sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Bahia e Vitória precisam mudar e resgatar o orgulho

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"Bahia e Vitória, abraçados na zona de rebaixamento, não fazem bem para o torcedor e não agradam os patrocinadores. É preciso mudar a cultura, trabalhar e resgatar o orgulho"

Bahia e Vitória são os dois piores mandantes do Brasileiro. Em casa, somaram 19 pontos em 15 partidas, pois ganharam cinco, empataram quatro e perderam seis. O Bahia é o único entre os 20 clubes que sofreu mais gols (12) do que fez (11) diante da própria torcida - o Figueirense também tem 19 pontos, mas fica à frente da dupla Ba-Vi pelos critérios de desempate.

As campanhas padrão rebaixamento dos baianos em grande parte são pela falta de competência para fazer o dever de casa. Como mandante, o Bahia já perdeu na Fonte Nova, no Joia da Princesa, em Feira; e na Arena Barueri, em São Paulo. O Vitória foi derrotado no Barradão, em Pituaçu, e no Joia da Princesa. Não existe estádio bom para quem tem elenco e time ruins. Quem monta o grupo de trabalho é a diretoria.
O principal problema rubro-negro está no setor defensivo. É, aliás, algo sem solução desde o início da temporada. Na virada do ano, saíram Victor Ramos e Kadu. Chegaram Dão, Rodrigo Defendi, Ferrari e Salustiano foi promovido. A deficiência atingiu níveis crônicos já no estadual e na Copa do Nordeste. Aí Kadu voltou, ainda chegaram Alemão, Ednei e Roger Carvalho e nada mudou. Victor Ramos não seria solução. Falta encaixe.

Na balança descalibrada tricolor, a ausência de gols tem sido o grande entrave. Somente o Criciúma, companheiro de zona, fez menos (25 a 21). Ano passado, quem foi salvo por Fernandão e assistia lampejos de Wallyson e Marquinhos Gabriel hoje sofre com Maxi Biancucchi e Marcos Aurélio, os dois maiores salários do Fazendão, fora Rhayner, Henrique, Rafinha, Potita e Barbio, que teve a segunda chance, mas parece não existir recall que venha a dar jeito.

A luta contra a Série B é consequência dos erros na gestão do futebol. O setor tem profissionais contratados, mas a cada ano parece vítima de decisões amadoras. Bahia e Vitória vivem em uma constante espiral negativa. Quem se destaca vai embora e fica quem não tem opção.

A exceção da final da Copa do Brasil 2010 do Vitória, os clubes baianos não participaram de qualquer grande momento. O mais estranho é que acumulam decepções há dez anos, quando em 2005 caíram juntos para a Série C, porém pouco mudaram na cultura de trabalho. Repetem hábitos e comportamentos.

Investir na divisão de base e dar oportunidade para os talentos é uma necessidade, mas não a única. Talvez mais importante seja rever a cultura daninha das barcas de contratados. Bahia e Vitória são especialistas em contratar e dispensar no atacado.

Elencos inchados, folhas altas, ausência de rendimento e, por fim, a inadimplência. Sem controle de gastos, equilibrando-os às receitas, é impossível terminar o ano com superávit. E fechar o ano no azul não é apenas ter uma gestão responsável, mas sim construir a base para poder ir ao mercado com crédito para buscar melhores atletas ou investir na infraestrutura do próprio clube. É alimentar o futuro.

Ao invés do auto-engano e da tentativa de silenciar as críticas com “reforços” sem critério (ou com interesses pessoais), é preciso trazer os sócios e patrocinadores para o lado e mostrar a situação. Quando quem quer o bem do clube ver e entender o tamanho do problema, aí sim apontar o planejamento para transformar a realidade, resgatar o orgulho. Trabalhar com cumplicidade, e não sobe a ótica da desconfiança. A torcida vai entender se a conversa for franca e as ações, transparentes.

Sacrifício muito maior para o torcedor é ser apunhalado a cada vez que o time vai a campo. As empresas privadas, em especial  as bem sucedidas e poderosas, valorizam a marca. Algo intangível e construído ao longo de anos com esforço e competência.

A Copa e os comerciais na TV mostram como as empresas gostam de futebol. Não morrem de amores é pelos clubes. As notícias vindas da dupla Ba-Vi não fazem bem a marca alguma. Muito menos ao coração do sócio/torcedor/sofredor. Bahia e Vitória, abraçadinhos na zona de rebaixamento, sabem como é.


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