sexta-feira, 10 de março de 2017

O que eles têm e o Esporte Clube Bahia não têm?

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Ninguém deve lembrar. Nem eu lembrava. Mas fui pesquisar os dois jogos da ultima Serie A entre Bofafogo e Atletico/PR, que conseguiram ir pra Libertadores. Abaixo as fichas técnicas de ambos:

Botafogo 2 x 1 Atletico/PR – Brasileirão/2016
Botafogo: Helton Leite, Luis Ricardo, Emerson Silva, Emerson Santos, Victor Luis, Rodrigo Lindoso (Marquinho), Bruno Silva, Fernandes, Gegê (Neilton), Salgueiro (Gervasio Nunez) e Ribamar. Tec.: Ricardo Gomes.

Atletico/PR: Weverton, Eduardo, Cleberson, Thiago Heleno, Sidcley, Otavio, Hernani, Nikão (Anderson Lopes), Pablo (Vinicius), Andre Lima (Walter) e Ewandro. Tec.: Paulo Autuori.

Atletico/PR 1 x 0 Botafogo – Brasileirão/2016
Atletico/PR: Santos, Leo, Paulo André, Thiago Heleno e Nicolas, Otavio, Hernani, Lucas Fernandes (Juninho), Luan (Joao Pedro), Pablo e Andre Lima (Marcão). Tec.: Paulo Autuori.

Botafogo: Sidão, Luis Ricardo, Renan Fonseca, Emerson Santos e Diogo Barbosa; Airton (Salgueiro), Bruno Silva (Leandrinho), Rodrigo Lindoso e Camilo; Neilton (Rodrigo Pimpao) e Sassa. Tec.: Jair Ventura.

O que fez com que dois times com elencos bastante limitados, como os dois citados, pudessem chegar a Libertadores via Campeonato Brasileiro?

Primeiro, um pouco de sorte, claro, já que o Brasileirão nivelado por baixo permite situações como estas, dada a desorganização de outros clubes com maiores orçamentos, como Corinthians, Gremio, Cruzeiro, Fluminense e Internacional, para citar alguns times com grandes orçamentos que ficaram abaixo dos dois citados. Mas, em segundo, ainda que não menos importante, um trabalho de campo que gerou organização.

Atletico/PR e Botafogo, cada um a sua maneira, eram times extremamente organizados dentro do campo. O Botafogo, talvez, um pouco mais, já que o Atletico Paranaense mostrou-se um time que alternava força em casa (uma das melhores campanhas da história dos pontos corridos), com fraqueza fora (campanha de rebaixado).

O fato é que, seja por um modelo ou pelo outro, as campanhas destes dois times podem (e devem) servir de paradigma para clubes médios e de elencos apenas minimamente competitivos que disputem a Série A.

O Bofatogo teve um início bastante complicado e difícil, com Ricardo Gomes tentando implementar um jogo propositivo que vulnerava o clube. Após um 1º Turno fraco, veio Jair Ventura, funcionário de carreira do Clube que promoveu importantes alterações, principalmente no modo de jogar do time.

Fixou uma trinca de volantes (Airton, Bruno Silva e Lindoso), dando liberdade pra principal peça criativa do time (Camilo), alternando com ataques apenas de velocidade (Neilton e Pimpao), ou com a mescla de velocidade (um dos dois) e força (Sassá).

Deu certo: o Botafogo tornou-se um time competitivo e regular, que pontuava bastante, chegando a encaixar seqüências de vitorias, inclusive fora.

A questão é que, apesar de usar 03 volantes, fazia com que 02 deles jogassem e se apresentassem na frente. Com isso, Bruno Silva, volante, foi o 4º artilheiro do time no Campeonato, com 4 gols. Outro volante que compunha o time em alguns momentos, Fernandes, fez 2.

Resultado final: Botafogo terminou o campeonato em 5º.

O Atletico/PR terminou em 6º. Mas, ao contrário do Botafogo, não se pautou no jogo seguro e na regularidade na parte final do Campeonato para garantir essa posição. A sua arma era o mando de campo, onde obteve 15 vitorias, 3 empates e apenas 1 derrota. Fora, veio um desastre: 2v, 3e, 14d.

MAS PORQUE ESSE CARA ESTA FALANDO DE BOTAFOGO E ATLETICO/PR AQUI NO FUTEBOLBAHIANO?

Vou tentar explicar. Na quarta-feira, assistindo o Bahia perder para o Paraná, comecei a pensar no elenco do time, que hoje é o seguinte, tirando algumas opções de meninos da Base:

Jean (Anderson), Eduardo (Wellington Silva), Thiago (Eder), Jackson (Lucas Fonseca) e Armero (Juninho Capixaba ou Matheus Reis); Edson (Rene Jr ou Yuri), Juninho (Matheus Sales), Regis (Renato Caja), Alione (Ze Rafael) e Maikon Leite (Diego Rosa e Edigar Junio); Hernane (Gustavo).

