Escreverei sobre um assunto que a todos tem estimulado dar palpites: Afinal, como o Sport depois de perder o campeonato pernambucano, sem ter chegado â final, como também ter perdido a Copa do Nordeste numa semi-final contra o Bahia, é líder do "Brasileirão" na série "A" do campeonato nacional? Como explicar um fenômeno desse tipo sem racair nos velhos preconceitos do etnocentrismo sudestino e sulista? Eu me pergunto tais questões e isso me desafia depois que minha turma de Direito colocou para mim sobre uma má vontade do Brasil inteiro com o Spor-PE ao relacioná-lo com a fase da seleção de Dunga. Desde logo vou rebater o argumento simplista de que a seleção de Dunga e o fato do futebol brasileiro viver uma crise na CBF tenham relação com o lugar que o Sport-PE ocupa.
É notório que a seleção de Dunga e de Felipão na Copa do Mundo passam por uma crise moral e técnica, todavia os problemas da CBF não são sobre a qualidade do jogador brasileiro, indiscutivelmente um produto de exportação pela fama de talentoso que indiscutivelmente mantém. Falar que a crise do futebol é de uma geração de valores poucos técnicos que não tem intimidade com a bola é não conhecer o futebol brasileiro, acompanhar o futebol nacional e o futebol dos brasileiros jogando fora de seu país. Todos os grandes times do mundo possuem brasileiros, inclusive o Campeão europeu, o Barcelona. Portanto, devemos circunscrever a crise do futebol brasileiro a um problema estrutural na CBF, entidade que não administra os recursos dos clubes de futebol do país que seguem formando bons jogadores.
Mas, o motivo dessa exposição não é a crise do futebol da seleção da CBF. Quero falar que usar o fato do Sport estar a duas rodadas na ponta do Brasileirão e relacioná-lo com os problemas vividos pela seleção brasileira é uma exteriorização da má vontade contra o futebol nordestino e finalmente a ideologia etnocentrista do eixo sul-sudeste que não viu ainda que hoje o Campeonato do Nordeste oferece ao país uma fórmula de campeonato inter-regional muito forte, lucrativa e que tem deixado os clubes nordestinos mais capitalizados para investir e competir no futebol brasileiro de igual para igual com outros clubes muito favorecidos por sua situação geográfica no sudeste e com melhores receitas da televisão. A distribuição da exposição dos clubes nacionais na televisão é uma dessas coisas absurdas que resistem a qualquer análise mais justa da distribuição do retorno financeiro para os clubes isonomicamente.
E o futebol do sudeste e do sul tem passado longe também de uma análise mais cuidadosa do valor da campanha do Sport-PE. O Sport-PE tem um treinador que cuida de futebol profissional faz uns 3 anos, falha a mamória. E mesmo com a dupla desclassficação nos campeonatos do 1ª semestre do Brasil, a diretoria do Sport manteve seu treinador contra uma cultura imediatista de despedir seus treinadores sem que tenham tempo para conseguir armar seus times de acordo com uma ideia e um trabalho bem cuidadoso. Para mim esse é o fator preponderamente do sucesso do Sport Recife no futebol nacional: conseguiu contrarar bons jogadores e manteve seu técnico. Não há mais que aplaudir o momento do Sport e fazer com que essa cultura de abraçar um trabalho de longo prazo para os treinadores ganhe para o imediatismo sempre. É um sinal muito bem-vindo de Recife que trago para o futebol baiano.
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