segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Dia dos pais e a décima sétima camisa do Vitória

Comentários
Aproveitei a ação promocional feita pelo Leão, e convidei o meu velho pai para ir ao Barradão, enquanto ele se arrumava, escutei todas as recomendações dadas pela minha mãe e que só tive certeza que não eram exageradas quando vi aquele senhor com a cabeça toda grisalha aparecer na sala de casa. Aquele camarada de 70 anos de idade apareceu com um tênis e uma meia social esticada até o meio da canela, uma bermuda daquelas que já vem com uma espécie de cinto elástico, a camisa do Vitória que ganhou de presente no dia dos pais do ano passado, um boné na cabeça e um rádio na orelha.

Assim que entrou em meu carro, perguntou quando eu iria trocar aquele veículo popular fabricado no ano de 2014. Um pouco sem jeito, lhe respondi que ainda faltavam 36 parcelas para a quitação e que isso inviabilizava a troca. Perguntou pelos netos, e quando lhe disse que preferiram ir ao aniversário de um amigo do condomínio, ele balançou a cabeça como quem acabou de concluir, que se um filho prefere a companhia dos amigos no lugar da do pai, é óbvio que a humanidade chegou ao seu fim.

No caminho para o estádio, disse que o atual presidente não era de nada e homem foi aquele que deu uma surra em um radialista e por essa razão rádio nenhuma da capital transmitiu o nosso bicampeonato em 1964. Disse também que nunca houve Vitória igual ao de 1972, mas que fazia uma menção honrosa ao time de 1989. Sei que a maioria acha isso estranho, mas, foi nesse ano que ganhamos o estadual sobre o então campeão brasileiro e classificado entre os oito melhores da Copa Libertadores.

Durante a partida observei ele apertar o rádio contra a orelha, pingar o colírio que controla o glaucoma nos olhos, engolir o remédio que combate a depressão e quase enfartar com o pênalti perdido e o gol sofrido. No almoço oferecido em sua homenagem no dia seguinte, ao perceber que um dos presentes, o meu, era a nova camisa do Vitória, deu um sorriso e disse que era exatamente o que ele estava precisando, minha mãe torceu a boca e disse que com essa, já são 17.

Alex Oliveira, de Salvador, torcedor do Vitória e amigo do Blog.

Nenhum comentário :

Postar um comentário