domingo, 25 de dezembro de 2011

O espírito natalino além dos gramados

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As festividades de final de ano nos enchem de sonhos e solidariedade. As datas são essencialmente sentimentais e marcadas por um espírito mágico. Assistimos a filmes e lemos os tradicionais contos que nos mostram milagres natalinos e pregam uma lição básica: está nas mãos de cada um de nós a transformação do mundo em um lugar melhor para se viver.

O FIFA.com quer compartilhar a ideia de que os simples gestos são importantes. Por isso, fizemos um pequeno levantamento para mostrar alguns exemplos de como o futebol pode ser o coadjuvante ou até mesmo o protagonista de uma história com final feliz.

A trégua de Natal

A Primeira Guerra Mundial foi um combate realizado nas trincheiras. A dureza de um conflito bélico e o frio do inverno tornam-se ainda mais intensos quando se está longe da família na véspera do Natal. Naquela noite de 1914, no lado alemão de Ypres, na Bélgica, era possível perceber algumas luzes. O exército britânico, temendo um ataque iminente, ficou em absoluto silêncio. Porém, no lugar dos sons dos tiros, foram ouvidas as conhecidas melodias das canções natalinas. Com cautela, os soldados saíram dos refúgios e foram se aproximando.

O território entre as trincheiras foi ocupado por "inimigos" que dividiram o pouco que tinham ali e as muitas histórias que traziam de casa. Para culminar, decidiram selar a confraternização com uma partida de futebol. Dizem que os alemães venceram por 2 a 1. Entretanto, quem realmente ganhou naquela noite foi a grandeza do coração humano. Infelizmente, após os últimos votos de "Feliz Natal", eles retomaram as hostilidades que durariam mais três anos.

Anos mais tarde, novamente a guerra e o futebol se reencontraram. Em 1934, Bolívia e Paraguai travavam uma batalha por um pedaço de terra na região do Chaco. Enquanto o conflito acontecia, a Cruz Vermelha paraguaia decidiu angariar fundos para prestar assistência aos feridos dos dois países. Aproveitando-se da popularidade do futebol, a entidade reuniu alguns atletas e montou uma equipe que fez exibições por gramados argentinos e uruguaios, conseguindo dinheiro para auxiliar as vítimas do campo de batalha. A grande surpresa do grupo foi Arsenio Erico, um jovem jogador paraguaio que imediatamente chamou a atenção de grandes clubes argentinos. Arsenio é até hoje o maior artilheiro do Campeonato Argentino com 295 gols.

Uma mudança de vida

Para demonstrar a grandeza do futebol, não é necessário ir tão longe. O esporte pode dar esperança e mudar a vida de qualquer pessoa, como mostra o caso do instrutor de esqui alemão Rüdiger Böhm. Em 1997, ele sofreu um grave acidente de carro, no qual perdeu as duas pernas. Após a tragédia, Böhm recebeu um conselho. "Esses foram os seus primeiros 27 anos de vida", disse um amigo. "Agora, se encerra um ciclo. Comece algo novo." Assim, após reaprender a caminhar, Böhm fez o curso para treinador de futebol. Durante as aulas, conheceu Marco Pezzaiuoli, coordenador das categorias de base do Karlsruher, que ficou impressionado com a capacidade de superação e o contratou. Desde 2010, Böhm é treinador da equipe sub-21 do clube suíço Thun, com o qual disputou o Torneio Juvenil FIFA/Blue Stars 2011.

Pura solidariedade

O ano de 2011 foi marcado por desastres como o terremoto seguido de tsunami que devastou o Japão. As ações humanitárias foram rápidas, com inúmeros exemplos de solidariedade com participação ativa do mundo do futebol. Infelizmente, as catástrofes nos atingem com tanta frequência que logo são substituídas por outras nas primeiras páginas dos jornais. Assim, a tragédia japonesa colocou em segundo plano, por exemplo, o drama do terremoto no Haiti.

Mas sempre há quem siga apoiando, como Bryane Heaberlin. A jovem arqueira norte-americana conheceu a tragédia haitiana através da experiência de uma rival: a goleira do Haiti na Copa Sub-17 da CONCACAF 2010, que havia perdido os pais no desastre. Ao voltar para casa, Heaberlin criou a própria fundação para arrecadar fundos e ajudar as meninas haitianas. Ela teve apoio suficiente para organizar uma excursão da seleção sub-20 do país caribenho aos Estados Unidos. E Heaberlin segue trabalhando na missão chamada "Muitos corações, um objetivo", que recebe o apoio de grandes nomes do futebol feminino. Este é apenas mais um exemplo da capacidade que o futebol possui para construir pontes de cooperação entre as nações. (FIFA)

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