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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bobô: Absolvido!

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Uma vitória de Bobô, um ídolo do futebol baiano, na segunda Câmara do Tribunal de Justiça, por unanimidade. A sentença do magistrado baiano de 1° grau foi confirmada pelo Tribunal de Justiça da Bahia. Bobô continua trabalhando nomalmente na SUDESB. Agora, resta poucas alternativas para a acusação, já que Bobô absolvido no Tribunal teve rechaçada sua culpa em grau de revisão. As hipóteses de um recurso agora são menores. Com informações do Bahia Nótícias de Samuel Celestino. Confira!

A segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ-BA) absolveu, nesta quinta-feira (15), o superintendente de Desportos da Bahia, Raimundo Nonato Tavares, o ex-jogador do Bahia Bobô, no processo do acidente da Fonte Nova, ocorrido em 2007. A decisão da desembargadora Aidil Conceição, relatora do caso, foi seguida pelos outros membros da Câmara, que mantiveram a sentença de absolvição, concedida pelo juiz José Reginaldo Nogueira, da 8ª Vara Crime. A medida reconhece a ausência de responsabilidade de Bobô pelo acidente ocorrido no estádio, em que o rompimento de parte da arquibancada matou sete pessoas há quase três anos. Para o advogado de Bobô, Fernando Santana, o superintendente tomou as providências que diziam respeito à manutenção da praça esportiva. “Com essa decisão, espera-se que esse lamentável episódio na Fonte Nova esteja encerrado do ponto de vista das responsabilidades criminais”, finalizou.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

MP solicita reforma da sentença que absolveu Bobô

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BobôNa sentença o magistrado colocou que não achou provas suficientes para condenação. De acordo com a sentença: “(...) os referidos laudos ou relatório não mencionaram qualquer possibilidade de colapso ou desabamento, situação confirmada por algumas testemunhas ouvidas em juízo, inclusive arroladas pela Promotoria de Justiça, não podendo os réus ser considerados culpados pela tragédia ocorrida (...)". Agora, com a notícia veiculada pelo MP baiano, temos a sentença de 1ª grau que absolveu Bobô uma decisão parcial. Pois, com a apelação do MP-BA, a sentença poderá ser reformada ou mantida. É muito comum no Judiciário a irresignação da parte contra a qual a sentença desfavoreceu. Agora, é aguardar a decisão do Tribunal, para que Bobô tenha um veredicto final.

O Ministério Público estadual interpôs recurso perante a Segunda Câmara Criminal apelando pela reforma da sentença que absolveu Raimundo Nonato Tavares da Silva (Bobô) e Nilo dos Santos Júnior, da acusação de prática dos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa devido ao desabamento de parte do anel superior do Estádio Otávio Mangabeira (Fonte Nova), em 25 de novembro de 2007, que ocasionou a morte de sete torcedores.

Na época, Bobô era diretor-geral da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e Nilo era diretor de operações. Na apelação criminal, a procuradora de Justiça Elza Maria de Souza ressaltou que o acervo de provas produzido no decorrer da instrução criminal demonstra “nitidamente” que a conduta perpetrada por Bobô e Nilo “é tipicamente culposa”.

Ela lembrou que eles tinham pleno conhecimento das condições precárias do estádio e da necessidade de realização de reformas estruturais em caráter emergencial, conforme indicado no relatório de perícia feito pela Geluz Engenharia e Construção Ltda em setembro de 2006.

Reforma

Em laudo técnico de julho de 2007, a Vigilância Sanitária Municipal também teria sugerido uma reforma física e estrutural das dependências do estádio, 'tendo em vista que a situação atual põe em risco a saúde dos indivíduos que a frequentam', e a Polícia Militar em relatórios de junho e novembro, assinalou a existência de deterioração das paredes, vigas e lages, juntando fotografia na qual se via que um pedaço da arquibancada já havia cedido.

