O tema é praticamente inesgotável. Afinal, dirigentes de clubes, empresários e a mídia sabem muito bem articular a pauta de reforços para ocupar o vazio dos recessos de campeonatos e férias de jogadores. Os torcedores se inflamam e não discutem outra coisa. Não é diferente com a Torcida Vitória Candango.
Dirigentes de clubes e empresários fixam as suas táticas para se dar bem no verdadeiro leilão que se estabelece. Os rubro-negros de Brasília, com raras exceções, mostram-se revoltados, não faltando quem quase chegue ao paroxismo, diante do que lhes parece o imobilismo da direção do Vitória.
“Todo ano é igual. O time só fica com bolacha quebrada”, argumenta Afonso. Sobre a vinda de Leandro Domingues, Rafa não faz por menos: “Quando jogava no Leão, os críticos o chamavam de Leandro Dormindo”. José Renato também rejeita o reforço. Fernando Barbosa está entre os mais pessimistas e arrisca que não haverá reforço que preste. André também é cético. Gilmar arrisca uma provável escalação por dia, sempre apenas com atletas da base. Quem contemporiza? Marcelo de Jesus e Tiago, dando crédito de confiança aos dirigentes. O debate chega a uma média de mais de 500 postagens diárias no whatsapp da Torcida. A linha dominante é de recusa a nomes revelados na base e que podem retornar, como Arthur Maia e William Henrique.
Vez por outra, lá vem o nome de Adriano, que a mídia carioca transformou em “Imperador”. Afinal, há décadas, todo atleta do Estado do Rio tem um apelido que lhe valorize o passe e arraste público para os estádios. Ronaldo Fenômeno, Galinho de Quintino, Edmundo Animal, Dario Peito de Aço, Jeremias o Bom, Senhor Futebol (Didi), Professor Nilton Santos, Diamante Negro (Leônidas). Mesmo nada tendo produzido desde o retorno da Europa, em 2011, ainda que passando por contratos de produtividade, Adriano não deixa de ser lembrado. Ainda que seja hoje um atletas mais citado como polêmico que por sua eficiência em campo.
Grandes nomes fizeram parte da história do Leão da Barra, como forma de animar a torcida. Vários com sucesso, o que é um capítulo à parte. Mas não faltaram os nomes que não deixa sozinho como frustração o atacante Manoel Lourenço, citado no artigo A GRANDE CERTEZA: REFORÇO NEM SEMPRE DÁ CERTO, publicado neste blog.
No distante 1963, o Vitória trouxe um nome conhecido internacionalmente, Joel Martins, então com 33 anos. Revelado pelo Botafogo, participou da Copa de 1958 como reserva de Garrincha, quando já atuava pelo Flamengo. Voltou com a taça, a primeira conquistada pelo Brasil. Do Flamengo, Joel foi para o Valencia (Espanha), retornou ao rubro-negro carioca e encerrou a carreira no Vitória. Sagrou-se campeão estadual em 1964, seu último ano como atleta, mas se engana quem o imagina como o grande nome da competição. O goleador do campeonato foi Jorge Bassu, do Galícia, com 14 gols, seguido de Didico, do Vitória, com 13. Os outros artilheiros rubro-negros foram Reginaldo (6 gols) e Artur Lima (5 gols). Os torcedores mais veteranos só lembram de um gol de Joel, cobrando um pênalti, contra o São Cristóvão.
O Vitória parece ter criado entusiasmo por grandes estrelas. Em 1968, desembarcou Coutinho. Não era qualquer um. Para jogar na companhia de Pelé, foi lançado pelo Santos com apenas 14 anos, em Goiânia, no jogo em que goleou pela primeira vez como profissional. Seu nome seria celebrizado pelas tabelinhas com o Rei, que dele chegou a dizer: "Coutinho, dentro da área, era melhor que eu. Sua frieza era algo sobrenatural".
Jogando contra o Grêmio, Coutinho recebeu de Pelé um passe de cabeça alguns metros além da divisória do meio-campo. Devolveu com a cabeça e foram ambos tabelando com a cabeça até perto da pequena área. Só faltava para ele mais uma cabeçada para o fundo do gol. Preferiu enganar o goleiro, tocando atrás para Lima, que acabara de chegar na área. Foi dele o gol Os três craques foram comemorar debaixo de entusiásticos aplausos de um estádio inteiro formado por adversários gremistas, dos torcedores mais fanáticos do Brasil.
Jogou no Santos de1958 a 1968, veio para o Vitória, passou pela Portuguesa e voltou ao Santos. Ainda jogaria no Atlas (México), no Bangu e no Saad (1973), onde encerrou a carreira.
Coutinho tinha tendência para engordar e foi assim que vestiu a camisa do Vitória. Não há no futebol de hoje paralelo de peso com aquele Coutinho. Foi um ano apagado e o time amargou um terceiro lugar em um campeonato conquistado pelo Galícia. Mas teve a oportunidade de fazer valer a fama de “gênio da pequena área". A vítima seria o mesmo São Cristóvão. Coutinho recebeu na marca do pênalti, deu cinco dribles curtos, rápidos e eficientes nos zagueiros que apareceram pela frente e fuzilou: gol. O únco que ficou na memória.
Fernando Tolentino - Torcedor do Vitória e amigo do BLOG
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