O Esporte Clube Bahia é completamente novo em 2016, aconteceram mudanças na comissão técnica e todo elenco foi renovado. A nova formação está invicta, empatou apenas um jogo amistoso contra o Santos, no entanto, só não levou gols em uma partida. Ainda assim, o técnico Doriva que no Domingo completa dois meses no clube admite que o Bahia precisa melhor em todos os setores, não tão somente na defesa. Em entrevista ao Jornal A Tarde publicada neste sábado, o treinador acertadamente reconhece que o elenco do Bahia comporta bons e jovens jogadores, mas que é preciso atletas de maior experiência
Veja a entrevista
Como avalia esses dois primeiros meses à frente do time?
Está tudo transcorrendo bem. São atletas novos, mentalidade nova e isso leva tempo para funcionar. Acho que estamos tendo um início favorável, com triunfos, o que nos dá confiança. Mas precisamos melhorar ainda.
No que precisa melhorar?
No geral, não estou contente com nenhum setor. Precisamos reter mais a bola, criar mais chances e marcar melhor. É um nível de exigência alto, porque a equipe quer fazer uma temporada segura. Teremos que ter novas peças, com jogadores mais experientes, já que temos um elenco jovem.
Reforços em quais setores?
Em todos. Temos bons jovens, mas vamos precisar de atletas mais experientes e um time mais 'encorpado' para o Brasileiro. Temos que ter no mínimo dois do mesmo nível para cada função.
Mas para o primeiro semestre, quais reforços você aguarda?
Esperamos um zagueiro e um meia. Talvez mais um atacante de beirada, já que perdemos o Mário, que teve lesão e pode ficar parado por algum tempo. Um centroavante, também, porque os que temos são jovens, como Jeam e Jacó.
Suas opções para mexer no time geralmente são atletas recém saídos da base. É uma estratégia do clube ou acontece por falta de reforços?
Nossa primeira ideia era essa, fazer um elenco enxuto para ver as carências que temos e depois contratar. É o momento para observar nossos atletas, já que o Bahia é uma escola.
Até agora o time só não tomou gols em uma partida. A zaga tem sido o ponto fraco do seu trabalho até agora?
A zaga corre riscos pela postura ofensiva que propõe. Tomamos dois gols contra a Juazeirense, no primeiro jogo (do Estadual), por exemplo, por um erro de cálculo. Foram falhas, lógico, mas falhas são corrigíveis. Estamos trabalhando em cima delas. Consequentemente, vamos melhorar.
Contra o Santa Cruz, o time atuou bem fechado e no contra-ataque. Será a postura do time na temporada?
Depende da estratégia. Tem jogos, como contra o Santa Cruz, que o adversário gosta de ser atacado para contra-atacar, e eu tirei isso deles. Mas nossa equipe ficou muito atrás. Quando a gente recuperava a bola, acabava perdendo muito rápido. Meus times nunca tiveram essa característica, todos trocavam passes quando recuperavam a bola para ocupar o campo ofensivo.
O que aprendeu na passagem sem sucesso pelo São Paulo?
Aprendi de tudo. Imagina chegar num lugar que com três dias o presidente sai? Aquele presidente que confiou no seu trabalho? Aí ninguém chega perto de você para conversar, porque não sabe se você vai ficar... Trabalhar com atletas que não são comprometidos também foi um aprendizado. O São Paulo tem atletas que não fazem o que o técnico pede, e quando não fazem, sobrecarregam todo o sistema. Já foi o tempo para o atleta ter privilégio em campo. Se ele é disperso, ele te prejudica diretamente.
Falta de comprometimento é um mal dos grandes times?
O Corinthians não sofre com isso. O grande mérito do Tite é esse, o time é muito comprometido taticamente. Na minha concepção, se você tem um atleta que faz a diferença, você pode montar uma estratégia para privilegiar ele. Ainda assim, é um atleta só, e olhe lá! Porque se você tiver nove comprometidos, você está jogando com um a menos. No caso do São Paulo, às vezes a gente jogava com três a menos, e aí ficava difícil.
Como tem avaliado disputar também um regional no primeiro semestre? É um teste melhor que só um estadual?
A Copa do Nordeste vem sendo uma referência para o resto do Brasil. Pela organização, pelos jogos, pelo público... Mas é complicado fazer essa avaliação, porque o Estadual também tem seu charme. É uma situação complicada porque não se pode privilegiar o Bahia e esquecer dos times menores, que de repente tem só o Estadual para disputar.
Concorda com as críticas de que os técnicos brasileiros estariam defasados?
Acredito que são comentários de pessoas que não estão aptas para julgar, porque o cara que fala isso, sinceramente, não entende de futebol. Eu, pelo menos, estive recentemente na Europa. Não fui fazer curso, fui ver jogos. Estive no Barcelona, vi os treinamentos, e acho que o que existe é uma falta de respeito com o treinador brasileiro.
Falta uma exigência de formação para treinadores?
O cara tem conhecimento empírico, que ele obteve por ser ex-atleta ou por ter trabalhado num clube. Mas ele pode ter outro tipo de conhecimento, de outra ordem. Só agora começou a ter um curso, o da CBF, que é padrão Europa. Tenho amigos que fizeram lá e estão fazendo aqui e que dizem que é do mesmo nível. O treinador brasileiro não está defasado. Olha o Guardiola. Ele é um ex-atleta, que começou no time B do Barcelona, fez um bom trabalho e foi para o time A. Hoje, é o melhor treinador do mundo. O que ele fez de diferente da gente? Fez 10 cursos? Não fez... Não tem nenhuma teoria mirabolante. É o conhecimento adquirido da carreira dele.
No começo do ano, sentiu que Lomba não queria ficar no Bahia? Chegou a conversar com ele para que ficasse?
Não, porque não sou invasivo. Conversei com ele, mas sempre passei que era uma decisão particular. Mas ele tinha contrato com o clube e, como o Lomba é muito profissional, sabia que ele não queria manchar a imagem de homem correto. E nisso, ele foi fantástico.
Foi você quem decidiu tornar Lomba capitão da equipe?
Foi, sim, desde o primeiro momento. Temos jogadores experientes, mas o perfil dele ajuda a ser capitão. Um cara muito competitivo, que não deixa ninguém se acomodar. Ter um cara desses no vestiário ajuda muito.
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