sexta-feira, 16 de maio de 2014

Torcida do Bahia: menos assídua e mais chata

Comentários
Sou baiano, tenho 33 anos e torço pro Esporte Clube Bahia. Frequento o estádio e me associei ao clube quando de sua democratização no último ano. Como disse, sempre que posso dou minha chegada na Fonte Nova pra apoiar o clube durante os jogos, ciente das dificuldades e limitações de nosso elenco. Contudo, infelizmente, talvez resultado de quase uma década de contínuos sofrimentos e total ausência de administração no clube, tenho notado uma torcida, perdão companheiros, cada vez menos assídua, mais chata e mais intolerante com os jogadores oriundos da nossa base.

Sei que o que vou escrever vai levantar a ira de boa parte dos nossos torcedores, mas quero fazer isso.

Ontem, durante o jogo contra o América/MG, estava no setor leste da Fonte Nova. Pois notei uma insistente impaciência e má vontade com Raylan desde o início do jogo. Um grupo de senhores numa fileira abaixo da minha insistentemente vociferava palavrões, piadas de mau gosto sobre a qualidade do jogador (por exemplo, que ele não deveria jogar no time do Bahia e voltar a ser mascote...), reclamações das mais variadas (quando não subia, que não sabia apoiar; quando tinha dificuldades com o ponta esquerda e com o lateral esquerdo do rival, este último que subia sem acompanhamento de qualquer homem de ataque do Bahia, especialmente de Maxi Bianchucchi que ocupava o setor direito de ataque)...

O engraçado é que este mesmo grupo de torcedores vibrou incessantemente quando o garoto, com personalidade, tirou Henrique da frente e deu pra Branquinho só empurrar por gol...

Este tipo de atitude só serve pra dar insegurança à garotada que recebe chances... Ah, eu sei, vão falar em Pará, que fez o gol no clássico... Ontem o garoto teve as mesmas dificuldades que Raylan, mas ninguém notava, porque ele vem recebendo sua sequência e já teve chance de mostrar parte de seu potencial.

Penso que a torcida, pelo menos durante os jogos, tem que mostrar mais paciência, mais boa vontade com a garotada, pra evitar até ser injusta, como, ao meu ver, foi ontem com Raylan. Notei que sempre que ele pegava na bola havia aquele frisson no estádio, o que só serve pra atrapalhar.

O pior é que, ao meu ver, o garoto fez uma partida muito boa, principalmente no primeiro tempo. Subiu até o fundo pelo menos duas vezes, inclusive no lance do gol. Foi seguro na marcação, mesmo com a dobra de jogadores do América em cima dele e sem a ajuda da marcação dos homens que jogam na frente e pelo lado do Bahia. Temos que lembrar que o time desse ano não joga como o do ano passado. Ano passado, os homens de beirada do ataque do Bahia, por orientação de Cristóvão, voltavam acompanhando os laterais rivais. Até por característica dos jogadores, exceção feita a Rhayner, que corre o campo todo, os demais jogadores de frente, no máximo, só fazem sombra e não marcam de fato o atacante rival, onerando os lateriais.

Em resumo: adoraria que nossa torcida voltasse a invadir a Fonte Nova (os dois públicos dos dois últimos jogos são, ao meu ver, injustificáveis, principalmente se tratando de um BAVice e do último jogo em nossa casa antes da Copa) e tivesse com os nossos garotos a mesma paciência que apresenta com os jogadores mais caros. Afinal, porque Maxi, que ganha R$150 mil por mês, pode errar sistematicamente, e Raylan, garoto que está iniciando sua carreira, não tem a mesma benesse?

Também me irrito durante os jogos, me irrito com erros... Mas penso veementemente que a função do torcedor, durante os jogos, é apoiar, aplaudir, tentar passar energias positivas pros jogadores... Penso que as vaias e protestos só devem ser propagadas ao final dos jogos, nunca durante.

Tomara que nossa torcida apaixonada volte a frequentar nossa Fonte Nova e apoiar nosso clube. Penso que os novos rumos democráticos que vêm acompanhando nosso Bahia do final do ano pra cá, vão ajudar com isso. 

BBMP.

Carlos Patrocinio

Nenhum comentário :

Postar um comentário