segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Este papo de “lavou, tá novo”, já não cola!

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Ninguém, absolutamente ninguém, seja ele dirigente, blogueiro apaixonado ou revoltado, chefe de torcida, jornalista, pai de santo, curador de menor, juiz de paz ou de direito, pode pedir nada à torcida do Bahia, aliás, pode sim, pode e deve pedir mil desculpas, de preferência ajoelhado.

Não acho que a torcida deva vaiar os jogadores e sim se abster de torcer, simplesmente ignorar esse aglomerado de pernas-de-pau que solapou e, indevidamente, usam o nome do Bahia, ah eles não tem culpa? Paciência, pois sabemos que ladrão é aquele que é pego com o bode na mão.


Depois de tudo que foi dito e prometido, é uma perversidade invocar o torcedor para essa nova cruzada para salvar o clube da série C, é pedir demais, acho até um desrespeito para com a boa fé e paixão tricolor. Tudo tem limite e este limite chegou, chega de provação, chega de gritar ”baêa” para o vento levar para o nada, ”Cepacol” já não cura a dor de garganta, nem os resquícios já empoeirados do passado glorioso podem abrandar esse raquitismo moral crônico, que vitimou o Bahia de Paulo Maracajá e Marcelo Guimarães Filho (Petrônio Barradas está inocentado), é preciso ter vergonha, uma vergonha exercida através do silêncio, acompanhada do desprezo característico daqueles não que suportam mais levar ferro, pedir que levem faixas de incentivo nesta sexta-feira no jogo contra o América de Natal, é expor o torcedor ao ridículo outra vez, é chamar o torcedor de otário, quando não, é colaborar para gerar conteúdo para edição de imagem patética para alegria dos editores dos programas televisivos do meio-dia, tipo aquele visto após o jogo do Bahia contra o Fast, num passado recente e que nos envergonha.

Há poucos meses fomos convocados para sermos parceiros do clube para a cruzada em direção à primeira divisão, acreditámos, pagámos ingressos de 30 contos, estivemos lá, gritámos, fizemos figa, botámos fé e sofremos com outro fracasso e, ainda assim, exercendo nossa afamada cara de pau, entendemos o fiasco como novidade ou surpresa.

Hoje, como por mágica, a conversa muda e a convocação, agora, é para ajudar à permanecia na série B; espera-se que a paixão do torcedor se transforme em subserviência e faça dele uma espécie de capacho, como se não tivesse discernimento ou capacidade de se indignar com os sucessivos fracassos que se acumulam em quase uma década. Este papo de “lavou, tá novo”, já não cabe mais na vida do torcedor do Bahia, especialmente aqueles com alguma consciência e uma pitada de vergonha na cara e, sobretudo, que não nasceram com maior tolerância às dores.

O mesmo torcedor que enche Pituaçu, que é responsável pela sobrevivência do clube, tem o direito de vaiar, protestar e mandar este bando de dirigentes e jogadores pra casa do caralho, para o raio que os parta, para os quintos dos infernos, por que isto é pouco diante da esperança roubada, das promessas vazias e das falsas expectativas.

Ser torcedor do Bahia é dizer NÃO a este Bahia vergonhoso, derrubado, vagabundo, que namora a volta para a Série C, jogando lama no túmulo daqueles que morreram em 25 de Novembro de 2007, justamente comemorando e se despedindo do lugar para onde o Bahia descaradamente ameaça voltar.

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