domingo, 12 de julho de 2015

O grande mito do futebol brasileiro

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Meus amigos... Plagiando o Grande e inesquecível Armando Oliveira que muito nos ensinou...

A história de amor dos brasileiros com o futebol é antiga. Contos, causos, piadas e uma inumerável quantidade de emoções embalaram, alegraram e emocionaram gerações. Evidentemente é muito difícil encontrar as razões específicas que possam explicar este fenômeno. Alguns diriam que nascemos para jogar futebol, outros irão além e dirão que este esporte está em nossa alma, em nossas veias, em nossos corações. Dirão que ele faz parte de nossa essência, do nosso jeito de ser e ver o mundo. No entanto, resultados ocorridos e o panorama atual têm quebrado esta magia, têm minado este grande sentimento e esta quase idolatria que temos com o futebol.

O que será que ocorreu para o encanto ser quebrado?
Desde os anos áureos de 1958 a 1970, período que a seleção brasileira amealhou 3 títulos mundiais, estabeleceu sua hegemonia e se consagrou como o melhor futebol de todos os tempos, o nosso querido esporte vem perdendo fôlego e supremacia. Ainda assim, após este período, foram formadas grandes seleções cheias de craques fenomenais, mantendo, ainda que parcialmente, acesa a chama, numa saudosa referência a um passado glorioso e singular. Dois títulos mundiais ainda foram logrados, pela contestadíssima seleção de 1994 e outro pela seleção de 2002. Porém, a seleção de 1982, ao que tudo indica, parece ser aquela que mais se relaciona com os antigos tempos de magia.

Curiosamente, a seleção não esteve alheia a grandes catástrofes e decepções. Por capricho singular do destino, o desastre de 1950, quando a copa foi perdida em casa para o Uruguai, precedeu o início do domínio do futebol mundial pela seleção brasileira. Será que a acachapante derrota de 2014 pode recolocar nos trilhos o futebol da seleção ou será mais um capítulo neste declínio que faz a seleção canarinho afundar em queda livre?

Parece que no esporte mais praticado no planeta é e será muito difícil, talvez impossível, manter uma hegemonia qual a conquistada pela seleção nacional. Holanda, Argentina, Dinamarca, França, Espanha e agora Alemanha, ganhando ou não títulos mundiais, alimentaram a disputa por esta hegemonia e conseguiram encantar, por alguns momentos, os olhos e os corações de torcedores em todo o mundo. Elas lançaram poderosos avisos ao próprio Brasil, indicando ser descabida a inércia, provando que no mundo da bola e do esporte há que criar, destruir, recriar e buscar constantemente uma revolução de formas, estilos e conceitos para seguir no topo.

Faz-se imperioso mencionar e refletir sobre a evolução do futebol, sua profissionalização, avanços físicos, técnicos e táticos. Importante também mencionar o grande negócio que se tornou este esporte, ocasião em que números vultosos são amealhados em cada conquista e bilionários valores são envolvidos na organização de campeonatos nacionais e na própria copa do mundo. Todas essas alterações acirraram a disputa pela hegemonia e tornaram mais difícil conseguir e manter a supremacia neste esporte.

No específico caso brasileiro, a situação interna do futebol parece dar uma enorme pista do tamanho do problema e da razão do empobrecimento do nível técnico do futebol apresentado. Mesmos os jogos da principal divisão do futebol nacional são sofríveis na sua grande maioria. Ainda que a atratividade do mercado nacional tenha aumentado absurdamente, permitindo aos grandes clubes pagarem salários milionários, a qualidade do espetáculo não avançou na mesma proporção. Aliás, parece que vive somente de uns poucos lampejos, de alguns jogos esporádicos que acontecem ao acaso. O que dizer então da qualidade dos jogos da série B disputada pela dupla BaVi? Se retirássemos a satisfação, o orgulho e a paixão dos torcedores em acompanharam seus times do coração em campo, o que restaria de atrativo nos espetáculos? Fica posta a seguinte provocação: à parte dos títulos conquistados no passado e da própria tradição, quão grandes são nossos clubes hoje à nível nacional e internacional?

Parece claro que o declínio do futebol nacional vem acontecendo há muito tempo e que soluções imediatistas não o reestruturarão e nem reestabelecerão a qualidades dos jogos. Talvez a clara e necessária ligação entre a qualidade do futebol jogada nos campeonatos internos e o enfraquecimento do combinado nacional sejam um binômio tão importante hoje em dia que não será mais possível ignorá-lo e nem lograr outras glórias internacionais sem repensá-los conjuntamente, sem propor soluções e reestruturações que permitam a melhoria de ambos.

Foi-se o tempo em que, com um pobre futebol interno, poderíamos depositar todas as nossas esperanças em craques ou pseudo craques estrangeiros. Jogadores jovens, milionários, mas na sua grande maioria, desvinculados do orgulho e da missão de vestir o manto nacional. Eles conhecem a história, mas não a entendem. Eles veem nosso passado, mas não o enxergam.

Numa alusão e analogia com outro esporte, o vôlei, é possível notar que a organização e a evolução, principalmente em âmbito tático catapultaram o Brasil para ser, ainda hoje, a maior potência mundial.

Nos dias de hoje, para a melhora e salvação do nosso futebol há que se olhar desde a base, percorrendo todas as etapas até o topo da cadeia. Velhas fórmulas, velhos personagens, gambiarras e arremedos de soluções não irão resgatar a gloria do futebol brasileiro.

Sds Rubro-Negras.

Filba

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