A primeira experiência em um jogo de futebol, fomentando a paixão clubística, é sempre inesquecível. Dramático em algumas partes, mas plenamente empolgante, ainda mais quando a partida em si trata-se de uma decisão. Era final de Copa do Nordeste, com mais de 40 mil torcedores na Arena Fonte Nova, uma festa linda nas arquibancadas com direito a mosaico. Impossível não haver aquele nervosismo habitual.
Estava entusiasmado para conhecer a nova Fonte Nova, a ansiedade chegava a ser agoniante. Vestimos o manto, separamos as bandeiras e pegamos a estrada, ainda pela tarde, para aproveitar os momentos antes do início da partida. Eu, meu pai e meu amigo Robério Figueredo. Mais de 3 horas de viagem de São Miguel das Matas com destino à Salvador, parecia que não chegaria nunca, fomos daqui até lá debatendo sobre a partida decisiva e tentando prever o resultado perfeito.
Chegando na capital, nos encontramos com meus primos Lucas Costa (o mais agoniado de todos) e Uelberte Andrade. Time completo! Pegamos o metrô em direção à Arena, uma animação tremenda. A cidade vestida de azul, vermelho e branco. Era carnaval fora de época. Os gritos de "Bora Bahêa, Minha Porra!" entoavam pelos quatro cantos. Chegamos ao estádio cedo, à tempo de pegar o mosaico, para alegria de Lucas. A BAMOR ainda afinava os instrumentos para dá início à festa.
A vibração, o orgulho, o entusiasmo ainda é o mesmo dos velhos e inesquecíveis bons tempos do "Bahêa". O mosaico, que literalmente pintou a Arena de azul, vermelho, e branco, e o hino do Bahia tocado por Luiz Caldas e acompanhado pelos mais de 40 mil tricolores deu o toque especial que tirou lágrimas de emoção e alegria dos eufóricos torcedores. Nunca tinha visto nada igual antes. Era contagiante, mesmo diante do futebol apresentado e do frango bizarro, a nação não parou de cantar um só minuto.
É verdade que o espetáculo ficou apenas nas arquibancadas, mas, independente do resultado e da ressaca moral, foi uma noite para ficar na memória. Estádio de Copa do Mundo, casa cheia, mosaico e muita paixão. Champions League? Não! Era Lampions League mesmo. O futebol apresentado por ambos os times pode não ter sido, mas a festa foi digna da Liga das Estrelas, digna de uma final de campeonato, digna de uma competição que já mostrou que tem lugar cativo no coração do torcedor nordestino.
Apesar dos apesares, uma coisa chamou nossa atenção, a torcida apoiou o time não só durante todo o jogo, mas também depois. Não se acreditava que o jogo acabou, e realmente não acabou, faltam ainda 90 minutos. E que venha o embate de volta, vamos virar essa "bagaça" lá no Ceará e trazer o troféu para Salvador. Se não for sofrido, não é Bahia! Por fim, a música "Boa Noite" do cantor e compositor Jau reflete bem o sentimento daquela noite de quarta-feira: "Ainda bem que eu sou Bahia, mesmo quando ele não vai bem, algo me diz em tricolor, que o sofrimento leva além, não existe amor sem dor.."
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