quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Bahia de amanhã será o mesmo de hoje

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Como milhões de outros tricolores, aguardo, apreensivo, a partida de domingo.  Os ventos nos são favoráveis e aposto com certa confiança no triunfo frente ao Náutico.

Mas, se estou apreensivo com a renovação da licença, não tenho absolutamente nenhuma expectativa de que, em 2013, o Bahia terá um time que não tirará meu sono.  Estou tranquilo quanto a isso: eu sei que ficarei preocupado com o descenso até a reta final.  Isso por questão de ordem material e gerencial.  

O desenho do campeonato brasileiro, que eu considero justo porque dificilmente os melhores não são os vencedores finais, é por si mesmo excludente, isto é, ele deixa de fora da competição principal – o título e a Libertadores – os times de pouco recursos financeiros e que não são atraentes para os melhores jogadores. Este é exatamente o caso do Esporte Clube Bahia. Além disso, há o problema de gestão dos escassos recursos do clube – não estou me referindo ao modo como os gestores chegaram ao cargo, mas sim ao modo de gerir. Não sei se o Bahia tem gente preparada para geri-lo com competência.

Há torcedores que acreditam que a mudança política no clube alteraria esta situação. Infelizmente, eu não compartilho este otimismo. Das urnas não saem necessariamente os mais honestos nem os mais competentes, nem muito menos elas têm o dom de multiplicar os recursos. A cota da TV continuaria a mesma, o patrocinador principal continuaria pagando a mesma merreca, porque o valor que eles pagam ao Bahia tem a ver com o tamanho do mercado local e não com a política do clube: a renda média do baiano continuaria não atraindo patrocinadores de peso, além do mais, os melhores atletas continuariam visando o centro-sul, de olho na Europa. Falam de “associação de massa”, mas eu deixo isso de lado, porque eu não quero crer que, para planejamento de médio e de longo prazo, se está apostando numa renda extremamente incerta e flutuante, como é a do pagamento voluntário.

Há argumentos de que a Copa do Nordeste modificaria um pouco este cenário, mas, até agora, não li nenhum argumento sobre como esta Copa alteraria a economia do Nordeste e tornaria os times locais atrativos aos grandes patrocínios. O mesmo raciocínio serve para os que defendem que, se tivermos mais times do Nordeste na série A, isso fortaleceria o futebol da região, mas eles não deixam claro o porquê de, por exemplo, a participação do Vitória e do Bahia na série A levaria ao aumento da cota de televisão para cada um deles, provocaria o aumento do patrocínio máster, ou porque jogadores que não quiseram vir para o Bahia neste ano, aceitaria vir para o Tricolor no ano que vem porque o Vitória estaria na série A. No ano que vem, o Vitória pode conseguir mais jogadores, mas porque ele estará na série A e não porque o Bahia também lá estará.

Deixo claro que tudo isso são elucubrações, estou argumentando tomando como base as informações de que disponho e, como todas informações, elas são precárias. Ponho esses argumentos justamente para conhecer os contra-argumentos que indiquem como a política do clube, a Copa do Nordeste e a multiplicidade de times nordestinos na série A seriam fatores que aumentariam os recursos dos clubes para que eles pudessem participar com dignidade da primeira divisão.

A meu ver, as chances de expressão nacional e de Libertadores para os nossos clubes residem primordialmente na Copa do Brasil.

Dinensen

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