Entretanto, mesmo estando evidente a necessidade de ampla recuperação da sua estrutura física, após a realização de uma pequena reforma no valor de R$ 49 mil, o estádio foi liberado para a partida entre o Esporte Clube Bahia e o Vila Nova Futebol Clube, acentuou a procuradora de Justiça.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Tragédia cai no esquecimento

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Na matéria de hoje pela manhã do portal UOL, a tragédia da Fonte Nova emerge como uma porrada na cara de dirigentes baianos. Mais uma vez preocupados com os negócios de seus clubes, esquecem a Fonte Nova, como fizeram outras vezes deixando-a a míngua. A denúncia da matéria e a "grande" novidade é a falta de assistência aos familiares das vítimas da tragédia da Fonte. Exemplos de descaso de como o dinheiro consegue manipular consciências e esquecer o que realmente é importante quando estão em jogo vidas humanas. Os dois anos da tragédia da Fonte é um sinal para os idealizadores da "lusoarena" repensarem seus reais motivos para tamanha bravata com ar de joguinho político. Sim, meus caros, temos uma verdadeira baixaria política com o intento de paralisar o governo na reconstrução da Fonte Nova. Uma verdadeira chantagem com o povo baiano.

No dia 25 de novembro de 2007, parte do piso da arquibancada no anel superior da Fonte Nova desabou e 11 torcedores foram tragados para uma queda de 15 metros de altura, o equivalente a cinco andares de um edifício. Sete morreram: Djalma Lima Santos, Jadson Silva, Joselito Lima Júnior, Márcia Santos Cruz, Milena Vazques e Midiã dos Santos. Dois anos depois, a cratera foi tapada com uma placa de alumínio e a pior tragédia do futebol brasileiro caiu no esquecimento.

"É lógico que esqueceram. Se não tivessem esquecido estariam em dia com o que foi prometido", diz Janilce da Silva Teixeira Lima, 62, mãe de Joselito Lima Júnior, que morreu junto com o primo Jadson Silva. Ambos eram filhos únicos e o trauma foi tamanho que a família de Jadson sequer deu entrada no pedido à pensão vitalícia oferecida pelo Governo do Estado aos familiares e calculado com base no salário que a vítima percebia na época do acidente.

Pensão que, no caso de Janilce, tem o valor de R$ 492 congelado há dois anos pela Secretaria de Adminitração do Estado da Bahia (Saeb). "O governador deu a sua palavra de que haveria reajuste anual, e se prometeu tem que cumprir. Eles dizem que o problema é a burocracia, mas essa burocracia só existe para os pequenos".

Procurada pela reportagem do UOL, a Saeb diz que o assunto é de alçada da Secretaria do Trabalho, Renda, Emprego e Esportes (Setre), cuja assessoria de comunicação não soube informar sobre nenhum reajuste previsto para a pensão.

"A gente não pode fazer nada. As pessoas que partiram eram pobres, diz, resignado, Elias de Souza, que não reclama da pensão de R$ 500 mensais e sim do fato de ainda não ter recebido os R$ 25 mil do seguro obrigatório feito pela CBF. Tudo porque Midiã deixou uma filha, Karen, de 7 anos, criada pelos avô desde o acidente. "A guarda definitiva da Karen depende de um alvará judicial que até agora não saiu. E enquanto não sair a guarda definitiva a seguradora não paga a indenização", explica.

Elias ainda procura motivos para comemorar o aniversário de 62 anos, completados nesta terça-feira, 24. A camisa do Bahia, presente de um primo recebida na véspera da tragédia que matou sua filha, permanece guardada no armário. Para o pai de Midiã, a paixão que ele se orgulhava de ter transmitido aos filhos pelo futebol é fonte de desgosto. Uma sensação que se estende aos familiares de outras vítimas e ganha ares de revolta quando o assunto passa a ser a Copa do Mundo de 2014.

"A vida que eles levaram não tem como substituir. Só estão olhando o lado financeiro. Cheguei a ter raiva, assistindo pela TV", reclama Fábio dos Santos Marques, irmão mais velho de Anísio Marques. "Infelizmente só estão pensando nisso, mas se não tiver jogo da Copa aqui pra mim é melhor", desabafa Janilce.

