Em cada virada de ano, o Vitória não escapa ao clima mercantilista imposto por dirigentes de clubes e empresários e ao qual acabam se associando os torcedores. Venda pra lá, compra pra cá, empréstimos, liberações de passes, tudo entremeado por negociações longas, às vezes lerdas, com o ritmo pautado pela mídia. No caso do Vitória, sob a influência de uma mídia que parece atender a interesses de empresários, deixando estressados os torcedores.
A arquibancada quer grandes nomes para ver escalados na companhia das revelações da base. Isso ganha um tom dramático neste verão, quando o time escapa da Série B pela terceira vez.
A Torcida do Vitória Candango não é diferente. Exilados em Brasília, os rubro-negros acompanham todas as notícias pelas redes sociais e, claro, os boatos plantados por especuladores ou jornalistas que apenas fazem nas páginas de esportes o que os colegas de política acostumaram a chamar de “pérolas do recesso”.
O ritmo, frenético, chega a levantar mais de uma dezena de hipóteses de nomes por dia. Tantos que palpites chegam a virar verdade. Coincidências? Talvez demonstração de que os torcedores da capital estão antenados nas chances que o mercado oferece.
Alguns nomes surgem como especulações que caminham no limiar do absurdo, causando arrepios em boa parte da torcida. O mais frequente deste ano foi Adriano, o “imperador”. Sugestões como esta acabam trazendo à memória nomes como tentativas infrutíferas de anos anteriores. Em 2014, foram várias, como Marcelo Matos, André Castro e Pereira.
Não custa lembrar outras decepções. Hoje, colhi a depoimento do escritor Gilmar Duarte, fervoroso rubro-negro de Brasília, uma das principais memórias do grupo.
“Em 1999, o Vitória tinha em excelente time e fez uma ótima temporada, chegando a ficar em terceiro lugar no campeonato nacional daquele ano.
Teve como destaque naquele elenco exitoso o centroavante e goleador Tuta, os defensores Leandrinho e Baiano e, no primeiro semestre, contou com a honra de ter em seus quadros o grande craque Petkovic.
Pois bem, o ano se passou, o rubro-negro pendurou o glorioso terceiro lugar na parede memorialista de troféus e partiu para navegar nas águas turbulentas do último ano do milênio.
Por motivos diversos, o time não possuía mais grande parte do elenco vencedor da temporada anterior, em especial o centroavante Tuta.
Mas o clube tinha à sua disposição uma arma poderosa na regra três: o atacante Manoel Lourenço, oriundo da base do Internacional de Porto Alegre e, ainda por cima, baiano de Feira de Santana.”
Lá vai o relato de Gilmar sobre o momento culminante de Manoel. “Estava ele, a bola nos pés e a baliza na frente - SEM GOLEIRO. O gol era questão do movimento cinético da perna direita terminar por chutar a pelota. Chutou. Mas a gorduchinha, caprichosamente, seguiu a rota de um quero-quero que sobrevoava o travessão. O centroavante Manoel perdeu o imperdível. Fosse hoje ganharia com folga o troféu Inacreditável Futebol Clube, levando de lambuja outro troféu: Bola Murcha do Ano.”
Fernando Tolentino www.vitoriacandango.com.br
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