quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Completamente enganado com a Arena da Fonte Nova

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Durante a construção da agora chamada ARENA FONTE NOVA, estive por lá algumas vezes por motivos outros, junto com o meu amigo José Carlos Borges, mas é claro, como torcedor do Bahia e frequentador do Estádio desde menino, me encantava só de imaginar como seria importante o renascimento do equipamento, especialmente lotado de torcedores do Bahia.

Olhava para o cimento e via a torcida gritando. Aquele mundo colorido e inexplicável.  Para isto era fácil, bastava imaginar, retrocedendo poucos anos, até chegar à campanha do acesso para Série B, além disso, trata-se de um estádio que tem sua história diretamente ligada aos anos de glória do Esporte Clube Bahia, isto sem contar que é um campo bem localizado, transporte farto, táxi, a pé, bares, enfim, tudo o que o torcedor espera de um estádio de futebol, aliás, foi na Fonte Nova que foi possível observar, também, a imensidade da torcida do Vitória, lotando o gol da ladeira da Fonte Nova, chegando bem perto da antiga geral, digo isto, já que não conheço o Estádio Manoel Barradas Carneiro, vivo no eterno aguardo de um convite do meu amigo Imperador que, como tal, tem acesso exclusivo para sair, para entrar e permanecer, acredito.

Portanto, em cada visita, maiores eram as expectativas e a fé que seria ali, naquele local, agora em novo formato, que o tricolor de aço retomaria sua trajetória de glória, já que novamente teria o total apoio do seu torcedor, que aliás, diga-se, torcida que é o pilar central e a essência viva e fundamental para a existência e sobrevivência deste clube até hoje, sem ela, já teria acabado, assim como acabou o Ypiranga.

Me enganei completamente. O estádio, depois de pronto, não foi nada do que imaginei, talvez a culpa seja só minha. Não teve torcida de volta, pelo contrário, ELA SUMIU,  as glórias se estavam interrompidas, continuaram desaparecidas, os gols, antes comemorados, agora caminham para serem aplaudidos, as sandálias havaianas e churrascos de gatos foram proibidos e, em dado momento, chego a não entender como fui capaz de ser tão estúpido em sonhar com tudo aquilo e, para agravar, ter tamanha desmotivação para conhecer o Estádio do qual tanto sonhei isto depois de viajar de automóvel para assistir jogos do Bahia, em todas as cidades do interior que abriga clubes no Campeonato Baiano (exceto Madre de Deus), e todas as capitais do Nordeste, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Arena não aceita pelos torcedores, preços caros, administradora envolvida com corrupção, insatisfações de toda ordem, prejuízo de toda a monta, estádio vazio, torcida distante e um Bahia que pouco empolga e o Estado, com o dinheiro público, bancando a porra toda

Hoje à noite, o site ESPN trás uma matéria do jornalista Baiano Elton Serra, sobre a Arena Fonte Nova, suas dívidas, suas incertezas. MAS não se iluda, nada de novo, apenas sobras de um feijão servido há muitos meses atrás e hoje requentado e posto e colocado na mesa, como fosse da hora. Mas se você não comeu, pode comer agora.

Veja ai.


O Bahia fará seu primeiro jogo na Arena Fonte Nova em 2017 na próximo dia 2 de março, contra o Altos-PI, pela Copa do Nordeste. O mando de campo tricolor estava fechado para troca do gramado, que durou cerca de dois meses. Um início de temporada para um dos estádios mais caros do mundo, que tenta cair de vez nas graças do torcedor baiano e dar menos prejuízos aos cofres públicos.

Do ponto de vista esportivo, a Fonte Nova não conseguiu transformar modernidade em fidelidade. Mais confortável que o antigo estádio, segue tendo média de ocupação inferior a 40%. Ano passado, amargou 17.200 de média de público com o Bahia na Série B - praticamente igual aos 17.201 (acredite) de 2015. Se contabilizarmos o estadual, os números caem ainda mais.

No âmbito institucional, a situação da arena é ainda mais delicada. A Cervejaria Petrópolis, dona da marca Itaipava e que detém os naming rights da Fonte Nova, reduziu em 2015 seu contrato com o consórcio em mais de 75%, deixando de pagar R$ 76,4 milhões para desembolsar apenas R$ 18,5 mi. Além disso, de acordo com o balanço divulgado pela Fonte Nova Participações ano passado (você pode conferir aqui), o equipamento causou prejuízo operacional de quase R$ 25 milhões em 2015 - as demonstrações financeiras referentes a 2016 serão divulgadas apenas no próximo mês de abril. Nos bastidores, já se comenta que a Itaipava cogita finalizar o contrato com o estádio baiano, que está firmado até 2023.

A Fonte Nova é uma Parceria Público-Privada (PPP) e, portanto, recebe dinheiro do governo baiano para diminuir seus prejuízos. Porém, o Tribunal de Contas do Estado considerou o contrato ilegal, alegando que a previsão de custos da arena subiu de R$ 200 milhões para R$ 639 mi. A PPP se viu obrigada a elaborar um estudo de readequação econômica para explicar o valor excedente, e teve sua estrutura ainda mais abalada, com as construtoras OAS e Odebrecht sendo objetos de investigações na Operação Lava Jato. A OAS, inclusive, já declarou diversas vezes o interesse de vender sua participação acionária na Arena Fonte Nova, que é dividida em 50% com a Odebrecht, mas tem sua estratégia bloqueada pelo contrato firmado com o governo do estado.

O Bahia, único parceiro da Arena Fonte Nova, segue no meio de todo esse imbróglio. O acordo do tricolor com o estádio prevê uma garantia mínima de R$ 6 milhões anuais para o clube, que pode variar de acordo com a média de público. Com seu plano de sócios estagnado e sua recente distância da elite do futebol brasileiro, os ganhos do Bahia na arena estão muito abaixo do que pretende sua diretoria. Além disso, o bicampeão brasileiro ainda não conseguiu instalar a loja oficial, o memorial, a sede administrativa e a Central de Atendimento ao Sócio na Fonte, como foi planejado pelo clube após a renovação de contrato, em 2015.
De volta à Série A, o Bahia mantém as esperanças de elevar suas receitas na Fonte Nova. Enquanto isso, o consórcio busca se equilibrar após quatro anos de operação, num ano de incertezas e cenários totalmente nebulosos para as arenas da Copa do Mundo de 2014. Um legado que jamais existiu, e que segue sendo pago com nosso dinheiro.

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