Marcelo Sant’Ana foi o entrevistado do Jornal Correio da Bahia neste Domingo, o primeiro dia do ano de 2017. Mas não trouxe qualquer novidade. A entrevista é um pouco do mesmo do noticiário do tricolor de aço dos últimos dias. Reiterou as metas para 2017, contratações, Cidade Tricolor, entre outros assuntos envolvendo o Bahia 2017, aliás, o primeiro ano que vai comandar o clube na 1ª divisão. Sobre metas para 2017 no futebol, o presidente sonha com titulo na temporada e evitar o rebaixamento quando pretende fazer um Campeonato Brasileiro forte e seguro.
Cumprido o objetivo principal de 2016, que era o acesso, quais são as metas do Bahia para a temporada 2017?
Primeiro, que a partir de 2017 o Bahia vai ter meta. Cada área e cada gerência terão três ou quatro metas específicas para a temporada. As diretorias vão ter metas e o clube vai ter metas gerais. Para a gente começar a ter balizadores mais fixos. Havia cobranças, planejamentos internos, mas agora de uma maneira estruturada enquanto clube, o Bahia vai ter as suas metas enquanto instituição. Então vamos conseguir medir melhor o desempenho de cada área do clube e bonificar os bons profissionais e claro, como qualquer empresa privada, trocar os que não tiveram desempenho adequado. É mais uma mudança organizacional, administrativa e de metodologia de trabalho. A gente pretende em 2017 também inaugurar a Cidade Tricolor, poder utilizar esse espaço e desejamos fortalecer a relação entre torcida e Fonte Nova com a inauguração da loja física, que depende de trâmite nas autarquias do governo. Entre Bahia e consórcio está tudo acertado. O Bahia já tem um parceiro/investidor para tocar esse projeto também e a inauguração da sede administrativa também na Fonte Nova, que está no mesmo estágio. Dentro de campo, claro, conquistar um título na temporada 2017 acho que seria muito interessante, para autoestima da torcida. E fazer um Brasileirão forte e seguro.
Você conseguiu manter a diretoria e praticamente toda a comissão técnica. Até que ponto isso pode ser benéfico?
Acredito que facilita, pois permitimos aos profissionais corrigirem os erros que cada um teve em sua respectiva área. De maneira geral, o trabalho de cada diretoria é bem avaliado, mas claro que a gente sabe que equívocos foram cometidos. Você começa a ter um clube com maior estabilidade e não pode confundir com acomodação. Conseguimos ter uma sinergia melhor de trabalho, que cada um já sabe como o Bahia funciona, os anseios da torcida, as expectativas. Conhecendo mais o perfil interno dos colaboradores, então acredito que consigamos maximizar o desempenho de cada um. Acredito que isso é muito importante. As áreas executiva, administrativa/financeira e de mercado, desde que essa atual administração começou, têm tido uma uniformidade maior e tomara que o futebol também siga nesse ciclo.
Há uma base do elenco que será mantida e algumas renovações foram feitas. Quais posições o Bahia ainda pretende buscar?
Acredito que com a exceção de zagueiro, todas as posições a gente está em busca. Podem não ser contratadas em um primeiro momento, mas acreditamos que a gente precisa fechar de oito a dez nomes, considerando contratações e renovações, para começar esse ciclo com maior segurança. A gente traz uma base que conseguiu atingir bom resultado na reta final de Série B. Jogadores que chegaram, a sua maioria, dentro da competição ou logo no início. Como Jackson, Cajá, Régis... Hernane e Juninho já vinham de contratos anteriores, Edigar e Eduardo renovados, alguns garotos da base se firmando, como Jean e Éder. Então vamos conseguindo montar um grupo que funcione de maneira coletiva. Acredito que aquela dificuldade que o Bahia teve no primeiro turno, quando começou bem e decaiu, foi porque havia individualidade, mas o funcionamento de maneira coletiva não era tão bom. Então, com as mudanças a gente melhorou, a sinergia foi melhor, a confiança interna no vestiário aumentou e aí a qualidade dos jogadores também, a comissão técnica soube extrair da melhor maneira. Então você pega jogadores que já sabem o que é o Bahia, já conhecem a história do clube, a dimensão do Bahia no estado, no Nordeste e Brasil. Isso dá a eles também maior responsabilidade. Alguns jogadores quando chegam no Bahia não têm dimensão do que o clube representa. Então esses jogadores já vão ser multiplicadores disso. Já sabem o ônus e o bônus de jogar no Bahia. A repercussão nacional que eles têm tido. Então hoje eles já entendem melhor o que significa o Esporte Clube Bahia. Essa manutenção da base, é pra ter isso dentro do nosso vestiário. Claro que manter a base não significa que o jogador mantido será titular. Mas que ele tem condição de desempenhar seu papel como titular ou primeiro reserva e isso fortalecendo e, aos poucos, tentando diminuir o número de contratações.
Além do Rodrigo Becão, quais os outros jogadores do sub-20 que serão aproveitados?
