domingo, 21 de abril de 2013

Parabéns, Alexi, por defender o Barradão

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Por fim, o Barradão é e sempre será a nossa casa”, escreveu o presidente do Vitória, Alexi Portela Júnior, em artigo publicado aqui no CORREIO, segunda passada, em declaração que é uma visão de futuro do dirigente.

Há três anos, desde o início da reforma da Fonte Nova, em cada entrevista, perguntei ao dirigente sua opinião sobre o Barradão. Para mim, era fundamental saber como o presidente do Vitória enxergava o amanhã. Se era favorável ao retorno à Fonte Nova ou se era favorável a manter o Barradão vivo.

“Depende do Conselho”. “Não é uma decisão minha”. “É algo para o próximo presidente decidir”. Alexi, cujo mando acabará em dezembro, nunca me deu uma resposta simples e direta sobre o assunto. Sempre se esquivou. Fugiu até segunda-feira. E,  ao “sair do muro”, para mim, escolheu o lado certo: defendeu o Vitória como protagonista da sua própria história. 

A Fonte Nova é maravilhosa. Já escrevi que é superior a pelo menos 10 dos 29 estádios avaliados como  cinco estrelas pela Uefa e que tive a oportunidade de conhecer quando morei na Europa, em 2004 e 2005. A Fonte Nova tem uma fantástica infraestrutura e uma localização privilegiadas. Tem uma mística, tem a ferradura, tem parte da história do nosso futebol. Mas também tem donos doidos para lucrar. E os donos não são os clubes, e sim a Fonte Nova Participações, de Odebrecht e OAS.

O Barradão tem o DNA do Vitória. O estádio mudou a história do clube, transformou a auto-estimada da torcida e literalmente sacudiu o futebol baiano. O Barradão tem potencial para ser o produto que poderá levar o Vitória ao topo, a disputar e ganhar títulos nacionais, a ser falado no exterior e amado por novos e jovens torcedores.

Claro que não é este Barradão que está aí e que hoje vai receber Vitória x Juazeiro. Isso, felizmente, Alexi Portela Filho também sabe: “Temos o desejo de modernizá-lo, mas antes temos de ter as condições necessárias ao projeto”, escreveu.

É covarde e burro comparar a atual Fonte Nova com o Barradão. A questão é outra: tem o Vitória as armas para, aos poucos, modernizar o seu estádio? Tem o Vitória competência para, mais uma vez, transformar o Barradão em seu centroavante?

Lembre-se que o Barradão foi inaugurado em 1986, porém só foi usado de verdade após 1991. E, em 1991, quando o ex-presidente Paulo Carneiro apostou no estádio como trunfo para uma era de crescimento muitos duvidaram e até o sabotaram. Naquela época, sejamos sinceros, o acesso era inexistente, não havia refletor para jogos noturnos (foram inaugurados em 1994), o vestiário não era bem vestiário e as arquibancadas eram metade do que são hoje. O Barradão mistura suor, sangue, lágrimas, sorrisos e bastidores de vidas rubro-negras.

No futebol europeu e na NBA, os clubes de ponta são donos ou sócios dos estádios onde jogam (exceto Inter e Milan, que dividem estádio público). Isso acontece porque arenas bem geridas são fontes de dinheiro. São verdadeiras casas da moeda.

No Brasil, por outro lado, os clubes estão virando clientes das empreiteiras que construíram as arenas da Copa. Estão dando de olhos quase vendados a estes grupos a paixão do seu torcedor, que é transformada em rios de dinheiro nos ingressos, nos alimentos e bebida, no estacionamento, nas placas de campo e publicidade interna, nos produtos das lojas.... Atlético-PR, Corinthians e Inter são exceções. O trio vai dar um salto de qualidade impulsionado por novas receitas das suas arenas. 

“Quero um estádio que não pareça um estádio e que seja rentável”, disse, esta semana, o presidente do Real Madrid, Florentino Perez, ao receber quatro projetos para transformar o Santiago Bernabéu,  um dos 29 estádios cinco estrelas da Uefa. E por que reformar? Pra ganhar ainda mais dinheiro com sua casa. Este é o caminho. E o Vitória escolheu o caminho certo. 

Marcelo Sant´Ana/Correio

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