O Esporte Clube Bahia vive um segundo semestre de 2017 de muitas incertezas e preocupações, como destacou o tricolor Gabriel Barreto no seu texto (veja). Ainda não tem permanência confirmada na elite do futebol nacional em 2018, algo natural por estarmos ainda em setembro, porém, dúvida essa que certamente deve-se arrastar até os últimos suspiros da competição, pelo andar da carruagem. Além do mais, se aproxima as eleições presidenciais, onde não sabemos se o atual presidente - querido e venerado por alguns, odiado e contestado por outros - será candidato à reeleição ou emplacará um sucessor que também desconhecemos nomes, apesar de crescer a especulação pelo nome do secretário de Desenvolvimento e Urbanismo de Salvador, Guilherme Bellintani.
Contudo, na parte do futebol, que é o que realmente importante no exato momento, ao menos houve uma definição quanto ao treinador, mesmo não agradando à maior parte dos tricolores, Preto Casagrande foi o escolhido pelo presidente para guiar os seus "pupilos" nos caminhos espinhosos até dezembro, destino final, utilizando-se de sua popularidade com os atletas para extrair deles o que têm de melhor, creio. Outro ponto importante são os retornos de jogadores lesionados, que vão reforçar a equipe nessa reta final, casos de Allione, Hernane, Edigar Junio, Jackson, algo que dará mais opções ao técnico.
Diante desse cenário (presente x futuro), trago abaixo outro ponto de vista, agora do tricolor e amigo Ramon, que diz entender a "apreensão e a dificuldade em se relacionar com as incertezas, mas que não conviver com elas é algo para bem poucos clubes da Série A".
Veja abaixo:
"É verdade que não o Esporte Clube Bahia não é dono de todos os jogadores do elenco, mas também é verdade que o Bahia tem adquirido atletas e firmado contratos mais longos com vários, como por exemplo Zé Rafael, Edigar, Jackson, etc. Outros tem firmado empréstimo com preferência para a aquisição do passe, como Régis e Tiago. Esta é uma realidade que destoa fortemente do que tínhamos nos últimos tempos, quando o nosso elenco era formado apenas por jogadores emprestados, alguns com salário dividido entre os clubes, sem opção de compra, sem passe estipulado... bom, para quem tem memória, não é difícil lembrar.
Além disso, utilizávamos jogadores da base, não pela sua qualidade, mas por falta de dinheiro para contratar. Tínhamos a melhor pontuação do tricolor na era dos pontos corridos até a 21 rodada. A situação de termos jogadores emprestados de times grandes, que podem ser utilizados por eles, é sinal que estão fazendo um bom trabalho no Bahia, ou seja, foram boas contratações, foram úteis, caso contrário, não haveria qualquer dificuldade em renovar os seus empréstimos.
Quem, no futebol brasileiro, mantém o mesmo time, temporada após temporada? Só há duas hipóteses, ou o clube é riquíssimo, para rejeitar propostas milionárias, ou os jogadores não despertaram interesses de grandes clubes, do Brasil e do exterior. O fato é que fazemos parte de um mercado, e nele, não ocupamos, nem hoje, nem em tempo algum, a posição de maiores comprados do planeta ou do país. Há uma pertinência, no fato de termos poucos jogadores da base no time principal, mas qual a solução? No curto prazo, nenhuma, no longo prazo, recuperar e equipar a Cidade Tricolor, com a sua maior quantidade de campos, dar maior estrutura e investir pesados nas divisões de base, para formar atletas cada vez mais qualificados. Mas reitero, investimento na base só dá retorno no longo prazo.
Quem hoje no Brasil sabe até quando ficam os treinadores dos clubes brasileiros? Bem, eles ficam quase que invariavelmente, se, e enquanto estiverem dando resultados. Esta incerteza é inerente à profissão, e também segue leis de mercado, como no caso de Guto, que mesmo com um contrato em curso, deixou o Clube. Não há "drama", e o Bahia, ou qualquer outro clube, não vai se acabar por trocar técnicos e jogadores, se estiverem dando muito errado, ou muito certo, pois há um lastro de trabalho que é reforçado a cada dia. Perdoem a indelicadeza, mas a veia irônica às vezes pulsa de maneira incontrolável, por isso, digo que a cantilena segue, bem ao estilo do personagem de desenho animado, Harry.
Estamos no início de setembro e tem torcedor fortemente oprimido pelas incertezas de 2018? Precisamos tentar tranquilizá-lo, o processo eleitoral sucessório é algo que ocorre desde a antiguidade grega, e ainda é considerado algo extremamente salutar, tendo sobrevivido ao tempo, e se disseminado pelo planeta. Não é um problema, e se fosse, não seria algo para ser antecipado. O foco agora é a disputa da Séria A de 2017. O mesmo posso dizer em relação ao elenco. Os contratos mais curtos, vencem, em dezembro, mas o futebol é dinâmico, não podemos dizer hoje, quais deles vai nos interessar manter para os próximos anos, assim como a qual times eles irão despertar interesse. Logo, antecipar isso, na maioria dos casos, seria um desperdício de energia. Além disso, o mesmo mercado pode também oferecer oportunidade de contratar outros atletas que julguemos serem melhores.
Quanto à divisão que disputaremos em 2018, poucos são os clubes que podem afirmar sem qualquer sombra de dúvidas, em setembro, pois o clube que ocupa a última vaga para a Libertadores, dista apenas 6 pontos daquele que abre o grupo do rebaixamento. Mas gostaria de lembrar que para cair, um clube precisa estar no Z-4, algo que não condiz com a nossa realidade de momento, e precisamos lembrar também, que só passamos por esta situação em uma única rodada em um universo de 23.
No contexto de um disputadíssimo Brasileirão, entendo a apreensão e a dificuldade em se relacionar com as incertezas, mas não conviver com elas é algo para bem poucos clubes, para os demais, algo como 13 a 15 clubes, a incerteza é a tônica, e a luta é rodada a rodada. Vamos colocar os pés no chão, temos sim, motivos para nos preocuparmos, mas não vamos superdimensionar as coisas.
S.T."
Ramon, torcedor do Bahia e amigo do Blog.
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