quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Um “pitaco” sobre a eleição do Esporte Clube Vitória

Comentários
Ainda que torcedor do Bahia, quero comentar sobre este problema do déficit, mas permita-me dar um pitaco onde não fui chamado, ou seja, para opinar sobre a eleição no Esporte Clube Vitória que acontece nesta quinta-feira a partir das 11h no Estádio Manoel Barradas Carneiro.

A melhor opção para Raimundo Viana e Paulo Carneiro seria uma composição das duas chapas, com a garantia firmada entre os dois grupos de que, fosse qual fosse o resultado no fim da administração da "composição" - se ela vencesse esta eleição -, a candidatura a presidente na próxima eleição seria decidida pelo grupo Vitória Gigante.

Vejo isso como mais vantajoso inclusive para PC, porque seria uma chance concreta de, no desempenho do ECV no campo, ele quebrar as resistências a ele existentes entre os sócios, os torcedores em geral e o público externo; com Viana à frente do ECV, PC tiraria proveito, no bom sentido, da respeitabilidade que a pessoa de Viana usufrui no público em geral, e de que a pessoa dele não goza. Ele dificilmente derrota Vianna nesta eleição, e este, por sua vez, terá maiores chances de sucesso na próxima gestão contando com PC.

As duas chapas têm, separadamente, os nomes que, em tese, são os mais competentes para gerir o ECV ( devo reconhecer que, nem de longe, as chapas que já disputaram as duas eleições no ECB reuniam pessoas que pudessem alimentar a expectativa de que seriam bons gestores pelo fato de trazerem consigo a experiência como administradores e gestores, no futebol ou não; nenhum dos candidatos destas duas chapas ( não é o caso da de Ivã...) oculta-se sob frases ocas ou reivindica, como prova de sua competência, os "novos tempos modernos", a "juventude", como se essas duas circunstâncias pudessem transformar incompetentes em competentes.

Quanto ao déficit:

"Aí temos 2 erros graves:
1o o fato de ter anos deficitários.
2o O fato de contrariar o principio contábil da competência e lançar as Luvas num único ano. Ora, sabemos que os contratos de TV duram vários anos e as Luvas são recebidas uma única vez. Desta forma, deveria ser repartida equitativamente, na contabilidade, nos tantos anos que durasse o contrato. Se isto fosse feito, todos os anos seriam deficitários.".

Permita-me discordar, mas não são erros, necessariamente, pode ser uma estratégia, e uma das mais inteligentes. Não vi o programa, mas, pelo seu relato, foi uma decisão inteligente do Grêmio: mais um título de glória e posição destacada no Brasileirão; prêmios; bilheterias; Libertadores, que significará mais dinheiro e tornará o Clube mais atraente para bons jogadores e, com isso, aumentará o poder de barganha do Clube na hora de negociar os salários dos jogadores, dos que entrarem e dos que permanecem; patrocinadores mais interessados. Deficit? E dai? Pergunte aos gremistas como vai ser o Natal deles; se eles já estão na fila dos ingressos para a Libertadores...Pergunte aos patrocinadores e as TVs sobre o deficit do Grêmio...Ah, o Futuro...no Futuro todos estaremos mortos, e, mais, quem disse que no Futuro não haverá solução para este deficit? Lembremo-nos: divida de instituição não pode ser comparada com dívidas individuais: o impacto não é o mesmo nem é imediato, e as instituições têm mais chances de resolver o problema do que os indivíduos.

A primeira pergunta a se fazer é a seguinte: qual é o objetivo desta ou daquela Organização? Algumas vezes não é possível responder sem ambiguidades que objetivos são esses. Felizmente, no caso dos clubes de futebol, o objetivo é claro e sem ambiguidades: vencer os jogos que jogam e as competições de que participam. Não sei de nenhum outro objetivo para o clube de futebol. Veja, eu estou dizendo que não conheço nenhum outro e não que não exista nenhum outro objetivo para um clube de futebol, eu apenas o desconheço.

Ora, uma organização é respeitada e ganha dinheiro no mercado quando atinge seus objetivos. Os patrocinadores, sejam eles quais forem, querem associar suas marcas às organizações que atingem seus objetivos; as TVs pagam mais pelos jogos que elas podem revender mais caro aos patrocinadores, por isso elas pagam mais ao Flamengo e ao Grêmio do que ao Vitória: um jogo entre Flamengo e Grêmio é mais assistido do que o jogo entre Vitória e Grêmio/ Flamengo, e os patrocinadores estão mais interessados no primeiro jogo do que nos segundos, independente de como esteja a contabilidade dos três clubes; se o jogo for em casa, os torcedores do Flamengo e do Grêmio vão em número maior ao estádio assistir ao jogo entre eles dois do que iriam ao jogo contra o Vitória ( a não ser que este jogo tenha um caráter excepcional para a situação do Grêmio/Flamengo), independente da situação financeira dos clubes ( antes que alguns interrompam: o Vitória aqui pode ser substituído pelo Bahia).

Não existe isso de um patrocinador ficar preocupado se um clube de futebol é ou não deficitário; ela quer saber se ele é bem-sucedido no que faz, e o que torna o clube mais
atraente para os patrocinadores são os resultados dele em campo e o número e o poder de compra dos torcedores, apenas ( e não é só o patrocinador: não me diga que você está entre os torcedores que acham que jogadores, técnicos e empresários - os que ainda têm carreira, óbvio, e não os que estão amealhando os últimos trocados no fim de suas carreiras - escolhem um clube pelo seu "saneamento financeiro", pelo "pagamento em dia" e não apenas e somente apenas pelo poder que o clube tem de alavancar suas carreiras...). Ora, o presidente do clube tem de jogar pesado no futebol. Mas cumpre lembrar que o problema dos presidentes do ECV e do ECB não é que eles não invistam pesado no futebol, o problema é que eles não sabem investir. Os dois times são caros e são vergonhosos no campo. Portanto, não passaria de ilusão ou de desonestidade, se atribuíssemos nosso fracasso como clubes de futebol à responsabilidade financeira de nossos dirigentes, quer dizer, que eles fracassaram, porque estão agindo com responsabilidade financeira para um Futuro melhor...

Pode-se dizer que é possível ter as duas coisas - ausência de deficit e brilho no campo -, mas deve-se mostrar como, ou seja, sabendo da receita do clube, deve-se dizer, com detalhes, como ele pode montar um time que compita pelas melhores posições no futebol nacional, mas não só dizer, deve mostrar o caminho das pedras no mundo empírico, quer dizer, deve apontar os jogadores, garantir que eles aceitam os acordos e que não vão fracassar no campo. Os que acham possível o equilíbrio mostrem, com documentos, que existem clubes no Brasil que conseguem isso ( este exemplo do Grêmio é fantástico: faz pouco tempo que ele era apresentado aqui por torcedores do ECV e sobretudo pelos revolucionários torcedores do ECB como uma prova bem acabada da Gestão Moderna; não duvido de que o Palmeiras já esteja sendo aqui o exemplo da Gestão Moderna...tomara que se informem sobre sua gigantesca dívida; faz 3 anos ou menos, aqui o Corinthians foi também exemplo de gestão moderna; aqui, as opiniões sobre clubes com Gestão Moderna mudam ao sabor dos ventos, até o Vasco de Dinamite era a prova da força da "democracia" gerando Gestão Moderna, por isso que peço os documentos quando for apresentado um clube que é grande no campo e que não é deficitário; claro, a referência deve ser a economia brasileira e o mercado de futebol brasileiro...para não virem candidamente com os leicesteres da vida...).

Dinensen - Torcedor do Bahia e amigo do BLOG

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