O Becão estourou a idade, e vai ser incorporado ao elenco profissional. Júnior Ramos e Kaynan também se reapresentam com os profissionais e viajam para os EUA. O Juninho, lateral-esquerdo, talvez viaje e talvez o Matheus Peixoto. Dos mais jovens, são esses jogadores que têm a possibilidade. Após a Copa São Paulo, mais três ou quatro jogadores devem ficar com os profissionais, pois o campeonato de júnior começa em março, então vamos monitorar de maneira mais próxima.
O fato de não buscar um zagueiro nesse início de temporada é um sinal de um possível retorno de Titi ao Bahia, quem sabe para o segundo semestre?
Converso com os jogadores mais conhecidos, que a torcida sempre fala, né? Titi, Talisca, Daniel Alves e Dante. Sempre converso com os quatro no WhatsApp. Meu posicionamento enquanto presidente é sempre muito tranquilo com relação a eles. O dia que eles quiserem voltar, o contrato pra eles o Bahia vai dar. Agora eles têm contrato com outros clubes, o Bahia não pode assediar, seria um questão errada. Agora se existir alguma possibilidade, estamos dispostos a negociar. Isso eu não escondo dos quatro jogadores. Cada um tem um momento diferente na carreira. Talisca está começando uma carreira em alto nível, Titi já está num caminho intermediário e o Dante e Daniel já estão no terço final das suas carreiras. O patamar financeiro desse tipo de jogador, o Bahia não tem condição de igualar, então eles teriam que abrir mão de questões financeiras. Eu não nutro falsa esperança na torcida do Bahia, mas se esses jogadores quiserem voltar e no dia que eles quiserem jogar no Brasil, se eu estiver como presidente, a chance deles jogarem no Bahia é enorme. Nós não temos nenhuma negociação formal com o Titi, justamente pela questão contratual que ele tem. Me parece ter contrato até meados de 2018 lá. Então ele teria que ter alguma sinalização do clube da Turquia. Ele, no meio do ano, teve proposta para ir pra outro clube de lá, do mundo árabe. O clube nunca quis se desfazer, pois se eu não me engano o presidente do clube de Titi é um dos políticos mais fortes da Turquia, então ele não queria negociar, justamente para não passar a imagem que a Turquia é insegura. Era um posicionamento que ele tinha há seis meses, não sei se ele mantém agora.
O Bahia não tem conseguido consolidar um ‘camisa 1’. Ainda há interesse em Muriel?
O Bahia tem interesse na contratação de um jogador, um goleiro para a gente ver entre esse goleiro e Jean quem desempenha o melhor rendimento. O interesse do Bahia em 2017 é que a gente consiga rodar mais o elenco entre Baiano e Nordeste. Nós queremos tentar fazer com que nenhum jogador atue em 20 partidas mais ou menos. Queremos ter um elenco de qualidade, que o torcedor do Bahia olhe e fale: o Bahia tem condição nesse primeiro trimestre, quadrimestre, fazer essa rotação de jogadores, atingir os objetivos e ver quem tem condição de jogar o Brasileiro.
Outra dificuldade que o Bahia tem é de jogadores que atuam nos extremos do campo, os populares “pontas”. Edigar Junior foi o único que se consolidou de certa forma. Há uma busca mais minuciosa nessa posição?
É uma posição complicada, né? Essa posição tem jogador que se desgasta durante o ano, pois tem que fazer uma recomposição muito forte com o lateral, então é isso que a gente tem buscado, essa estabilidade. Edigar vai ser titular absoluto? É o campo que vai dizer. Mas se não for, ele tem totais condições de ser a alternativa, ou o primeiro reserva. É isso que o torcedor às vezes tem que entender. O Bahia tá querendo montar um elenco e, dentro do elenco, eles que vão dizer a posição de cada um. Edigar quando foi contratado no início do ano passado, não teve status, boa parte criticou e ele dentro de campo respondeu. Foi vice-artilheiro do Bahia no ano com 16 gols, contra 21 de Hernane. Na crise de resultados do Bahia, Edigar Junio tava contundido.
Após a conquista do acesso, você sentiu que a desconfiança do torcedor em relação ao seu trabalho diminuiu?
Acredito que sim, mas isso é natural pelo acesso. No início de 2015, o torcedor teve uma confiança muito forte. O início de trabalho foi muito forte, mas não veio o acesso, infelizmente o que gerou a insegurança. E o acesso de agora trouxe o outro lado, mas temos que tentar manter o equilíbrio. Não é por que o Bahia subiu que está tudo bom, temos correções a fazer. O Bahia precisa melhorar muito pra ser o clube dos meus sonhos pelo menos, ou clube que eu acho que o Bahia pode vir a ser. Falta um caminho longo. Acredito que é importante evoluir ano a ano. É o torcedor fazer sua parte indo para os jogos, associando-se ao socioesquadrao.com.br ou no CAS. É a gente corrigindo nossos erros, melhorando o clube. Acho que essa parceria tem se fortalecido. Acho que a sinergia clube x torcida nos últimos meses foi muito boa. Essa sinergia que deu o resultado que todos nós queríamos e é com essa sinergia e união que vamos fazer um 2017 muito forte pro Bahia.
