quinta-feira, 19 de julho de 2012

Bahia ensina a “queimar” base

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A imagem do lado não passa de uma brincadeira da torcida do Bahia nas redes sociais. É uma ironia ao fato de que os jogadores da base do clube têm poucas chances no time principal. Mas a piada morre aí e o que vem depois vale uma reflexão. Confira, matéria de Rafael Sena veiculada nesta quinta-feira no site iBahia.

Hoje o Bahia joga com dois volantes improvisados nas laterais. Como não são da posição, Fabinho e Hélder quebram o galho por ali. E só o Bahia tem a perder. Apesar do esforço deles, são opções a menos para atacar, as jogadas ofensivas passam a se concentrar mais no meio, ausência de jogadas aéreas…

Mas o que me chama atenção é a justificativa em uníssono de dirigentes, comissão técnica e do técnico Falcão. Trocando em miúdos, os jovens tricolores ainda são imaturos para tal responsabilidade. O raciocínio simples de que eles serão colocados numa fogueira e vão acabar se queimando.

Então eu deduzo: a divisão de base do Bahia tem algum problema. Alguma falha que não ocorre em outros clubes do Brasil. Não faço a mínima ideia qual seja, mas ela parece nítida quando fazemos comparações.

Contra o próprio Bahia, o Flamengo colocou o jovem Adryan, de 17 anos, como principal jogador de meio-campo. E olha que o Fla enfrenta momentos de turbulência e tem uma torcida bastante exigente. Tem fogueira com mais chamas do que essa? O Fla tem ainda Thomás, 18 anos, que está desde o ano passado entre os profissionais, e Matheus, 17, filho de Bebeto Gama.

No Santos, outro dia Neymar, que tem apenas 20 anos, brincou após uma partida: “eu sou o mais velho do ataque”. Porque Muricy Ramalho lançou mão de dois garotos como titulares. Um deles, Victor Andrade, de apenas 16 anos. De um modo ou de outro, a situação com o Bahia é parecida. Falta peça no elenco, mas o Peixe aposta na base. No caso do Fla, a semelhança é ainda maior. Joel está com a cabeça a prêmio, como Falcão, mas ainda assim ousa.

Ousar. Essa talvez seja a palavra que corrija esse tipo de falha no Tricolor. Deixar o medo de lado, assumir a responsabilidade e o ônus ou bônus. A suposta imaturidade e o receio de “queimar” um garoto não vale mais. Porque, penso eu, só o fato de não usá-los quando há possibilidade é uma maneira de abalar a confiança de uma jovem promessa. Ele já se sente “queimado” mesmo antes de jogar.

Eles não são a solução para um time, nem de longe, mas a tentativa é válida. Se é para algo dar errado, que assim o seja, mas com a ciência de que todos os esforços foram feitos para evitar o pior. A torcida costuma entender isso. E aprova.

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