Nos últimos tempos nunca vi tanta mobilização e movimentos que queriam um Bahia livre. Qualquer candidato que chegasse a presidência do Bahia teria que dar uma resposta rápida a este anseio que partia de todos os torcedores do Bahia, quase todos. Muitos, no entanto, reclamam da passividade da torcida do Bahia. Mas, eu penso que o problema do Bahia não é de passividade, o problema do Bahia é a falta de compreensão de seus agentes dominadores sobre a historicidade do Bahia.
Infelizmente ou felizmente, ainda somos marcados pela visão aristótélica de pensar o mundo, de contemplação metafisica e de permanências em oposição a uma visão mais contemporânea e de atuação do homem na história enquanto ser pensante e atuante. No Bahia pululam orientações e movimentos que procuram encarar de frente o problema da falta de identidade do torcedor do Bahia com reinvindicações que não passam do puro resultado em campo. Surgiram a Revolulção Tricolor, o Bahia livre e outros movimentos na internet que cobram essa postura de um Bahia ativo e centrado nas causas que fazem da decadência tricolor o centro de suas preocupações.
Os dirigentes que estão no poder no Bahia há anos não gostam de ver o Bahia das ruas e de suas reinvindicações político-insitucionais. Sentem como se tivesse o Bahia sendo invandido. Estas demandas que surgiram, no entanto, que são manifestadas pelos torcedores do Bahia de forma ordeira, mas incisivas de mudança estatutária e democracia, são reações naturais de muitos tricolores que foram alijados da participação político-instituicional do Bahia pela mentalidade “maracajista” de gerir o Bahia.
Esses novos agentes políticos do Bahia são vistos pelos que estão no poder no tricolor como coisa de petulantes jovens e de políticos de esquerda. O Bahia vê com muito estranhamento tanta mobilização em torno do modo de gestão do tricolor e o pedido de mais democracia no Bahia. Resultados em campo seriam a melhor resposta, diriam os conservadores. Em seus afãs de demostrarem sua visão de mundo superior, contemplativa e hieraquizada da vida, o arcaico no Bahia segue agindo irresponsavelmente. Assim, procastinam tanto e não traduzem na captação de sócios para quadro social uma infinidade de pessoas; ao contrário, o Bahia gasta dinheiro que não tem, empurrando com a barriga suas dívidas, fazendo da irresponsabilidade uma regra, com a visão de mundo que futebol se resolve só com contratação de jogadores.
Enquanto não tivermos bases sólidas para que consigamos albergar no Bahia uma safra de lideranças e chamar para a vida político-institucional do Bahia esses valores pessoais de jovens que vem das ruas e movimentos pedindo um novo Estatuto democrático, caíremos no mesmo círcuculo vicioso que faz do Bahia, hoje, um clube menor no cenário brasileiro, na segunda divisão. A lei Pelé exige essa mudança paradigmática de dentro para fora no Bahia. Não adianta o melhor administrador do mundo caso o Bahia não consiga captar recursos humanos com uma visão histórica das necessidades atuais do clube, deixando para trás uma visão de mundo estática e calcada pela passividade de eternos conselheiros sem autonomia para cobrar mudanças no clube.
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