Esperança de moralidade no Bahêa

Ruy Aciolly, Marcelos Guimarães (pai e filho), Paulo Maracajá
e Petrônio Barradas em um restaurante de Salvador

Caro torcedor,

O momento do nosso Esporte Clube Bahia fora de campo não é bom. É compreensível que muitos torcedores estejam temerosos e alguns até confusos com o grande número de informações disparadas de todos os lados, através da mídia. Mas podemos encarar a intervenção como uma oportunidade de almejarmos um novo Bahia, mais democrático e organizado.

Primeiramente, é necessário esclarecer que a intervenção no clube é uma decisão judicial. Sem o aval da justiça, não seria possível. Cabe a ela julgar se é procedente ou não esse processo. Desqualificar a intervenção, é desqualificar a justiça baiana, portanto, é preciso ter cautela nesse tipo de análise.

Outro ponto importante de esclarecimento é a legitimidade de Marcelo Guimarães Filho - MGF como ex-presidente do Bahia. A legitimidade dele assumir a presidência veio por vias estatutárias, mas estas podem ser contestadas, desde que fique comprovada a existência de irregularidades durante o processo de eleição ou fatos pré-eleitorais que possam influenciar o resultado das eleições. A compreensão é fácil. Digamos que se descobrissem irregularidades no processo eleitoral da presidente Dilma, a legitimidade da presidente no cargo seria contestada do mesmo modo.

A grande questão é: que critérios verdadeiramente foram utilizados para afastamentos de alguns conselheiros às vésperas das eleições para presidente do Bahia? Inicialmente, o clube alegou inadimplência, mas a inverdade desse fato parece ter sido comprovada junto a justiça. Ainda assim, existiram conselheiros que permaneceram, mesmo inadimplentes. São questões que permitem sim as contestações que estão sendo feitas.

Já o processo do torcedor é outro, que embora relacionado com a intervenção, não está associado a ela. A insatisfação do torcedor com a gestão de MGF é fruto da falta de transparência e democracia no clube. Por essas questões que a torcida clama contra MGF e por isso protesta. E o torcedor faz com o direito que tem de fazer, pois é ele quem paga ingresso e vai ao estádio torcer pelo time, é ele quem compra produtos na loja oficial, quem dá sentido para atrair investidores. O torcedor não se manifesta para ter intervenção, torcedor é apenas torcedor, que aplaude quando o time dá motivos de orgulho e vaiam quando este dá motivo de vergonha. A intervenção é apenas uma esperança que a imoralidade seja extinta do Bahia. E somente por isso o torcedor a apoia.

A verdade é que tem muita "gente grande", pessoas que se considerava acima de tudo e de todos, mordidas por conta dessa intervenção, e reagem por se sentirem ameaçadas. Se são atitudes de desespero, eu não sei, mas posso dizer que estas pessoas só fazem se complicar, não percebem que só estão piorando as coisas, provocando a ira do torcedor, afastando ainda mais a torcida. Ruy Aciolly, por exemplo, já deixou claro que é contra eleições diretas no Bahia. Se um homem de confiança do ex-presidente, que sempre teve voz e cargo importante dentro do clube, faz uma declaração dessas, não seria irrazoável interpretar que este também deve ser o pensamento de MGF, que fez promessas de "Eleições Diretas no Clube".

Não me estendo mais no comentário, mas os demais fatos que não são poucos, só servem para reforçar ainda mais a insatisfação do torcedor e o desejo de que a intervenção seja um sucesso. Ausência de funcionários do financeiro e do RH, contas bancárias zeradas fora do estado, conselheiro torcedor declarado do Vitória e com relação próxima à família dos Guimarães, enfim... são fatos que só colocam em dúvida a moralidade na gestão de MGF a frente do Esporte Clube Bahia. Tem direito ou não o torcedor de se colocar totalmente contra o retorno de MGF ao comando tricolor?

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Vinicius Sampaio, é professor, torcedor do Bahia, parceiro, administrador do BLOG Bahia Meu Esquadrão, e um dos mais expressivos torcedor tricolor, embarcado na luta pela moralização do Esporte Clube Bahia