quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A dinastia tiririca devia se espelhar no Inter

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Vale refrescar a memória, pois o exemplo sintoniza muito com o inverso do que está nos ocorrendo neste momento:

Há cerca de sete, oito anos, uma combinação de resultados complexos livrou o Internacional na última rodada do rebaixamento para a Série B. Diante do risco que correram, a diretoria do clube colorado resolveu despir de suas vaidades e olhar pra frente, no intuito de não mais correr esse risco. Promoveram uma grande reforma estatutária, dando prioridade a dois elementos de fundamental importância na vida de qualquer agremiação que se pretende manter conceituada: torcida e marketing. O segundo atrairia o primeiro por meio de um grande projeto de associação em massa, tendo como trunfo a realização de eleições diretas para os principais cargos diretivos. Foram de uma humildade impressionante, pois trouxeram do rival Grêmio a fonte de inspiração para as mudanças e ainda aperfeiçoou.

A partir de então o sócio do clube passou a ser tratado com toda a pompa e circunstância, não somente pelo acesso livre as dependências fisicas do clube, como também pela possibilidade de descontos consideráveis em jogos e ações promocionais que o envolvia. E o dinheiro arrecadado iria para o fortalecimento do elenco a toque de caixa, além de um megainvestimento em suas divisões de base. O torcedor do Inter passou a se acostumar com o seu comprometimento com a própria imagem que estava sendo fortalecida, junto com o seu clube. Não há dúvidas, por exemplo de que, na condição de sócio, dentro de alguns dias, irá a algum shopping da capital gaúcha para clicar e memorizar em sua máquina digital a taça libertadores juntamente com algum ídolo da conquista, mediante a uma pequena taxa, diferenciando-a do torcedor não-sócio. Os treinos, mediante a pagamentos - até porque lá encontra-se jogadores capazes de também vestir a "amarelinha" - devem ficar concorridos como nunca, dentro e fora do campo.

Enquanto isso, o departamento de marketing - este sim, departamento de marketing - vem promovendo verdadeiras revoluções, provocando um efeito de extase total em seus torcedores, a exemplo de sempre buscar a próxima conquista, como se tivesse vencido nenhuma. A atitude de retirar do seu escudo as estrelas e a coroa - dando ideia de recomeço - foi uma das sacadas mais geniais que se tem noticia na história do futebol brasileiro. E o engraçado que aqui no Bahia - de forma mesquinha - as estrelas são reverenciadas de forma soberba, mas sobretudo passando a idéia de impotência quando ao surgimento de novas estrelas.

E os "formadores de opinião" que se confinam na imprensa alegam que a posse de um estádio foi essencial para que o Inter tenha chegado aonde está. Por que? o Cruzeiro por exemplo não tem estádio e já tentou o Mundial duas vezes, embora não os tenha vencido ainda. O que a possessão de um estádio influi quando, por exemplo, dos quatro rebaixados para a Série B no ano passado, três possuem praças esportivas próprias (Náutico, Sport e Coritiba) e não há garantia de retorno para dois dos três clubes por um bom tempo? O problema reside na falta de competência mesmo. Ou se preferirem, na doentia sede de poder.

O certo é que, a grande fase do colorado gaúcho nos mostra que a torcida tricolor - capaz de colocar uma média de 40 mil pessoas num estadio para ver partidas pífias, contra adversários de igual teor numa humilhante terceira divisão, embora não tenha direito participar ativamente da vida social e política - ao lado de agremiações a exemplo de Flamengo, Atlético MG e Corinthians, tem tanta potencialidade de viver momentos semelhantes ao observado pelos gaúchos, quanto se imagina. Basta "mandar os malditos embora" (Caetano Veloso), colocar pessoas competentes e sem quaisquer tipos de vaidades no lugar certo. É só querer.

Um forte abraço

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