O Bahia dos ratos e dos homens

Já acreditei nas atitudes desinteressadas até ler Emanuel Kant. O exponente filósofo colocava as atitudes humanas e as experimentava a uma crítica de modo a extrair uma única atitude boa gerada por impulsos dos mais generosos possíveis. Felizmente o filósofo é levado a concluir que não seria das circunstãncias e das inclinações humanas que o homem tiraria um gesto de nobreza e afirmaria um gesto desinteressado.

Foi então que o filósofo concluio que para uma atitude humana ser boa ela deveria ser afirmada acima de suas inclinações e sentidos, e que deveria se justificar somente numa operação racional longe da contaminação dos argumentos posteriores às atitutes que tendem a esconder nossas verdadeiras e mais recôndidas inclinações. Kant chegou a conclusão que se algum gesto de bom pode vir do homem é porque ele tem o que nós chamamos de sentimento de dever. E a partir disso que deveríamos buscar uma justificação racional válida e universal.

Porra, Mauricio, que viagem retada é essa? Pois bem, o Bahia apesar de acabado, sem vontade, humilhado diante de sua torcida deve... Repito, DEVE vencer! Não é uma mera exortação para bons jogadores e motivados boleiros em fase de deslumbramento com a bola. O Bahia deve vencer porque tudo conspira contra: salários atrasados, ausência de um plano "B"... Deve o Bahia assim proceder porque é bom. É bom em qualquer país, região ou distrito, vencer e superar a própria inclinação para o insucesso. Essa verdade DEVE estar inscrita em cada profissional: o dever profissional.

Esse é o dever: o médico que pode matar o bandido que chega baleado, e sem qualquer punição poderia fazê-lo, mas ainda assim ele o salva; o advogado em desespero de pagar a conta da escola de seu filho, que poderia se apropriar de uma herança de uma viúva, mas lhe dá o valor integral e justo da partilha e cobra somente o preço de seu trabalho... Enfim, são milhões de exemplos que todo dia vejo triunfar às inclinações naturais de homens de valor. A verdade é que muitos homens ainda preferem morrer a trair o sentido de dever que deve favorecer e engrandecer todo o valor e por quê são diferentes ratos e homens.