Inicialmente, gostaria de agradecer o convite para externar algumas questões importantes nesse decisivo processo que determinará o futuro do Esporte Clube Vitória.
Sinto-me confortável para falar sobre o assunto pois, assim como quase todos os Rubro Negros, sou apaixonado pelo Barradão, onde considero minha segunda casa. Enfrento todos os obstáculos (e enfrentaria muito mais, se mais houvesse) para chegar no estádio religiosamente em todas as partidas disputadas em Salvador. E reputo a existência do Barradão como um dos maiores fatores para a mudança na história do nosso Clube.
E, justamente por tudo isso, tenho certeza que se a decisão depender do emocional, da importância que damos ao estádio, será pura perda de tempo qualquer debate, pois a permanência vai ser vontade quase unânime. Da mesma forma, se a decisão for influenciada apenas pelos 8 mil Rubro Negros que comparecem a praticamente todos os jogos e estão acostumados as dificuldades de acesso, manter essa rotina não vai ser nenhum problema e o desejo da permanência será da maioria disparada.
Mas será que dessa forma estaremos tomando a melhor decisão para o Clube? Será que os 8 mil guerreiros representam todos os anseios dos cerca de 2 milhões de Rubro Negros Baianos? Seria, no mínimo, um egoísmo coletivo!
Portanto, nosso primeiro grande e importante desafio é nos despirmos das questões emocionais e tentarmos, através de analises minuciosas, projetando expectativas e utilizando parâmetros reais, identificar se:
- O Vitória poderá ter na Nova Fonte o desempenho em campo igual ou superior ao do Barradão?
- A torcida do Vitória poderá aumentar, principalmente em presença no estádio, com o conforto e acessibilidade da Nova Fonte?
- O Clube vai aumentar suas receitas, sejam as diretas (da bilheteria em função do aumento da torcida), e as indiretas (maior venda de material, melhores contratos de publicidade, etc) indo para a nova arena?
Pelo que se acompanha na imprensa, a proposta para o Vitória jogar na nova arena ainda não foi enviada e, portanto, não existem parâmetros seguros para que cheguemos em números comparáveis. E qualquer posição nesse momento será desprovida de coerência e dados abalizados.
Dizer que o Vitória deve continuar no Barradão porque foi muito sofrida sua conquista, e que passamos por muitos desafios e dificuldades para chegar até aqui, é ter um orgulho inconsequente. Será que se conseguirmos uma condição que garanta receitas maiores, que tragam benefícios aos torcedores através de conforto, e que permita um crescimento efetivo da torcida no estádio, a opção melhor vai ser permanecer no Barradão porque já sofremos muito? Vamos ter que nos contentar com um publico inferior a capacidade do Clube, e que sofre cada vez mais com o acesso, só porque já sofremos muito até agora? (pequena observação: A verdadeira emoção no futebol se vive no estádio. É lá que criamos o torcedor, é lá que aprendemos a amar nosso clube, e é de lá que saem os multiplicadores dessa paixão).
Imaginar que é mais fácil melhorar o acesso e a estrutura do Barradão do que ceder à nova arena, é criar uma falsa expectativa que já carregamos a pelo menos uma década e que, no fundo, sabemos que é quase impossível. O poder público não vai fazer via expressa nenhuma pelas bandas do Barradão!
A acessibilidade, por mais que tenhamos a boa vontade dos órgãos envolvidos (e nem sempre temos), tende a piorar cada vez mais com o crescimento do bairro, que não deixa de ter o Vitória como grande responsável social.
O Clube, que vem cada vez mais promovendo melhorias no estádio, não terá capacidade financeira a médio prazo para promover as mudanças estruturais que o torcedor Rubro Negro merece (cobertura, fechamento da outra lateral com arquibancada ou camarotes, instalações melhores, etc), ainda mais com a realidade do nosso futebol, onde os concorrentes recebem pelo menos 4 vezes mais e a diferença só faz aumentar…
Mas sem saber o que estamos discutindo, sem ter uma proposta real para analisarmos, dificilmente chegaremos a um debate produtivo, e os caminhos para as especulações ficam livres. Continua aqui
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