As crianças, na busca de um brinquedo avariado, mas o suficiente, para sua alegria, para o seu riso, apesar de trazer na sua epiderme, doenças dermatológicas e no pulmão efeito da fumaça, das queimadas que o Município fazia. Vizinho ao estádio era um quadro de terror que manchava a nossa cidade e testemunhado por inúmeras reportagens denunciando a miséria do local. Ali eles faziam o luxo do lixo, na ótica do poeta Augusto de Campos.
O Vitória sonhou em erguer vizinho daquele local o seu estádio, numa área depreciada e fora do mercado, mas extremamente bem localizada. Vislumbrou o futuro, com a solução social a ser encontrada, para aquela pobre população, o que viabilizaria o seu empreendimento. O Bahia optou pela mordomia aos seus conselheiros, construindo uma sede de praia, quando todos sabiam que o clube social dos baianos é o seu belo litoral e suas piscinas são as ondas do mar, tendo como término o infinito. Clube é para ricos.
O INÍCIO DO SONHO.
Foram inúmeros apelos. Inúmeros contatos políticos e começou a construir sim, com a sombra dos voos dos urubus e na presença do forte odor, que os pobres da região conviviam, dia e noite. Não foi fácil, porque se dependia da construção de um depósito moderno.
Grandes baluartes rubro-negros gastaram do próprio bolso. Lembro-me empresários emprestando gratuitamente os seus tratores, para o serviço de terraplenagem, além da ajuda financeira e apoio político de tantos Conselheiros famosos. Os políticos ajudaram sim e até hoje ajudam, como recentemente o tricolor Rui Costa, porque todos sentem e sentiram prosperidade, trabalho e seriedade, nos destinos rubro-negros, que retiraram um bairro da miséria, como se fosse uma alquimia, como já dito, o que era lixo virou luxo e a população local passou a experimentar o mínimo de dignidade humana, urbana.
Faço estas considerações, porque depois de tanto tempo, ainda nos lançam lixo, mas um lixo oriundo de uma inveja em putrefação. Fizeram o maior, como vocês dizem, “mimimi”, festejando uma declaração de Sinval de forma genérica ao nordeste. Não temos mais urubus. As aves voaram com destino a ser apurado, talvez para se alimentar de algum lixo que ficou em pobres corações perdidos no trem da modernidade.
O FLAMENGO E O URUBU
Tive uma curiosidade de pesquisar a história do mascote do Flamengo. Dizem que “na década de 60 as torcidas rivais começaram a chamar os torcedores do Flamengo de "urubus", ALUSÃO RACISTA À GRANDE MASSA DE TORCEDORES RUBRO-NEGROS AFRO-DESCENDENTES E POBRES. Tal apelido de cunho ofensivo nunca foi bem recebido pela torcida do Flamengo, até o dia 31 de maio de 1969, quando um torcedor rubro-negro resolveu levar a ave para um jogo entre o Flamengo e Botafogo no Maracanã. Na época, os dois clubes faziam o clássico de maior rivalidade pós-Garrincha. E o Flamengo não vencia o rival fazia quatro anos. Nas arquibancadas, os torcedores do Botafogo gritavam, como sempre, que o Flamengo era time de "urubu".
O urubu foi solto na arquibancada com uma bandeira presa nos pés, e quando caiu no gramado, pouco antes do jogo iniciar, a torcida fez a festa, vibrando e gritando: "é urubu, é urubu". O Flamengo venceu o jogo por 2 a 1 e, a partir daí, o novo mascote consagrou-se.”
Depois de tantas humilhações, o Flamengo se tornou o maior clube brasileiro.
BARRADÃO, O PRESENTE FRANCISCANO.
Humilharam o Flamengo e todos viram o resultado. Igualmente ocorreu e ocorre com o Vitória.
O Complexo do Barradão, inaugurado em novembro de 1986, fez conquistar a hegemonia no estado da Bahia e na região Nordeste, depois de três anos inaugurado, a partir de 1989 , o Rubro-Negro conquistou 19 Campeonatos Baianos ( Bahia, 9), 4 Copas do Nordeste ( a quinta foi em 1976) e dois vice-campeonatos nacionais: 1993 (Campeonato Brasileiro) e 2010 (Copa do Brasil). A Toca do Leão foi o COT (Centro Oficial de Treinamentos) dos Jogos Olímpicos Rio 2016, da Copa do Mundo 2014 e da Copa das Confederações 2013.
Lá existem inúmeros campos de treinamento (sete?), inclusive um de grama sintética. Concentração e um dos mais modernos centros de preparação física. O Vitória está também nos esportes olímpicos. Único representante baiano no NBB (único nordestino a se classificar para uma semi-final), Remo, Futebol Americano, Futevôlei, Futsal, Handebol, Tae-kwon-do, Vôlei, Vôlei De Praia; Judô e Natação, além da festejada divisão de base.
LIXO? ATERRO SANITÁRIO? E DAÍ? A INVEJA
Acusam-nos de sermos da turma do lixo. Sim, não tem problema, daquele ex-lixo muitas famílias mataram a fome, enquanto muitos acusadores bebiam arrogância e prepotência em taças, esquecendo-se na época que seu rival crescia. Daquele ex-lixo achamos um diamante maravilhoso lançado, em gratidão, dos céus, que foi o Barradão.
Os mais raivosos são simpáticos à atual direção tricolor. Não temos culpa se no seu primeiro ano ficou no nono lugar da segundona. Não temos culpa, se na atual gestão tricolor o Vitória triunfou seis vezes, contra duas derrotas. Não temos culpa se a sua subida se debitou a uma zebra em Recife, mas, vamos ser até justos, pois a culpa não é só da atual gestão. Há mais de três décadas o Bahia não se estabiliza, por causa de seus gestores, até intervenção houve, e o Vitória continua reinando com a maior estrutura do norte-nordeste.
Sei que estes números incontestáveis INCOMODAM E MUITO para os atenuar depreciam o nosso sucesso. De minha parte dou sempre parabéns aos tricolores, pelas justas duas estrelas nacionais conquistadas, mas cuidem mais de seu clube. Nós humildemente agradecemos “o lixo, o aterro sanitário”. Também obrigado aos urubus, que sombrearam os nossos operários da época. Poucos metros nos afastam do estádio e centro de treinamento da Paralela e a poucos metros da estação de metrô (entenderam?). O Bahia é também um grande clube. Traz o nome de nosso Estado e não pode ficar debruçado na janela, vendo o iluminado “lixo”, hoje luxo passar. Quando o Barradão dorme, sobre ele uma constelação lhe abraça e pela manhã sobre o seu gramado e arquibancadas gotas de orvalho escorrem em gratidão pela retirada de um bairro da miséria e suas traves se energizam, para o tremor de nossos adversários.
Desculpem-me pois escrevi muito e para terminar relato para vocês o que vi, no SPORTV de sexta última. A bancada estava dando palpites sobre os prováveis campeões estaduais. Alguns, colegas e amigos do Presidente tricolor, sempre desconfiei, disseram: BAHIA! Aí Muricy Ramalho discordou e disse: VITÓRIA! Os que votaram no Bahia olharam surpresos, para ele e ele justificou: O JOGO SERÁ NO BARRADÃO! E projetou na face, franzindo a testa o que ele como técnico de primeira já sentiu na própria pele.
Atahualpa - Torcedor do Vitória, amigo e colaborador do BLOG
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