Passadas as primeiras 24 horas depois do Acidente Vascular Cerebral (AVC), o quadro clínico do meia Cléber, do Bahia, é estável. O jogador continua internado no Natal Hospital Center e respirando com a ajuda de aparelhos, mas respondeu bem aos estímulos dos médicos durante o dia de ontem. “Ele mexeu levemente as mãos e os pés quando o desentubaram, o que significa que há atividade cerebral”, analisou o vice-presidente médico do tricolor, Marcos Lopes.
A chance de sobrevivência aumentou sensivelmente, de 5% para 95%. E só depois de completamente superado qualquer risco à vida, passa-se a pensar em possíveis seqüelas. Ontem, a preocupação era realizar uma angioplastia, exame capaz de detectar qualquer outro aneurisma nas artérias do cérebro do jogador. Caso nada seja encontrado, a recuperação prossegue sem maiores sobressaltos.
Cléber permanece na unidade de terapia intensiva (UTI), no mínimo, até sexta-feira. Só então poderá passar à semi UTI. Ainda assim, Marcos Lopes adverte que o jogador deve permanecer em Natal por aproximadamente três meses. “As viagens de avião não são aconselhadas aos pacientes que tiveram aneurisma cerebral”, explicou.
A possibilidade de retornar aos gramados, então, só o tempo dirá. “Ele já não tem mais a má formação, porque a artéria rompeu e o coágulo foi retirado. O que vai definir a volta são as seqüelas”, advertiu Lopes, que aproveitou para ressaltar a importância da presença de um médico na delegação tricolor. O Bahia vem arcando com as despesas de operação e internação do jogador em Natal.
Discussão - O desrespeito às normas e à hierarquia não será mais tolerado no ambiente do Bahia. O profissionalismo dita as regras desde a segunda-feira que precedeu a improvável classificação ao octogonal. Agora, cabe à diretoria provar que as promessas de adotar postura linha dura não foram feitas apenas no calor do momento. Eduardo será o primeiro submetido ao teste de rigor. Ontem, o zagueiro desautorizou a figura do treinador perante imprensa e colegas, e deixou o treino “como se fosse o dono do clube”, palavras do próprio Arturzinho.
“Temos que rever a cabeça desse rapaz. Ele já pegou 120 dias de suspensão (por uma briga com um atleta do Galícia, ainda nos juniores, no início do ano) e poderia ter pego outra (por pisar na cabeça do atacante do Fast Clube, na cidade de Itacoatiara-AM)”, analisou o treinador, visivelmente irritado. Eduardo discutiu com Preto por conta de um lance típico de treino e quis revidar. Deu uma cotovelada no companheiro e deixou o campo por conta própria.
Arturzinho interveio: “Você vai aonde? Ainda tem treino para você”. O zagueiro até pensou em retornar, mas, interpelado novamente, gesticulou e subiu sem dar explicações. O treinador voltou à carga, em vão. “Você está pensando que é quem?”. O preparador físico Dudu Fontes tentou contornar a situação. “Fui lá na concentração e mandei ele ir embora. A conversa fica para amanhã (hoje)”.
Correio da Bahia
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