quinta-feira, 2 de junho de 2016

Técnico Doriva já deu o que tinha que dar no Bahia

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O maior patrimônio e a maior força do Bahia é a sua apaixonada e vibrante torcida. Com ela ao seu lado, o Tricolor conseguiu títulos inesquecíveis como os Baianos de 81 e 94, foi quase imbatível na Fonte Nova como em 88 e 90, e fez campanhas memoráveis com time e elenco limitados como em 85 e 2010. Ou seja, com a Nação ao seu lado, o Bahia é poderoso e quase invencível em casa; sem a Nação ao seu lado, o Bahia se torna um time comum e suas fragilidades ficam evidentes. Não por acaso o clube lançou a campanha #juntosvoltaremos, reconhecendo o que sempre defendi neste blog, mesmo quando critiquei duramente a postura da nossa torcida me tornando persona não grata na ABC (leiam: http://www.sobahea.net/2016/03/o-insuportavel-pessimismo-da-torcida-do.html e http://www.sobahea.net/2016/04/ha-razoes-para-reclamarmos-tanto-do.html), em suma o Bahia só voltará para a Série A se a massa tricolor estiver ao seu lado.

Mas, por que estou gastando tempo, espaço e teclado com a torcida, se o foco do texto, como exposto no titulo, deveria ser nosso treinador? Porque Doriva perdeu a confiança e o apoio da torcida, porque com ele no comando a união Nação e time não existirá, e o #juntovoltaremos não passará de uma mal sucedida campanha de marketing.

Destaco que sempre defendi e preguei aqui no blog a contratação de Doriva para treinador do Bahia, explico os motivos abaixo

1- a contratação de um medalhão para treinador só é garantia que gastaremos uma baba de dinheiro com salário, não é nenhuma garantia de desempenho dentro de campo. Vejam os casos recentes de fracasso de Felipão no Palmeiras, Muricy no Flamídia e vários de Luxa e Autuori. Então, trazer Abel como parte da torcida pede pode não ser a solução, se não me engano, em 98 ele era o treinador do Bahia que fracassou de forma retumbante na Série B, mesmo tendo o melhor elenco da competição.

2- Na contramão do citado no item anterior, treinadores novatos vêm dominando o cenário, Roger é líder do Brasileirão com o Grêmio, Jorginho, apesar de não poder ser considerado novato, mas está longe de ser um medalhão, lidera a B com o Vasco. Por fim, o Santinha com Milton Mendes surpreende e Fernando Diniz é a sensação do momento. Sem falar que o salário desta galera é infinitamente inferior ao dos medalhões. Desta forma, analisando estes dois itens, entendo que o Bahia acertou ao trazer um treinador iniciante

3- Doriva tem 4 ou 5 anos como treinador, não sei o tempo exato, neste período passou sem destaque no Furacão (por sinal, ano passado fez um bom início de campanha com Milton Mendes e hoje pena com Autuori); e fracassou vergonhosamente no São Paulo, neste caso defendo o treinador, pois o ambiente são paulino era péssimo, só melhorou este ano após a saída de alguns indivíduos que embaçavam o vestiário. Por outro lado, foi campeão paulista com o Ituano em cima do Santos, campeão carioca pelo Vasco, quando foi cortejado pelo Grêmio, e fez uma boa campanha na Série A com a Ponte, quando errou ao sair para o São Paulo. Ou seja, para um treinador iniciante, é um currículo que inspira confiança, quantos alcançaram os títulos paulista e carioca de forma seguida e com menos de 10 anos de carreira? Não lembro de nenhum, se alguém lembrar, posta nos comentários.

O conjunto dos motivos acima foi que me fez defender a vinda de Doriva.

No Bahia, Doriva começou o ano com um elenco limitado, recém formado e recheado de jogadores da base, mesmo assim, obtivemos nosso melhor início de temporada da história. Ademais, recuperou Feijão e revelou Éder. Sobre o padrão de jogo tão criticado pela torcida, por não existir na opinião da maioria, Doriva varia do 4-2-3-1 e 4-1-4-1 quando está sem a bola e 2-2-3-3 e 2-1-4-3 quando está atacando, em alguns jogos estes desenhos são claros, como já demonstrei no post http://www.sobahea.net/2016/02/o-4-1-4-1-comeca-encaixar-mas.html.

Porém, na hora da onça beber água, nosso time fracassou, fomos eliminados pelo Santa Cruz na semi do NE, o confronto foi equilibrado com leve predomínio do time pernambucano, treinado por um iniciante, e decidido pelo um erro; fracassamos também na final do baiano, quando fomos dominados pelo VCB na primeira partida e dominamos a segunda, confronto decidido pelos árbitros gaúchos; e fomos eliminados pelo Coelho, treinado pelo veterano Givanildo, outro desejado por parte da torcida, em dois jogos que dominamos completamente o adversário, sendo decidido pela incompetência do nosso ataque. Sem dizer que tomamos o maior sufoco da nossa história na Fonte no jogo com o Fortaleza, treinado por Marquinho Santos, outro pedido por parte da torcida e criticado por outra.

Na Série B, em 5 rodadas, temos 8 pontos conseguidos com 2 triunfos e 2 empates, aquém do que desejamos e podemos, ademais o time vem alternando um tempo ruim e outro bom. No jogo de ontem, fizemos um primeiro tempo bom, dominamos o adversário e desperdiçamos chances. Na minha opinião, o domínio era tão evidente que Feijão se tornou uma peça decorativa em campo. Por isto, não estranhei quando Danilo Pires voltou no seu lugar no final do intervalo, porém DP entrou muito mal, errava tudo e era incapaz de reproduzir o bom papel do jogo contra o Vasco, quando também atuou recuado. Isto somado ao cansaço de Cajá fez com que perdêssemos o meio-campo, aí Doriva fez a leitura e a substituição erradas, entrou com Zé Roberto, mais um atacante, quando era necessário retomar o controle do meio. O resto todo mundo já sabe.

Encerrando, a torcida tem razão para pedir a saída do treinador, mas discordo daqueles que têm a saída de Doriva como um fim em si mesmo, como lembrou o colega Chico da Embaixada de Brasília, no intervalo do jogo de ontem, vários já bradavam pela saída do treinador e afirmavam para isto que o Bahia tem o segundo melhor elenco do torneio. Como vimos no cenário político nacional e em vários times, a simples troca do comando não resolve os problemas de imediato, milagres e soluções mágicas não caem do céu por isto.

A Diretoria está numa encruzilhada, tem obrigatoriamente de escolher entre Doriva e a Nação, eu já tomei meu lado, #tchauquerido.


Miguel Leite – Torcedor do Bahia e parceiro do BLOG

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