Matéria de Elano Jorge e Luiz Cosenzo, publicada neste sábado na Folha de São Paulo, tenta mostrar que quando existe organização, planejamento e, sobretudo, competência, clubes de enormes receitas podem, além de sobreviver, realizar campanhas de destaque, como fazem o Atlético-PR, Goiás, e o Esporte Clube Vitória no atual Campeonato Brasileiro. Veja.
Desde que o Campeonato Brasileiro adotou a fórmula de pontos corridos, em 2003, ficou evidente a dificuldade de permanecerem na elite os clubes que haviam jogado a Série B na temporada anterior. É comum que um deles seja rebaixado logo ou na edição seguinte.
Atlético Paranaense, Goiás e Vitória ocupam, nesta ordem, a quarta, a quinta e a sexta posições. Nunca tantos times oriundos da segunda divisão estiveram tão bem. Atleticanos e alviverdes disputam a semifinal da Copa do Brasil, respectivamente, contra Grêmio e Flamengo.
"Os três clubes possuem boa estrutura física, com centro de treinamento, revelam jogadores das categorias de base e conseguiram montar elencos qualificados, mesmo sem ter a arrecadação de clubes como Corinthians, Flamengo e São Paulo. As comissões técnicas souberam aproveitar essas condições favoráveis", afirmou à Folha o técnico do Vitória, Ney Franco.
Corintianos e flamenguistas embolsam mais de R$ 100 milhões, cada um, somente com direitos de transmissão do Nacional, enquanto Atlético-PR, Goiás e Vitória, que também estavam entre os 20 integrantes do Clube dos 13, não superam o patamar de R$ 35 milhões.
O Criciúma, que não fazia parte do grupo, recebe aproximadamente a metade desse valor em 2013. No ano passado, sua fatia era de R$ 1,8 milhão.
Ao contrário de anos anteriores, quando as cotas de TV eram reduzidas em 50% e até 25% no caso de equipes que eram rebaixadas, os membros do C13 passaram a receber a verba integral a partir do contrato assinado em 2011, mesmo fora da Série A.
Ou seja, tinham dinheiro suficiente para montar equipes fortes na segunda divisão. Atlético-PR, Goiás e Vitória fizeram isso.
Ao contrário do Criciúma, que reformulou seu elenco para esta temporada, o trio manteve seus times, pois já tinham na Série B jogadores com currículo de primeira divisão. O Vitória começou o Brasileiro de 2013 com sete titulares remanescentes do ano anterior. Um dos jogadores que saíram foi William, atual vice-artilheiro da elite pela Ponte Preta.
"O elenco é qualificado, aplicado taticamente, e tem boas opções para cada posição", avaliou Ney Franco, que está há 14 rodadas no campeão baiano.
O Goiás perdeu apenas dois titulares: o lateral esquerdo Egídio e o meia-atacante Ricardo Goulart, que agora atuam no líder Cruzeiro.
"Quando montamos o time para a Série B, buscamos um perfil de Série A. Foi fundamental para, após conquistar o acesso, já ter uma base. Mas procuramos peças para qualificar o grupo e tentamos não perder atletas", disse o treinador Enderson Moreira, do bicampeão goiano.
"Além disso, a gente tem jogado no mesmo sistema [tático] há quase dois anos, e os jogadores entendem muito bem, têm total noção sobre isso", acrescentou.
Os atleticanos também só reforçaram sua espinhal dorsal. E optaram por uma preparação inusitada. Enquanto uma equipe sub-23 disputava o Estadual, o time principal excursionava no exterior e teve uma pré-temporada de quase três meses.
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