1989. Ano do fim iminente da guerra fria, ditaduras se diluindo ao redor do mundo, com a queda do muro de Berlim, ato simbólico que decretou o encerramento de décadas de disputas econômicas, ideológicas e militares, e a expectativa de um novo rumo para a humanidade, Collor vence a primeira eleição direta em 29 anos e Emerson Fittipaldi volta a fazer história. Ano em que a população se despedia do "Pai do Rock Brasileiro", o cantor baiano Raul Seixas, mas presenciava o piloto Ayrton Senna colher os frutos do seu primeiro mundial.
Em essência uma nação que, como dizia Caetano Veloso, "balança o chão da praça enquanto sua dor balança, balança o chão da praça". Naquele ano, outra nação vivia seu momento histórico exatamente na mesma data de hoje, 19 de fevereiro, há exatos 29 anos, um domingo que ficou e ficará na memória de todo torcedor tricolor, que presenciava seu clube amado, novamente, à conquistar um título nacional, a Copa União de 1988 (como era denominada pela grande mídia) que foi decidida em 89, 30 anos após derrotar, nada mais nada menos, que o Santos de Pelé, Pepe e Coutinho.
Um momento único para o sofrido povo nordestino, a superação de preconceitos e limitações financeiras e estruturais, em uma época aonde o futebol não era tão visado e tão pouco valorizado. É a folia irresistível de um título com a cara do povo brasileiro e nordestino. Sofrido, mas empolgante. Naquela época ainda não era nascido, mas meu pai presenciou a semifinal contra o Fluminense, aonde quase 120 mil pessoas em um delírio coletivo de felicidade vibravam com a classificação para final. A Fonte Nova, vestida de azul, vermelho e branco, tremia de pura emoção. Do lado de fora, uma multidão querendo entrar.
Após a virada histórica no primeiro jogo da final, o Brasil se preparava para o que seria o título "certo" do Internacional de Taffarel. A mídia debochava e ironizava o nome dos jogadores do Esquadrão de Aço, como o craque e eterno herói, Bobô, e a Bahia se unia em um misto de fé e esperança para vivenciar um momento que ficaria marcado para sempre.
E o que parecia um milagre, aconteceu. O Brasil se rendeu ao Esporte Clube Bahia. A mídia perplexa teve que reconhecer o talento daqueles jogadores, o "paredão" Ronaldo, a elegância sutil de Bobô, e a união de um time humilde, comandado por um mestre chamado Evaristo de Macedo, e empurrado por milhões de apaixonados. 28 anos se passaram, porém, as lembranças daquele timaço que ficou para a história permanecem e permanecerão vivas na memória de cada tricolor.
Parabéns, Esporte Clube Bahia!
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