Por João Bani, músico baiano
O Bahia, calado, gigante mudo e atônito, uma personalidade em azul, vermelho e branco, como um grande e imponente nave que navega saudosa de conquistas e glórias de combates passados, vê seu comandante e seus “oficiais” castigarem seu casco, seu convés, sua ponte, com vilanias, falcatruas, que o levaram a humilhações. Amotinada, sua tripulação se rebela, e inicia movimentos vigorosos para manter o navio no prumo. Essa imagem naval foi somente para dar uma ilustração à situação do tricolor baiano. Não ousaria escrever mais, com risco de envergonhar a memoria do meu avô Gustavo Barreto, intrépido participante da Revolta da Chibata, que sabia tudo do Mar, e eu nada sei, mal nadar.
O Bahia, calado, gigante mudo e atônito, uma personalidade em azul, vermelho e branco, como um grande e imponente nave que navega saudosa de conquistas e glórias de combates passados, vê seu comandante e seus “oficiais” castigarem seu casco, seu convés, sua ponte, com vilanias, falcatruas, que o levaram a humilhações. Amotinada, sua tripulação se rebela, e inicia movimentos vigorosos para manter o navio no prumo. Essa imagem naval foi somente para dar uma ilustração à situação do tricolor baiano. Não ousaria escrever mais, com risco de envergonhar a memoria do meu avô Gustavo Barreto, intrépido participante da Revolta da Chibata, que sabia tudo do Mar, e eu nada sei, mal nadar.
Desse Bahia, vi as batalhas regionais com décadas de domínio absoluto no estado, vi o crescimento até a conquista do segundo campeonato brasileiro (não havia nascido no primeiro), vi um excelente ano seguinte, e gradualmente a decadência até o rebaixamento e sete anos nas divisões inferiores.
Mas nunca vi a torcida tão consciente da necessidade de se retirar do comando do tricolor um dirigente, aquele marujo de meia tigela, herdeiro da ladroagem, vestido não de alva farda naval, mas de ladino jaleco branco manchado por picaretagens e processos judiciais.
Casuísmos, roubos, mentiras, administração temerária ,perda de jogadores formados no clube, humilhações em campo. Alguém disse “basta”.
E a torcida vem atendendo ao chamamento à consciência, feito por setores organizados entre os torcedores, movimentos, embaixadas, torcidas organizadas. Porém a craca não solta do casco. Beija a maré entre risadinhas, rebola debochada como uma cabrocha. Abre seu bocão e solta um palavrão.
Estamos em plena campanha de “Publico Zero” no nosso mando de campo, visando sensibilizar a Fonte Nova da gravidade da situação, e atingir os bolsos dos corsários do tricolor.
Os manifestos contra a diretoria se repetem Brasil e até mundo afora. Onde quer que haja um tricolor baiano consciente, haverá o pedido de “Fora Corja”!
Curiosamente, nas duas ultimas rodadas, não obstante o desmonte e a própria fragilidade do elenco, o Bahia vem logrando bons resultados no brasileirão, como nunca fizera em início de campeonato, desde seu retorno à série A.
Gostaria, humildemente, que meus queridos irmãos e irmãs de torcida percebessem uma coisa. O tamanho da nossa indignação nunca foi tão grande, nem tão amplificado. Mesmo quando estivemos na série C, devemos reconhecer que o comodismo foi uma marca que nos manteve à maré da sorte. Buscávamos resultados, retornos, redenções.
Hoje buscamos a liberdade para uma realidade nova, a única possível para que possamos continuar juntos dividindo a nossa paixão. Enxotando definitivamente quem a rouba de nós.
Por que o Bahia fez papelões absurdos esse tempo todo? Porque os jogadores meramente eram ruins? Não só por isso. Pois o Bahia nunca construiu times poderosos com base em contratações caras.
Por que o Bahia nas ultimas rodadas, sufocado pelo pior inicio dos últimos anos, pela humilhação sofrida diante do inexpressivo rival, pela eliminação da Copa do Nordeste, com elenco debandando, de repente ressurge reassumindo uma postura em campo digna e começa a traduzir isso em resultados, derrubando dois invictos em sequência?
Méritos do “prata da casa”, o treinador Cristovão Borges? Certamente ele os tem.
Mas os méritos são principalmente da nossa pressão, como torcedores. Da dimensão e contundência dos protestos contra a diretoria. O primeiro impacto se deu justamente nos jogadores, que passaram a responder com mais brio em campo. Parece que de repente eles se tocaram e perceberam: ” Êta, tô jogando num time grande”, “Olha o que essa torcida tá movimentando dentro de um Estado e fora de um estádio”.
Mas isso está longe, muito longe de ser o que queremos, e principalmente, precisamos. Precisamos manter a coesão da consciência pela limpeza moral e administrativa do maior e mais vencedor clube do Nordeste. Precisamos mostrar que mudanças em campo não vão nos calar. O Bahia só não morreu em 2006 por causa do nossa presença. Que nossa ausência, agora, seja sua redenção definitiva. Público Zero , protestos e movimentações políticas e judiciais até a queda total da dinastia Guimarães, Maracajás e coligados. Não importa a postura do time e seus resultados em campo. Nós , torcedores, sempre fazemos a diferença, a maior ou menor.
Eles passam, o Bahia, espero, fica.
João Bani
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