quarta-feira, 30 de março de 2016

A moda, o futebol moderno e as suas tendências

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Por Pablo Cabadas Melo Júnior

Não é incomum ouvir comentários do tipo “ninguém usará isso” após assistir, pela TV por exemplo, trechos de um desfile de moda. Por maior que seja o evento, a pompa e os profissionais envolvidos, ainda assim o telespectador, desprevenido, imagina instantaneamente a vergonha que seria utilizar aqueles trajes em ambientes públicos.

Na verdade, é preciso compreender que o estilista não ambiciona, exatamente, ver sua construção causar todos os tipos de alardes em vias urbanas. O objetivo daquele trabalho é identificar tendências as quais moda apresenta no cotidiano. É, ao mesmo tempo, causa e efeito. Não imagine que encontrará a passarela na vitrine da loja mais próxima.


De igual forma, não há como comparar Seleções Nacionais a clubes. São contextos absolutamente diferentes. Preparação, contratação / convocação, treinamentos, egos, estruturas, as Seleções sempre estarão em patamar diferente ao dos clubes, de forma positiva em alguns casos, negativas em outro.

A Seleção Brasileira é um exemplo muito claro. Não esperamos ver aquele grupo de atletas atuando pela Série A, muito menos Série B, do Brasileirão nos próximos anos, salvo exceções. Mas a Seleção da CBF vem representando uma tendência atual do futebol brasileiro: sistemas defensivos questionáveis.

Vamos trazer o problema para nossa realidade, falando do setor mais contestado hoje no Bahia. Sob o pretexto de estar inserido no frescor do futebol moderno, o técnico Doriva opta por utilizar como zagueiro um jogador que na base era volante. Segundo o treinador, o objetivo é dar melhor saída de bola. Mas as perguntas que se fazem necessárias são: se o futebol moderno exige adaptações, porque os zagueiros da base do Bahia já não “sobem” com essas novas características? Por que improvisar um volante recém-promovido tendo à disposição zagueiros também novatos? Não lhe parece estranho?

Sob o pretexto do futebol moderno, o futebol brasileiro corre para se adaptar dentro de uma partida que já começou. Aliás, está próxima do fim. Entre Gilberto Silva, volante pesado colocado na zaga do Atlético/MG há alguns atrás, até Éder, volante sacrificado no “muderno” Bahia, o futebol mundial revelou sua tendência a quem quis ver e, ainda assim, algumas gerações de meninos subiram das categorias de base, ao menos no Brasil, sem nenhum preparo para essas mudanças.

O futebol moderno se profissionalizou, estudou adversários, identificou que todos precisam jogar, todos marcam, todos atacam. Já o futebol “muderno” cá nosso vem formando indivíduos que ali estão porque alguém lhe disse que futebol dá dinheiro. Para uns 5% de profissionais envolvidos é verdade. Os demais vivem de campeonatos estaduais e migalhas mal estruturadas dos tipos Séries C e D.

E o resultado, efeito de uma causa cantada, é exatamente o assistido hoje: um Brasil que não consegue, mesmo com a força da torcida, manter um resultado bastante favorável diante do Uruguai (expoente de outrora do futebol latino-americano) e nem consegue mais ganhar do ilustre Paraguai (expoente desde nunca).

Fato é que o futebol brasileiro, para ser moderno, precisa começar a mudar desde a sua base, referindo-me às categorias de base e às bases estruturais. O problema é maior que a aparência. Nada feito, continuará apenas o eterno e iludido futebol “muderno”, sem mudar coisa alguma. 7X1 foi é pouco.


Por Pablo Cabadas Melo Júnior

Administrador / Funcionário Público

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