. 

Ah, mas, derivo. E volto para dizer que a torcida do Bahia não deve ficar rindo da desgraça alheia. A imbecilidade, no caso, é extremamente democrática e atinge não somente a cartalogem leonina.

Para não cansar ainda mais os torcedores, que já estão ressaqueados do Carnaval e das vergonhas na Copa do Nordeste, não farei um histórico dos desmantelos da dupla Ba x VI, mas apenas um, digamos assim, corte epistemológico. Vamos à história a partir de 2011.

Conforme é de conhecimento do Norte e Nordeste de Amaralina, de lá pra cá (aliás, desde sempre) os times principais do Estado têm feito um esforço descomunal para envergonhar suas torcidas. 

Além da já citada chibança no Nordestão, os tricolores passaram dois anos na Série A com as calças na mão e se desviando, deus sabe como, para não receber na tarrasqueta. Com o Vitória não foi diferente. Apesar de ter o maior orçamento da Série B em 2011 conseguiu ficar fora dos 4 classificados. Já em 2012 subiu graças a critérios de desempate. 

Enquanto isso, o que foi que fizeram os garotos da base de lado a lado? 

Os do Bahia foram vice-campeões da tradicional Copa São Paulo de Futebol Júnior, inclusive eliminando o Vitória na oitavas. (Vale ressaltar que o time Rubro-Negro na ocasião era até melhor do que o do Bahia). 

Pois muito bem, digo, pois muito mal. 

Daquele time tricolor que perdeu injustamente a final para o Flamengo também não há nenhum entre os titulares. Some-se a isto o fato de que, neste ano da graça de 2013, o esquadrãozinho era detentor disparado do melhor futebol da mesma Copa S.P. Caiu para o Goiás por uma destas distrações dos deuses que vigiam a justiça no Ludopédio. 

Já os Leões da Base também jogam o fino. No já citado ano de 2011, possuia um timaço. Inclusive, não foi à toa que, em 2012, conquistaram a 1ª edição da Copa do Brasil e garantiram vaga na Libertadores da América, entre outros feitos recentes. 

O que se depreende deste breve histórico é que aqui, nesta província lambuzada de dendê e de exclusão, temos talentos em profusão nas quatro linhas, mas possuímos também uma corja, uma casta, de incompetentes que nos impede de avançar. 

Afinal, apesar das repetidas e desgastadas promessas dos dirigentes que garantem, ano a ano, que vão privilegiar a base, os garotos continuam no ostracismo, sendo obrigados a ser coadjuvantes (quando muito) de velhas putas cansadas de guerra que só vêm para cá embolsar os últimos caraminguás. 

Portanto, amigos de infortúnios, a verdade que salva e liberta é uma só: a galhofa, a pilhéria e a rivalidade nos mantém vivos, sim. Porém, se ficarmos apenas nelas e não concentrarmos nossas forças na luta por mudanças urgentes e efetivas em nossos clubes estaremos apenas fazendo o jogo sujo dos que querem que tudo permaneça como está.

E aí, só nos restará repetir ad infinitum o clássico questionamento do menino Armando Oliveira. “Como um povo tão vibrátil, com tanto ritmo nos pés e na cintura, bom de capoeira, melhor de lambada, pôde permanecer tanto tempo no subúrbio do futebol brasileiro, morrendo na praia nos torneios nacionais?”.

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