Entre os sobreviventes, Jader Landerson, de 21 anos, fez um enxerto na coxa direita para repor parte da musculatura perdida na queda. Patrícia Vasques Palmeira quebrou a bacia e uma perna e faz fisioterapia para recuperar os movimentos. Ela perdeu a irmã, Milena, 27. Assim como ela, sua mãe, Raimunda Vasques, se recusa a falar sobre o assunto. "Fico com a minha dor para sempre". O silêncio contribui para o esquecimento.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Caso da Fonte Nova terá última audiência hoje

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Depois de mais de um ano da maior tragédia do futebol brasileiro, quando sete pessoas morreram na queda de parte da arquibancada da Fonte Nova, em 25 de novembro do ano passado, quando Bahia e Vila Nova jogavam pela Série C do Campeonato Brasileiro, os culpados podem enfim ser conhecidos. Na tarde de hoje, na 10ª Vara Cível, em Nazaré, será realizada a última audiência.

O diretor-geral da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato Tavares da Silva (Bobô), e o ex-diretor de Operações da entidade, Nilo dos Santos Júnior, são os indiciados e respondem ao processo. O caso teve uma reviravolta na audiência realizada no dia 26 de setembro. Na ocasião, apenas os sobreviventes iriam prestar depoimento. Mas, Nilo Júnior roubou a cena ao apresentar um ofício que Bobô teria encaminhado ao secretário de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos. Nele, o diretor-geral da Sudesb afirma ter conhecimento das condições precárias do estádio, mas não solicitou a interdição do mesmo.

Na Série A, Vitória fecha o ano no azul

Depois de mais de dez anos, pela primeira vez o Vitória termina o ano sem contas pendentes. Salários em dia, 13° de todos os funcionários pagos e nenhuma outra dívida para preocupar os dirigentes rubro-negros neste final de ano. Com mais de R$ 100 mil em caixa, a alegria na Toca do Leão pode ainda aumentar. Para isso, basta se concretizar a especulação sobre a venda do lateral-esquerdo Marcelo Cordeiro.

De volta à Série A depois de três anos de ausência, a boa campanha da equipe no primeiro turno da competição foi fundamental para o sucesso financeiro. Média acima do normal no Barradão, maior visibilidade nacional e contratos mais vantajosos. Receita que deu certo e permitiu ao clube terminar o ano no azul.

O final de 2008 não poderia ser de forma melhor. Mas, o início da próxima temporada deve causar alguns problemas. Por causa da conquista da vaga na Copa Sul-Americana, o orçamento do Vitória para 2009 será de R$ 40 milhões, um aumento de R$ 10 milhões no que tivera sido planejado anteriormente.

Uma boa forma de iniciar o ano mais aliviado será com a venda de Marcelo Cordeiro. O Vitória estipulou em US$ 1 milhão o valor dos 40% dos direitos federativos pertencentes ao clube. O Internacional de Porto Alegre já demonstrou interesse no atleta e estaria disposto a pagar o valor necessário para levá-lo ao Rio Grande do Sul.

A possibilidade de troca foi afastada. O lateral-direito Bustos e o atacante Luiz Carlos não devem reforçar o Vitória em uma negociação com o Internacional. “O Marcelo Cordeiro foi muito bem no Vitória. E financeiramente, o Inter tem como fazer esse investimento. Existe uma boa possibilidade de ele vir”, afirmou o diretor de futebol do clube gaúcho, Giovanni Luigi.

Receitas de um lado, despesas de outro. Para reforçar o elenco, o vice-presidente executivo de futebol, Jorge Sampaio, viaja hoje para Belo Horizonte. Na capital mineira, terá uma reunião com o presidente do Cruzeiro, Zezé Perrela. Em pauta, o retorno do lateral-direito Apodi a Salvador, já que Leandro Domingues foi negociado ontem com o Fluminense, em troca com Soares.