Quantos SMS’s o torcedor do Bahia pode esperar até a reapresentação?
A gente já deu algumas notícias boas, como a contratação de Armero, que surpreendeu muita gente, o acordo extrajudicial com a Planner e a OAS. Tomara que nós consigamos trazer mais boas notícias, de acordo com as expectativas do torcedor. Porém o mais importante é o rendimento dentro de campo. Às vezes uma contratação é muito festejada na sua chegada e depois de um mês começam os questionamentos, então temos que focar no rendimento de campo. É esse o compromisso do Bahia e isso que a gente pretende fazer. Claro que se puder alegrar a torcida, melhor ainda. Para a autoestima de todo mundo ficar boa, em alta. Isso reforça a associação. Eu insisto muito nisso, pois o sócio hoje é o patrocinador máster do Bahia e é o torcedor que pode fazer a diferença para o Bahia ser o clube dos nossos sonhos. Então não adianta prometer, temos que cumprir as coisas como a questão dos Transcons, da CND, da Caixa e tem esse acordo da Cidade Tricolor, Fazendão e Jardim das Margaridas.
Qual a melhor solução para o Fazendão e Cidade Tricolor?
O Bahia precisa de um centro de treinamento de alto nível e dadas as condições atuais da Cidade Tricolor e o Fazendão, custa menos fazer isso na Cidade Tricolor do que no Fazendão. Ponto número um. O que fazer com o Fazendão é um detalhe que temos que avaliar com calma. É uma questão estratégica para o clube, então temos que ouvir o conselho, a Assembleia Geral, temos que ter muita maturidade nesse tema. São muitas possibilidades e a gente tem que analisar vários cenários. Dentre eles, o que seria o ideal para o Bahia, o que seria viável realizar. Temos que pensar com calma. Primeiro vamos resolver 100% o patrimônio. Resolvido isso, são vários cenários a serem debatidos para definirmos isso com tranquilidade.
Sobre a loja online e o Caldeirão Tricolor (nome do futuro restaurante do Bahia), qual a previsão para esses novos projetos?
O Caldeirão Tricolor está em fase de implementação, tem algumas questões de licenças. Nosso parceiro tem inaugurado outras franquias de acordo com seu planejamento. Já tem a franquia do Grêmio, da hamburgueria, teve agora a inauguração da Cantina do Palmeiras e a do Bahia está nesse cronograma. A informação que temos é que em 2017 será inaugurado por esse parceiro e a loja online também temos expectativa de fazer essa inauguração o quanto antes. O consumo online tem crescido, o consumo de mídia, de produtos, tanto online quanto mobile, que são os celulares. É uma fonte de renda interessante. Temos discutido com parceiros e a própria Fonte Nova se a gente conseguiria fazer algo interligado para o torcedor do Bahia comprar seus produtos, seu ingresso, também ter as notícias. Tentar fazer a ligação entre essas três interfaces. Se não for possível, que façamos de duas dessas três. Está na meta da diretoria de mercado para 2017.
No planejamento apresentado inicialmente pelo diretor financeiro, Marcelo Barros, há uma previsão de um déficit orçamentário no final de 2017. Quais as alternativas para contornar isso? Há necessidade de vender algum jogador?
Em 2015, acabamos com superávit, em 2016 terminamos novamente com superávit. Acredito que a gente tem que trabalhar muito para terminar com superávit novamente. Claro que a questão da Cidade Tricolor que pode sinalizar um déficit, mas seria um encaixe de patrimônio fenomenal para o Bahia. Então teríamos um clube, embora eventualmente não terminando com superávit, mas muito mais equilibrado, muito mais forte pelo encaixe patrimonial. Isso vai ser analisado com calma mais pra frente, concluindo 100% a questão do patrimônio, nós precisamos da recuperação judicial da OAS como da homologação da Justiça aqui em Salvador. Mas trabalhamos sempre com uma linha de cautela. Está previsto um déficit, mas vamos ver como terminaremos o ano, né? Em 2016 estava previsto um déficit e a gente tá terminando com superávit.
Diego Souza interessa ao Bahia? Há algo em curso?
Diego Souza tem contrato com o Sport, que nunca sinalizou a vontade de negociá-lo.
Qual o seu pedido para a temporada 2017 e qual o recado que deixa pra torcida?
Agradecer pela parceria durante esses dois anos e que o torcedor associe-se, para usufruir dos descontos, os parceiros, para votar pra presidente, participar das assembleias, assistir a reunião do conselho. O Bahia sorteou quase dois mil torcedores nas suas promoções ao longo de 2016, para viver experiências dentro do clube. O mais importante é fortalecer nossa instituição e isso passa por um quadro social numeroso e participativo. É isso que eu peço pra 2017 e que a união entre clube e torcida continue, pois os resultados com essa união vão vir.
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