Enfim, sacrificaram a criatividade em detrimento da citada disciplina. E nos discursos sempre ouvíamos: "o bom Feijão com Arroz", "não compliquem, façam o simples!", "não inventem!", "praticamos o Futebol de Resultados", "se preocupem em marcar, o pessoal lá na frente, resolve com uma bola!", e por essa linha fomos cortando as asas dos nossos canarinhos. Atualmente, quando queremos ver uma partida de qualidade, com atletas habilidosos, fazendo suas jogadas de efeito, dando vazão à sua criatividade, precisamos assistir aos times estrangeiros.
Mas como não há nada tão ruim, que não possa piorar ainda mais. Temos como grande candidato ao título nacional, o "Timão", atuando na boa e velha retranca, já que falta qualidade. E enfeitamos o Pavão, em lugar de constatarmos a mediocridade óbvio e gritante, repetimos a retórica do: "é bom saber sofrer!". Pois bem, como não somos masoquistas, temos que discordar. Precisamos saber desfrutar do prazer do drible; do futebol envolvente; da superação dos adversários pela qualidade técnica diferenciada; da surpresa, daquele algo inesperado, que só o grande artista ou atleta é capaz. Enfim, futebol é um entretenimento, sendo um cada vez mais caro, e paradoxalmente, cada vez mais pobre.
Hoje temos menos campos de futebol para as crianças brincarem. A ameaça do tráfico, com a sua violência, e sua busca por clientes e soldados, faz com que os pais não deem a mesma liberdade de antes aos seus filhos. Além disso, muitos preferem os jogos eletrônicos e as redes sociais, o que reduz o número de praticantes e a quantidade de horas dedicadas ao esporte.
São muitos os motivos que contribuem para a penúria que constatamos nos nossos gramados. E mesmo sofrendo uma vexatória goleada para a Alemanha, nada foi feito para reverter esta nossa tendência de declínio técnico. Outro aspecto importante, foi o advento da Lei Pelé, que enfraqueceu os clubes formadores, em favor do enriquecimento dos empresários.
Acabou a magia; a arte e só restou o amor ao Clube. Se prazer houver, será o de alcançar os objetivos, não mais o da trajetória: das grandes partidas, ídolos e jogadas. É só o que nos sobrou.
Ramon, torcedor do Bahia e amigo do BLOG
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