Os reforços não devem parar por aí. Além de Apodi e Domingues, a Toca do Leão pode ganhar a presença de alguns jogadores do Palmeiras e o retorno de um antigo ídolo. O acerto entre o clube e o atacante Nádson está perto de ser concretizado. O anúncio, no entanto, só deve ser feito em janeiro. Com informações da Tribuna da Bahia

domingo, 25 de maio de 2008

Fonte Nova seis meses depois

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Jader viu e ouviu tudo. Viu o momento exato em que o primeiro paramédico da Samu aproximou-se e parecia ter medo de tocar os corpos que estavam no chão. Ouviu os gemidos assustadores dos que não resistiram e sofreram insuportavelmente os seus últimos espasmos de vida. Viu restos de concreto armado e vigas de ferro caírem sobre as vítimas minutos depois de o piso ceder. Ouviu as lamúrias dos parentes que choravam sobre os seus mortos. Jader não fechou os olhos um só instante. Hoje faz seis meses que o chão da Fonte Nova abriu sob os seus pés. Durante o vôo de 15m arquibancada abaixo, foi o único que permaneceu consciente durante todo o tempo.

Uma complicada cirurgia plástica, quatro meses de cadeira de rodas e um sem-número de sessões de fisioterapia depois, Jader está novamente de pé. Além dele, Patrícia Vasquez Palmeira e Germano Andrade conseguiram o milagre de sobreviver à queda. Corajoso, Jader aceitou o desafio de voltar ao local em que viveu os momentos mais estranhos e aterrorizantes de sua vida. Os passos são lentos, perna ante perna. Enquanto salta do carro e vai em direção ao lugar exato de onde despencou, lembra com detalhes do que viu e ouviu naquela noite.

Era apenas a sua terceira ou quarta experiência num estádio de futebol e Jader viu o atacante do Bahia, não lembra se o artilheiro Nonato, desperdiçar uma chance preciosa para abrir a contagem. Nesse momento, num movimento de torcedor ansioso pelo gol, levantou-se. Foi aí que o buraco se abriu. Seis meses se passaram e ele ainda se lembra de, já no chão, ter chamado várias vezes o amigo Joselito. Em vão. Josa e outro companheiro, o Jadson, morreram ali mesmo. A foto do primeiro, com quem tinha mais afeição, imprimiu numa camiseta com a seguinte homenagem: “Saudades eternas do amigo Joselito”.

Enquanto aponta para os grampos de ferro que lhe arrancaram um terço da coxa direita, Jader remonta uma cena angustiante. Instantes após a queda, olhou para cima e viu Milena Palmeira, irmã de Patrícia, suspensa no ar, pendurada pelas pontas dos dedos no resto de cimento da arquibancada. Teria resistido por uns 20 segundos até que não suportou o peso do próprio corpo. Caiu ao lado de Jader. Ao vê-la debatendo-se, foi aconselhado por um médico de uma das equipes de salvamento. “Não veja essa cena. Vire-se para cá”. Minutos depois, Milena morreu.

Além do profundo ferimento na coxa, que lhe rendeu a cirurgia, Jader, hoje com 19 anos, também sofreu luxações na coluna e diversas escoriações pelo corpo. Ficou quatro meses sem poder andar. Ainda hoje está em tratamento médico rigoroso. Freqüenta a fisioterapia três vezes por semana, tem consultas mensais com cirurgiões plásticos e ortopedistas e faz exames periódicos no hospital. Usa um colete para manter a coluna ereta e veste uma calça de tecido especial para ajudar no assentamento da pele enxertada na perna.

O pai de Jadson, Gerson Santos Azevedo, garante que todos os custos têm sido pagos pela Superintendência de Desportos da Bahia (Sudesb). Quase que semanalmente diz receber ligações do presidente do órgão, Raimundo Nonato, o Bobô. “Ele sempre procura saber como vai o tratamento”. Jader não parece guardar qualquer rancor do ex-jogador. “Pelo menos ele liga. Pior são os diretores do Bahia que no início disseram que iam ajudar e até agora nada”, ataca. Os outros sobreviventes da queda e os seus familiares preferiram não falar sobre o assunto.

