Deveras doutor, sonhei com um time Bicampeão brasileiro, 1ª a disputar uma Libertadores, 1ª campeão nacional, tantas vezes campeão do Norte e Nordeste e Tricampeão do NE, tantas vezes campeão baiano sagrando-se heptacampeão e etc. Acordei, então, e não era sonho. Era tudo verdade como uma música de Caymmi. Analisava-me deitado num divã. O psicanalista só anotava, ele era torcedor do Sport-PE. Certamente, ele achava que os baianos torcedores do Bahia eram pretensiosos. Contei, contudo, com meu tempo para explicar-lhe toda a história do clube, seus mitos, jogadores sensacionais, os desbravadores e muitas glórias como se o clube estivesse ligado intimamente a história da própria Bahia. Continuei a falar e depois cantei o hino do Bahia, suas cantigas e cantos da torcida. Os torcedores símbolos, os mascotes e o folclore envolvendo o Bahia.
Terminou a sessão e o psicanalista estava a olhar para mim. Sentia que ele parecia um pouco feliz, pois ele constatou que eu tinha uma identidade muito forte e bem saudável. Não era mesmo o Bahia um time qualquer. Ele era extensão de minha personalidade, opção política e soberana na forma de expressão do seu mais autêntico que poderia existir entre uma entidade transgressora da normalidade e um torcedor. O doutro me deu também alta depois de uns dias e disse para minha mulher para ela enquanto eu assistia um jogo do Esquadrão de Aço não me interromper, tratar-me com mimos e uma cerveja. Minha mulher achava isso esquisito, pois ela era Santa Cruz e não torcia como o avô dela, time do coração que fazia ela ser cativada pela paixão do avô. Os torcedores do Santa Cruz realmente são instigantes, mas não conseguiriam entender o Bahia como um torcedor do Spor, meu psicanalista.
O torcedor do Sport podia estender sua paixão para abraçar o que eu sentia como identificação de pioneirismo no futebol, recordes e títulos. Eu, contudo, sempre deixei claro para meu amigo psicanalista que ele poderia só imaginar, não poderia ponderar algo que era também maior que o Sport, numa perspectiva objetiva e criteriosa lançada pelo Esporte Interativo numa análise bem-humorada. Acredito que essa matéria tenha até precipitado a direção do Sport a sair da Copa do NE. O Sport havia encarnada a sina de um time baiano que era conhecido nacionalmente por ser vice-campeão tantas vezes nacionalmente e regionalmente. Isso realmente o Sport não poderia aceitar e entendia as dificuldades dos nordestinos irmão entenderem que o Bahia não é desse mundo.
Finalmente, agora, livre de minha dúvida quanto a minha sanidade corria solto pelos aviões e estádios por onde o Bahia jogava. Era também finalmente sócio desse gigante chamado E.C.Bahia. Não havia realmente espaço para dúvida que o Bahia era demasiado humano também, pois quem sou eu senão uma pálida sombra do E.C.Bahia e finalmente quem era que ousaria questionar o poder também de Deus que emanava nos nossos jogadores quando alegram nossa torcida com muitos gols? Nosso Bahia é um instrumento de felicidade do povo baiano guerreiro, fundador da alegria e da primazia do futebol nacional. Como o Bahia não existe qualquer time que chegue nem perto de nossa mística. Isso talvez possa parecer um delírio, mas pergunte a Bob Fernandes, paulista, ao menino do sul, que veio assistir a um jogo na Fonte se por acaso eu deliro?
Bora Bahêa Minha Bença!
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