O processo continuo do desgaste de uma marca vencedora acarreta sucessivos arranhões á imagem do Bahia nos últimos anos. Traço marcante dessa realidade, a escassez de recursos encorpa a lista de problemas estruturais e administrativos.
Salários atrasados em dois meses e nenhuma perspectiva imediata de pagamento, era questão de tempo para que o primeiro atleta desse a senha aos próximos. Galvão conseguiu na 16º vara do tribunal regional do trabalho limimar que garante seu desligamento do clube. A ação foi julgada procedente pela juíza auxiliar Andréa Prezas, na última quarta-feira, o que explica o sumiço do atacante no dia seguinte.
A limimar obriga o Bahia a efetuar a rescisão imediata e autoriza o jogador a assinar com qualquer outro clube. Os advogados acusam o clube de “descumprir as obrigações trabalhistas com ele contratado (atrasos, ausência de recolhimento de INSS e FGTS”).
O Bahia acionou seu departamento jurídico e assumiu que só se pronuncia depois de notificado, apesar da decisão do processo de numero 00969.2008.016.05.00-4 estar disponível no site www.trt5.jus.br . Ainda assim, o documento oficial deve demorar. Uma audiência para dar continuidade ao processo está marcada para o dia 7 de outubro.
Marca construída ao longo de 77 anos, não é difícil pontuar os inúmeros problemas dos últimos anos. Primeiro descenso da historia à segundona do brasileiro em 1977 permanência por lá até 1999, parceria suspeita com o banco opportunity em 1998, tombo para a série C em 2006. Perto disso, o caso Galvão é mesmo fichinha. Talvez acostumada a conviver com ( muito mais do que solucionar) problemas, a diretoria esteja imune a critica e trate acontecimentos deste tipo com naturalidade.
Qualquer outra empresa teria fraquejado, mas é o torcedor quem garante a persistente sobrevivência do clube. “Quem segura o Bahia hoje é a torcida. Não vejo outra coisa. E isso porque a agremiação não segue o caminho tradicional. O torcedor apaixonado não troca um time por outro similar como acontece com outros produtos” explica Nelson Cadena publicitário e colunista do Correio.
Instintivamente, o tricolor perdoa os deslizes do clube. Conheceu o fundo do poço do futebol brasileiro e acompanhou o Bahia até que o incidente da Fonte Nova os separou. Mas, a imagem não passa impune a quem observa a situação de maneira isenta. Jogadores e treinadores vêem o clube com outros olhos. “Neste contexto sim, a marca é afetada. Como a imprensa noticia todo tipo de acontecimento, os profissionais ficam cientes e perde-se o interesse em estar aqui”, analisa Cadena.
O reflexo claro da situação pode aparecer na reta final da negociação com o atacante Marinho, companheiro de Galvão no Atlético MG, em 2006. O clube garante ter tudo verbalmente acertado com o atacante, mas não será surpresa se a atitude do colega frear o negócio. Aliás, o fenômeno já pode ser apercebido nos últimos meses. Só o Criciúma, adversário do Bahia de logo mais, levou dois dos atletas pretendido pelo Bahia para esta série B
Canindé e Luiz Mário negociaram com os mandatários do bahia e acabaram no Heriberto Hulse. O lateral Claudemir foi indicado pelo técnico Paulo Comelli, mas só foi se encontrar com ele no Paraná Clube. Tem mais. Lima preferiu ser a “enésima” opção do Corinthians, Dimba ficou pelo Brasiliense, isto só para citar alguns casos. “E sinal de que o clube segue o caminho do declínio” diz Cadena. Na tem nada não, o torcedor passional perdoa e até culpa o jogador
Depois da assessoria do atacante Galvão soltar uma nota dizendo que o Bahia não cumpriu com suas obrigações, neste sábado foi a vez da diretoria divulgar uma nota esclarecendo esta novela.
Na nota, os dirigentes culpam o advogado do jogador de "faltar coma verdade", além de garantir que o clube "está cumprindo com suas obrigações fiscais".
Confira a nota na íntegra:
1 – O Esporte Clube Bahia ainda não foi notificado sobre qualquer decisão da justiça trabalhista;
2 – O advogado do jogador, propositadamente, falta com a verdade em suas declarações, no intuito de minimizar a reincidência de indisciplina e descaso de Galvão para com o clube, além do desrespeito para com o torcedor tricolor, visando torna-lo vítima na situação;
3 – O Esporte Clube Bahia está cumprindo suas obrigações fiscais, dentro do prazo estipulado por lei e provará isto em juízo;
4 – O departamento jurídico do Bahia tomará todas as medidas cabíveis, em defesa dos interesses do clube, o qual está convicto que a verdade dos fatos virá à tona.
Obs.: É importante lembrar que esta não é a primeira vez que Galvão tenta descumprir um contrato com um clube, buscando meios judiciais.
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