domingo, 20 de setembro de 2015

A paixão e a ausência dela pela dupla Bahia e Vitória

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Meus amigos, imagino que cada um de nós, hoje em dia, assusta-se quando olha o calendário. É inacreditável a velocidade com que o tempo silenciosamente avança em busca do futuro. É um motor que desconhece limite e se aborrece com o velocímetro, avança solapando as realidades, construindo e desconstruindo o tempo, passando como um vendaval silencioso pela vida de todos.

Este transcurso veloz do tempo remete-se nos inexoravelmente ao passado, às lembranças, às raízes. Dentro delas estarão escondidas as razões últimas das coisas que entendemos, das paixões que nutrimos por tudo, inclusive por nossos times do coração.

PAIXÃO PELA DUPLA BaVi

Na capital baiana, felizmente, foi possível manter unidas e irmanadas a paixão clubística e o prazer e orgulho pela cultura. Aos nossos olhos, tudo se mistura e tudo faz sentido. Mesmo que enredados em amorfas figuras, mesmo que esculpidos em desassociados elementos, as peças se completam e a paixão sobrevive.

Como explicar a paixão em si ? Como entender os caminhos percorridos dentro de nós mesmo que desaguam neste prazer e dor no transcurso de vitórias e derrotas ?. Ainda que o futebol seja, em geral, capaz de causar estas violentas ondas de sentimentos, a cultura abraça e alimenta este fluxo e atua como combustível destas emoções.

Na memória estão para sempre guardadas as imagens, as risadas, os choros, as resenhas; os gritos roucos, incontroláveis, inaudíveis. Sob chuva ou ante um sol escaldante. Nas noites frias e escuras. Nas madrugadas que foram fieis observadoras de comemorações intermináveis.

Tudo isto se mistura com a mística, as músicas, os clamores. Tudo é diferente e imiscível… Ao mesmo tempo, tudo é perfeitamente harmonizável. Tudo ao mesmo tempo se completa.

Mesmo os estrangeiros (alguns são desassuntados !! kkk), os agregados e os desterrados são acolhidos, são envolvidos, são abraçados. Eles não são mais estranhos, são partes de nós e do contexto, são a parte que nunca existiu e que sempre faltou. Afinal de contas, não importa de onde você veio. O importante é que estejamos unidos pela paixão (cultura, futebol, etc). O importante é que estejamos juntos e misturados.

AUSÊNCIA DE PAIXÃO PELA DUPLA BaVi ESTADO AFORA

Com a máxima cautela tento enxergar esta realidade que, ao final, não entendemos muito bem. É uma imagem díspare que contraria o que os nossos olhos e corações acreditam ser o correto. Infelizmente, parte importante do território do nosso Estado opta por agremiações futebolísticas de outros lugares.

Esta situação suscita muitas dúvidas e indagações. Força-nos a questionar onde e como se formou esses elos afetivos ente paixão clubística e cultura. Entre a identificação das cores, escudos e histórias das equipes com a tradição local, com o passado e com as lembranças tenras de um passado outrora.

Objetivamente e como já sinalizei algumas vezes para os amigos, não aceito a ausência de equipes fortes e qualificadas no interior do Estado. Obviamente que pelas grandes dimensões do mesmo, imagina-se que as equipes da capital não conseguiriam (até porque penam para se estabelecer e trazer glórias frequentes a nível nacional) seduzir torcedores em paragens mais distantes. Porém, quais as razões que fazem nossos conterrâneos aderirem a agremiações estrangeiras ?

A primeira resposta que vem à nossa cabeça é a ausência de estrutura, profissionalismos, competência, etc que fazem das equipes do interior meros coadjuvantes das competições nacionais que disputam. Sendo mais claro, o Estado da Bahia não possui equipes no interior que disputem com mínimas dignidade as série D e C do campeonato nacional. Ora amigos, se o time da sua cidade ou região não consegue dignamente representá-la, a desilusão empurra os torcedores para outros Estados e, como é natural, a paixão futebolística que é, muitas vezes, passada de pai para filho segue um caminho “contrario sensu” ao que seria normal e lógico.

Pergunto aos amigos então: Não seria o caso da nossa gloriosa FBF tentar profissionalizar tais clubes ? Ajudá-los a adquirir maturidade, de forma a lograr melhor organização e know how em planejamento, dando razões ao comércio local para que os financiasse, apoiasse e eles conseguissem o necessário oxigênio financeiro para prosperar ?

Óbvio que isto seria exigir muito de uma instituição que tem o “privilégio” de eternizar um mesmo dirigente por mais de uma década. Gestor que é continuamente reconduzido ao cargo, imaginamos, pelo excepcional trabalho que realiza. Ainda que assim fosse, não caberia mais em pleno século 21 tal prática. A renovação dos gestores e a alternância de poder são condições imperiosas para oxigenar as instituições e movê-las em direção ao futuro. Podemos ainda acrescentar que o modelo de poder reinante nas federações estaduais sustenta e se constitui no alicerce da manutenção do poder de nossa querida e tão amada CBF. Ou seja: É “bom” pra todo mundo.

Acredito que a seguinte lógica (bem simples) possa ser usada tanto para a dupla BaVi, quanto para os times do interior do Estado. O melhor desempenho das equipe aumenta e fideliza a torcida. ajuda a elas crescerem e almejarem voos mais altos. Conquistando (disputando dignamente) títulos hoje para conquistar a torcida do amanhã. Vamos acreditar que teremos clubes baianos disputando as 4 divisões do futebol nacional. Fato que movimentaria o comércio, geraria renda e empregos e deixaria toda a imensa torcida baiana orgulhosa e satisfeita. E com diria o filósofo: ” O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la.” 

Filba - Torcedor do Vitória e amigo do BLOG

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