“Ainda não sabemos quando teremos condições de falar”, resguarda-se o pai de Patrícia Palmeira, João Palmeira. Segundo informações do próprio Jader, que mantém contato com a família, a menina se recupera da quarta cirurgia na bacia. “Parece que a peça de platina que ela colocou não foi aceita pelo organismo”, comentou. Em plena recuperação, Jader prefere encarar os traumas e anda com passos lentos em direção ao ponto em que encontrou o solo. Mesmo tendo visto e ouvido tudo naquela noite, volta a olhar pra cima e vê a abertura. Ouve uma palavra de conforto da tia que o acompanhou no reencontro com a tragédia: “Você nasceu de novo, filho”.

Alexandre Lyrio

Três famílias não receberam seguro

Herbem Gramacho

Seis meses após o trágico acidente, três das sete famílias desfalcadas ainda não receberam a indenização do seguro-torcedor a que têm direito, no valor de R$25 mil. São as famílias de Djalma Lima Santos, Midiã Andrade Santos e Anísio Marques Neto. Os motivos variam.

O caso mais complicado é o do autônomo Anísio Marques Neto, que deixou três filhos, cada um de uma mãe diferente. No caso dos dois mais novos, será necessário fazer exame de DNA para comprovar a paternidade, já que os dois meninos não são registrados como filhos dele. Um tem 4 anos, o outro nasceu seis dias antes do pai cair da Fonte Nova. Provada a paternidade, as três crianças têm direito a uma fração do dinheiro, assim como a companheira de Anísio.

Segundo relato de Fábio dos Santos Marques, irmão mais velho de Anísio, os dois filhos mais novos são frutos de “puladas de cerca” do irmão. Fábio conta que Anísio morava com uma mulher de prenome Patrícia, mãe do filho mais velho do casal, de 8 anos. Os três residiam na casa dos pais dela. Nesse caso, Patrícia tem direito a entrar na fatia do montante, desde que apresente uma certidão de união estável.

Só que Patrícia ganhou uma concorrente quando a mãe do filho mais novo de Anísio, de prenome Edileuza, também se apresentou à companhia Excelsior Seguros como companheira dele. E, para enriquecer ainda mais o enredo da história, a mãe do segundo filho alega o mesmo.

Pela Constituição brasileira, não há mais a exigência de cinco anos de convívio para caracterizar uma união estável. O fator tempo foi revogado desde 1996. Baseado nisso, as duas mulheres do relacionamento extraconjugal alegam ter tido uma união estável, embora ainda não tenham apresentado a certidão exigida. Está feita a confusão. “Não depende de mim. Tem três filhos e três mulheres. Se eu pagar errado, vou ter que pagar de novo”, explica Nelson Uzeda, superintendente da Excelsior, empresa responsável pelo pagamento do seguro. As mães das crianças não foram encontradas pela reportagem.

Das outras quatro famílias reduzidas pela tragédia, três não quiseram dar entrevistas. “Eu estou tendo dor de cabeça direto. Não quero falar sobre isso”, diz Jane Lima, mãe de Joselito Lima Júnior, 26, falecido junto com o primo Jadson Celestino, 22. Os dois eram filhos únicos. Já a família de Márcia Santos Cruz, 27, deixou a casa onde morava, no Calafate, e não foi localizada pela reportagem. Márcia era amiga de Djalma e Anísio e estava junto com ele e mais quatro vizinhos na Fonte Nova.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Arquitetos contra fim da Fonte