Estou louco ou exagerando se dissesse que não enxergo grandes diferenças entre este elenco do Bahia e os dois times que se classificaram para a Libertadores ano passado (Botafogo e Atletico/PR)?

Um time com Jean, Eduardo (Welington Silva), Thiago, Jackson e Armero (Juninho Capixaba); Edson (Rene Jr.), Juninho, Regis (Ze Rafael ou Renato Cajá) e Alione (Ze Rafael ou Renato Cajá); Maikon Leite (Edigar Junio) e Hernane (Gustavo) estaria muito abaixo daqueles?

Quero deixar claro que não acho que seja obrigação do time, que voltou agora da Serie B, ir pra Libertadores. JAMAIS! Mas queria usar dois times com elencos bem modestos (o Botafogo recém promovido, inclusive) pra mostrar que, com um bom trabalho, é possível brigar na primeira metade.

Mas aí vem a pergunta: Guto Ferreira pode fazer isso? Sinceramente, não sei e, hoje, puto da vida com o jogo de hoje tenderia a dizer que não.

Isso porque, me preocupam algumas teimosias. A primeira é o esquema de jogo: Guto não varia desse 4231 engessado. O máximo de movimentação que vemos, é a troca de lado dos meias e as voltas de Hernane. Fora isso, é um time previsível, espaçado, com troca de passes lentos.

A 2ª teimosia é nova e composta de 2 fatores: a utilização de 2 volantes lentos, apenas de contenção, conjuntamente, e, por extensão, a barração de Juninho. Não consigo entender isso, já que, ano passado, em vários jogos, ele chegou a jogar com Juninho e Luis Antonio, que eram dois “segundo volantes”. Aí, começa o ano, e ele lança a dupla de “primeiros volantes”. É algo que não entra na minha cabeça.

Muitos podem dizer: o Bahia do ano passado era um mandante poderoso na Serie B. Verdade. Mas será que, do jeito que estão as coisas hoje, isso é possível na Serie A? Com esse time previsível, não sei.

Penso que, a essa altura, com um time que manteve uma base do ano passado (saíram apenas Muriel, Moises e Luis Antonio – que já vinha perdendo espaço para Rene Jr até a contusão de Juninho), aliado a alguns reforços bem razoáveis, o time deveria ter mostrado uma evolução, o que ainda não ocorreu.

O time que atuou ontem era o mesmo time sem inspiração fora casa que vimos em toda a Serie B do ano passado. Não era incomum vermos o time preso com a bola, na própria intermediaria, girando a bola entre os zagueiros, Edson e René Jr. Isso continuou no 2º tempo, quando era óbvio que se tratava de um jogo pra colocar Juninho e, além de saída de bola, ter chute de fora, o que René Junior não oferece.

Mas, não. Ele tira um volante, coloca um atacante de área, faz Hernane voltar ainda mais e recua Cajá pra tentar fazer a saída de jogo, queimando o cara mais ainda.

Sou quase sempre contra a demissão de treinadores. Fui contra a demissão de Sergio Soares e defendia a manutenção de Guto após o acesso, acreditando que ele poderia, com o trabalho de pré-temporada e reforços, fazer do Bahia o mesmo time vibrante fora de casa.

Creio que, se uma mudança de técnico agora não quebrar o elenco, que me parece comprometido e interessante, esta seria uma saída já pensando no Brasileirão. Mesmo que isso custe problemas na Copa do Nordeste. Porque daria tempo de trazer um treinador pra conhecer e trabalhar com esse elenco visando a Serie A.

Ainda acredito que este elenco é capaz de trazer uma boa campanha. Mas nas mãos do treinador certo. Minha idéia é que, ou Guto revê alguns dogmas, ou a única saída seria tirar o cara.

Creio que, pra esse Bahia, seria possível trabalhar um esquema de apoio com 3 volantes, com uma trinca formada por Edson, Matheus Sales e Juninho, utilizando Regis e Alione pelos lados. Não acho que o time perderia ofensividade, já que Juninho chega muito e Matheus Sales sabe jogar. Edigar Junio voltando, poderia ser uma alternativa a Hernane em algumas situações, já que pode jogar como centroavante.

Enfim, independente de estar certo ou errado, divagando ou não com estes pensamentos, uma coisa me parece irrefutável: o Bahia precisa de variações e adoção de algumas idéias novas, seja com Guto Ferreira, seja com outro treinador.


Carlos Patrocínio – Bahia, amigo e colaborador do BLOG

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