sábado, 16 de junho de 2012

Bomba! Divisões de base do Bahia tem dono

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Uma manhã chuvosa, um dia para se deitar e ler, este é um dia certo pra uma reflexão maior sobre os destinos do E.C.Bahia. Que interesses estão por trás de um clube que não oferece aos seus sócios qualquer direito de opositores nem respeita seu próprio estatuto quando suas contas não são apreciadas no devido tempo? Mas, hoje, em especial, uma bomba macula todo o trabalho de Newton Motta e do Presidente Marcelo Guimarães Filho, afinal, a relação dos jogadores das divisões de base do clube estão completamente comprometidas com interesses alheios ao clube, como seus negócios envolvendo recentemente jogadores da base são feitos por um empresário e delegado, pasmem, que também é conselheiro do clube. A matéria é do jornal ATARDE

`A sala 808 do Empresarial Costa Andrade, um prédio comercial situado no Caminho das Árvores, é pequena e acanhada, mas, por trás de sua porta de entrada, negócios milionários começaram a brotar desde que ali se instalou a Calcio Esportes e Investimentos, uma empresa fundada em 15 de abril do ano passado.
Há uma semana, o Bahia anunciou a venda do volante Filipe (foto), promessa de 19 anos, ao grupo do empresário português Jorge Mendes, que agencia as carreiras de Cristiano Ronaldo e José Mourinho. A transação alcançou cifra de 2,2 milhões de euros (cerca de R$ 5,72 mi). O clube ficou com 50% (R$ 2,85 mi) e o empresário Marcos Vinicius, que trouxe o jogador do Cruzeiro para o Fazendão, levou 30% (R$ 1,71 mi). Faltou uma fatia da pizza. Esta coube à Calcio, que abocanhou R$ 1,14 milhão, o que corresponde a 20% do jogador. O curioso é a razão pela qual a empresa teve direito a esta parcela da divisão.
Em junho de 2011, o Bahia levou o time sub-21 para disputar o Torneio Angelo Dossena, na Itália. Sem recurso para custear a viagem, o clube foi bancado pela então recém-fundada Calcio. O dono da empresa é André Silva Garcia, delegado de tóxicos e entorpecentes (DTE) dos Barris –-não bastasse, de acordo com o Estatuto do Servidor Público da Bahia, um funcionário público não pode conciliar a atividade com o cargo de maior cotista de uma empresa.
André afirma: “Ficamos com 20% de Filipe por meio de uma permuta. Financiamos a viagem e recebemos a contrapartida”. A empresa já havia lucrado anteriormente cerca de R$ 400 mil na venda do meia Maranhão para o Cruz Azul, do México, no início deste ano. Segundo o empresário, o valor era referente também a 20% do atleta, que a Calcio conseguiu a partir de outras permutas.
Pouco antes de fundar a empresa, André tinha dificuldades financeiras. Responder a processo de fevereiro de 2011 na Justiça, movido pelo banco Gmac S/A, de uma concessionária Chevrolet, com valor reclamado de R$ 19.281,06. Soma-se a isso dívida de R$ 1.272,81 no condomínio onde mora, segundo consulta ao Serasa. “Não falo sobre minha vida pessoal”, rebateu André.
Ao criar a Calcio, ele estabeleceu como expectativa de faturamento para 2011 –-como forma de ter acesso à linha de crédito de Pessoa Jurídica-– R$ 220 mil, cifra em muito ultrapassada após as negociações de Maranhão e Filipe. O delegado/empresário ainda viria a tornar-se conselheiro do Bahia em polêmica substituição de 58 nomes no final de 2011.
Empresários revoltados
Um documento oficial do Bahia, de janeiro de 2011, em posse da reportagem, comprova que o clube detinha 70% dos direitos econômicos de Filipe antes do surgimento da Calcio (no jornal impresso, há um fac-símile estampando o documento).
Segundo denúncias de fontes que pediram anonimato, pequenos empresários que levam atletas ao Bahia estariam revoltados, pois o clube trabalharia por meio de coação para que os contratos de parceria com a Calcio sejam assinados. Por isso, a empresa deteria porcentagens de cerca de 90% dos jogadores da base. “Temos vários atletas, mas não posso informar quantos por questão estratégica”, confirmou André Garcia.
Presidente contesta: “Não há favorecimento na base do Bahia”
Em relação à atuação da Calcio no Bahia, o presidente do clube, Marcelo Guimarães Filho, foi enfático: “Há duas formas de uma empresa ter porcentagem de um jogador da base do Bahia. Ou trazendo o atleta, ou fazendo um investimento no clube. Este é o caso da Calcio, que ajudou o Bahia e ficou com 20% dos direitos de Filipe”.
Questionado pela reportagem sobre a disparidade de valores entre o tal auxílio (a viagem para a Itália) e a contrapartida que a empresa recebeu, o dirigente rebateu: “Não lembro de cabeça, mas com certeza a Calcio não ajudou só com essa viagem. E esta não é a única empresa que possui vários jogadores no Bahia. Isso é normal no futebol”.
Sobre o delegado André Garcia, dono da Calcio, Marcelo Filho disse que mantém apenas relações profissionais, assim como com outros empresários.
No elenco profissional, a empresa detém 20% dos direitos de dois jogadores titulares: o lateral Madson e craque do Baianão, Gabriel (que acaba de trocar de empresários e é mais um no elenco azul, vermelho e branco a pertencer a Carlos Leite, assim como Titi e Souza, por exemplo).
Relação com a Loja 88
No site da Calcio, na seção de parceiros, chama atenção um anúncio da Loja 88, oficial do Bahia para venda de produtos do clube. Responsável pelo estabelecimento, Paulo Henrique Leitão explica: “O que fazemos com essa empresa e tantas outras é uma parceria. Nós ofertamos promoções de produtos e eles anunciam nossa marca. É uma relação profissional”.
Marcelo Guimarães Filho também comentou o assunto. “São duas empresas privadas (a Calcio e a Loja 88) e eu não posso me meter nesses assuntos. Eles fazem a parceria que acharem conveniente”, afirmou.`

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