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Por Livia Veiga

A partir da autorização do governo do Estado, por intermédio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), para que empresas consultoras formulem estudos preliminares para uma nova concepção de uso para a Fonte Nova e seu entorno, o futuro do estádio versa sobre a dúvida: demolição ou readaptação do equipamento esportivo. O governo admite interesse em tornar Salvador uma das cidades subsedes da Copa do Mundo de 2014 e para tanto, o Estádio Otávio Mangabeira, como é batizada a velha Fonte Nova, deverá ser alvo de estudos, que “deverão servir de subsídios para o modelo do novo estádio, o regime de gestão e operação do equipamento público e seu entorno”, segundo mostra o aviso de manifesto de intenção, publicado no Diário Oficial do Estado, na última quarta-feira

Mas, como explica o arquiteto, urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Nivaldo de Andrade Júnior, um abaixo-assinado será entregue ao governador Jaques Wagner nos próximos dias e manifesta a posição de cerca de 500 especialistas, artistas, autoridades e cidadãos baianos, contrários à demolição do estádio. De acordo com Nivaldo de Andrade Júnior, mesmo antes da tragédia que resultou na morte de sete torcedores em 24 de novembro do ano passado, o governo já havia manifestado interesse em demolir a Fonte Nova para dar lugar a um novo equipamento nos padrões FIFA.

Em artigo publicado em 4 de novembro de 2007, o especialista se referia ao vasto “obituário arquitetônico”, que registra nas últimas décadas, demolição de representativas residências projetadas nos anos 1950 e 1960 para dar lugar a edifícios de apartamentos e comerciais. Nivaldo de Andrade Júnior temia a possibilidade de morte anunciada do Estádio Octávio Mangabeira, projetado pelo arquiteto Diógenes Rebouças e inaugurado em 28 de janeiro de 1951, projeto elaborado sob consultoria informal de alguns dos mais importantes arquitetos brasileiros de então, dentre eles Oscar Niemeyer.

“A Fonte Nova é um patrimônio cultural e em vez de ser demolido, deve ser readaptado. Tanto o Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia (Crea), quanto a Escola Politécnica da Ufba, elaboraram estudos e concluíram que não há necessidade de demolir a Fonte Nova, visto que não existe comprometimento na superestrutura do equipamento, sendo necessário, sim, manutenção, como para qualquer estrutura do mundo. Mas há a intenção de empresas estrangeiras em trazer a Salvador um modelo que é mais que um estádio, é uma espécie de shopping center (empreendimento privado, com menor capacidade, praça de alimentação e alto custo de ingressos). Isso representaria uma transformação radical do equipamento esportivo hoje existente, e essas empresas que fazem loby com o governo tendem demolir a Fonte Nova. A FIFA não exige esse tipo de coisa, que os estádios sejam adequados à sofisticação de tal modelo. É necessário sim, melhoria das condições de segurança e acessibilidade, por exemplo”, afirma o professor Nivaldo.

Em entrevista realizada ainda na última quarta-feira, Nilton Vasconcelos, secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, já havia confirmado que existem empresas com know-how em obras de grande porte em outras capitais, interessadas em participar da licitação do estádio para a Copa 2014. “Mesmo antes da tragédia da Fonte Nova já cogitávamos a possibilidade de privatização da construção e operação de um estádio nos padrões FIFA. A primeira proposta foi construí-lo na Avenida Paralela. Por que não demolimos? A solução tinha que estar acoplada a qualquer ação de demolição, mesmo que do anel superior.

Tínhamos várias alternativas, mas agora, várias empresas, inclusive estrangeiras, que têm experiência com obras desse porte, já manifestam interesse em contribuir com o estudo em Salvador”, afirmou Vasconcelos. As empresas interessadas em apresentar estudos sobre o futuro da Fonte Nova têm um prazo de 15 dias para manifestar oficialmente tal intenção (a contar desde o último dia 9 de abril), e mais 45 dias úteis para apresentar suas propostas.

