A rivalidade é um fenômeno muito caro à nossa natureza animal. Competimos primeiro para sugar o leite de nossas mães rapidamente para saciar à nossa fome, depois competimos com nossos irmãos para ter a atenção que achamos que merecemos dos nossos pais, ainda competimos pelas melhores namoradas para reproduzirmos nossa imagem narcisista do amor e por último competimos com os colegas de trabalho. Vivemos, então, num mundo onde podemos afirmar que a rivalidade nasce junto com o homem a fim de que possamos atingir fins existências e biológicos.
No esporte, vivenciamos uma competição que é uma extensão das competições domésticas em nossas casas e trabaho, mas que também possui uma dimensão própria e que nos seduz cada vez mais: o amor do ganho em ver o próximo ter ou imaginar que ele tem menos que nós. É mesmo uma competição de egos fragilizados que necessitam ver o outro em uma situação de inferioridade. O contentamento muitas vezes de mostrar ao rival sua infelicidade muitas vezes compensa nossa responsabilidade em assumirmos nossa felicidade, esta é uma resposta rápida e cada vez mais urgente, hoje, em dia. A verdadeira face dessa fuga é mesmo desejar que o time do rival perca para anunciar ao mundo sua inferioridade. São nestes momentos que nos flagramos! Ninguém pode fugir de si mesmo. Há quem atribua a esses momentos um valor simbólico valoroso de ganho secundário, certamente nunca desejável como padrão, mas que pode preencher certos vazios existenciais.
Na nossa Bahia, quando o Bahia e o Vitória desceram ao porão da terceira divisão havia um contentamento interiorizado de que o Bahia e o Vitória, como invejosos clássicos, tinham nessa decadência um quê de alívio e "justiça" por não viverem o inferno sozinhos. Embora o Bahia e o Vitória, hoje, desfilem em cenários melhores no campeonato nacional, concluimos que a tendência entre torcedores tricolores e rubro-negros é perceberem que a derrota de um é necessariamente a vitória de outro. Claro que numa competição doméstica resta óbvia essa realidade. Porém, muitas vezes temos que admitir que sem a existência do rival ficaríamos sem ter um referencial seguro sobre nossas próprias conquistas. Em resumo: tanto para o Bahia quanto para o Vitória ganhar do Flu de Feira numa final é completamente diferente que ganhar do arqui-rival.
Na verdade, o outro nos completa mais do que desejaríamos, nossos desejos estão entrelaçados para o bem e para o mal numa projeção de quem somos. Não adianta muito para o torcedor do Bahia torcer contra o Vitória no brasileiro e vice-versa, porque se ambos fracassarem todos perdem regionalmente. Ou mesmo se um fracassar já seria ruim porque também perdemos o equilíbiro das forças que tendem a se desintegrarem em razão de investimentos e etc. Por tudo isso, quero que o Vitória consiga seus objetivos e o Bahia também neste campeonato brasileiro. Assim, podemos acreditar em novos horizontes para o futebol baiano que tanto precisa voltar ao patarma de campeonato importante do nosso futebol brasileiro. Um título brasileiro, uma Libertadores para o rival só irá fomentar entre torcedores do Bahia novos desafios voltados para o futuro onde possamos chegar lá também.
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