A última partida entre Bahia e Cruzeiro foi emblemática, no que tange às emoções vividas pela torcida tricolor, ao longo destes vinte anos, e, sobretudo, no ano de 2013. Tivemos esperança quando o Bahia fez o gol. Mas, uma esperança sob forte desconfiança, por se tratar do Cruzeiro, talvez nosso maior algoz em brasileiros. O mesmo sentimento tivemos quando foi impetrada a intervenção, na qual, nossa esperança por um novo Bahia, se renovou. Mas, a desconfiança com outros episódios de tentativas de intervenção vinham à tona, e nos deixavam desconfiados.
Vivemos momentos de tensão quando o Cruzeiro empatou o jogo, e, também quando através de diversas recursos o grupo destituído tentou a todo custo atrapalhar o processo de democratização do clube.
E por fim, o alívio veio com o gol de joelho, antológico, de Talisca, a la Raudinei, nos últimos minutos do jogo. Alegria de muitos, tristeza de poucos. Pois, este gol representa muito. O gol foi uma verdadeira joelhada nas fuças daqueles que estavam torcendo por um possível rebaixamento, que caso ocorresse, seria capitalizado para que houvesse uma comoção popular para tentar por em descrédito a nova direção, e, todo o movimento para um Bahia livre e democrático. Não foi à toa que em uma ação orquestrada, a diretoria destituída ingressou no judiciário depois deste jogo. O recurso foi feito para esperar um possível rebaixamento do Bahia, e, contar com a ira da torcida. Mas, deram com os burros n´água.
A torcida do Bahia, neste ano de 2013, sofreu dentro e fora do campo. Dividiu sua atenção entre o campo de futebol e o campo jurídico. Neste último, a assombração sempre teima em aparecer, e surge sempre a pergunta: será que consegue voltar?.
Os idiotas da objetividade, enxergam apenas o campo jurídico. E afirmam que tudo pode acontecer nos tribunais. Mas, neste jogo de emoções se esquecem de um elemento importante: o ânimo do torcedor. Quem trabalha com direito, e, sobretudo direito de família, conhece muito bem o desconforto que um processo causa. Quem não lembra do caso entre Sandra Regina e Pelé? Ela conseguiu de forma justa o reconhecimento de paternidade. Porém, isto não aproximou pai e filha. É muito comum casos como este no direito familiar. Em que, os filhos conseguem o direito a que reivindicam, mas, não conseguem o mais importante:o amor. O direito neste caso, não tem o condão de infundir no pai que rejeita seu filho, ao ponto de ter que se submeter a uma prova processual, o sentimento nobre da paternidade.
Mutatis mutandis, o direito não vai conseguir infundir na torcida do Bahia, nenhum sentimento de apreço pela diretoria destituída. Pelo contrário, quanto mais recursos houver, mais a ojeriza da torcida vai aumentar. Como se diz no jargão popular: “Estão cavando a própria sepultura”. As pessoas que estão tentando a todo custo voltar, estão cada vez mais com a imagem desgastada. Estão prejudicando suas imagens, não somente no âmbito esportivo. Mas, também no âmbito político e pessoal.
Hoje o torcedor, e sobretudo, o sócio se sente acolhido. Ações simples como um “torpedo” no celular, aproximam o torcedor do clube. No Brasil, o Estado foi imposto goela abaixo do povo, durante as datas mais marcantes da nossa história, tudo aconteceu à margem do povo. Por isso, o Estado e o povo, são tratados como dois seres distintos. Mas, na verdade nós fazemos parte do Estado. Nós somos Estado também. Eu sou Estado quando exerço minha cidadania e tenho consciência dos meus direitos e deveres.
Da mesma forma o torcedor e em especial o torcedor tricolor, se sentiu distante do Bahia durante muitos anos. As decisões eram empurradas goela abaixo. Não existia transparência nem democracia. Mas, hoje o sentimento é outro. O torcedor se sente parte neste processo de reconstrução do Bahia, que (re)nasceu para vencer.
Neste jogo de sentimentos a torcida do Bahia espera que a partir de 2014, a alegria crítica se faça presente. Não queremos apenas torcer pelo Bahia, queremos ser o Bahia. Queremos ser este corpo que têm diversos e diferentes membros, com funções diferentes. Mas, que trabalham para a unidade de nosso bem maior: o Bahia. Queremos captar e usar nossas emoções para construir um futuro que traga o sentimento de orgulho. Orgulho de ser Bahia.
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