Leia também - "Inquestionáveis méritos arquitetônicos"

Leia também - Greve compromete cronograma de obras do estádio de Pituaçu


quinta-feira, 10 de abril de 2008

O futuro da Fonte Nova

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Por Livia Veiga

O governo anunciou ontem, na capa do Diário Oficial do Estado, estar dando “o primeiro passo para a recuperação da Fonte Nova”. Afinal, qual o motivo de tomar tal iniciativa mais de quatro meses após tragédia que chocou o país? Em 24 de novembro do ano passado, uma laje de 5 x 0,8 metros caiu, a sete minutos do acesso tricolor à Série B do Campeonato Brasileiro, provocando a morte de sete torcedores e mais de 60 feridos. Menos de dois dias depois, o governador Jaques Wagner foi “enfático” em condenar o equipamento, anunciando que a Fonte Nova seria implodida para dar lugar a um novo campo esportivo no local.

Mas o discurso não foi posto em prática. O “elefante azul e branco” permanece de pé, a portas fechadas, sem jogos e servindo de abrigo para moradores de rua. Porque anunciar um primeiro passo para a recuperação do estádio só agora? Se engana quem pensa que o governo já tem cartas nas mangas. O futuro do Estádio Otávio Mangabeira (Fonte Nova) continua indefinido. A única certeza é o interesse do governo em tornar Salvador uma das cidades subsedes da Copa do Mundo de 2014.

O “passo” anunciado ontem foi a autorização, por intermédio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), de que empresas consultoras formulem estudos preliminares para uma nova concepção de uso para a Fonte Nova e seu entorno. Ou seja, os estudos “deverão servir de subsídios para o modelo do novo estádio, o regime de gestão e operação do equipamento público e seu entorno, sem perder de vista sua sustentabilidade econômico-financeira, legal e ambiental. As empresas interessadas devem apresentar as propostas num prazo de 45 dias úteis, a partir da data da publicação da chamada pública”.

Nilton Vasconcelos, secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte esclarece que essa decisão vem sendo tomada há pouco mais de um mês e que há intenção de que tanto a construção, quanto a operação do estádio sejam realizadas pela iniciativa privada. “Com isso, o governo permite que as empresas que tenham interesse em apresentar soluções integradas, se manifestem. Por que os estudos? O estádio interessa para a Copa e ao desenvolvimento econômico e turístico do Estado, com investimentos no entorno da Fonte Nova”, explica.

No final do último mês, o secretário de Comunicação do governo, Robinson Almeida, porta-voz do Grupo de Trabalho (GT) do governo estadual para da Copa de 2014, já havia afirmado que a intenção é que seja instalado não apenas um estádio de futebol, mas um equipamento que integre aquela área de Salvador, o Centro Histórico, para ser dotada de um equipamento moderno para a prática do futebol, mas também agregar ali um uso múltiplo da área.

Porém, a definição do padrão arquitetônico da área, construção da obra física e operação do equipamento, ainda é incerta. Isso quer dizer que a demolição da Fonte Nova ainda é cogitada pelo governo, mesmo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), já ter dito ser contrário à implosão, que poderia afetar os bens tombados na região. “Pode ser que nessa análise preliminar seja concluído que a melhor alternativa seria demolir a Fonte Nova e construir um novo equipamento”, completa o secretário Nilton Vasconcelos.

Previsão de investimentos e licitação

No aviso de manifestação de interesse divulgado pelo governo do Estado ontem, consta que o Programa apresentado pela empresa deverá compreender etapas articuladas, com previsão de investimentos necessários, sejam públicos ou sob regime de concessão ou parceria. “Os estudos serão realizados e ofertados sem ônus para o Estado da Bahia. Os estudos que venham a ser acatados, no todo ou em parte, para fins de licitação, terão seus custos reembolsados pelo licitante vencedor, nos termos do art. 21, da Lei Federal nº 8.987/95, devendo limitar-se aos valores estimados pelo proponente e aprovados pela Setre”.

O titular da pasta da Setre ainda garante que o Estado não irá remunerar as empresas dispostas a realizar os estudos. “Aquele estudo escolhido será remunerado pela empresa que vencer a licitação, remuneração esta preestabelecida e autorizada previamente pelo governo”. No Aviso de Manifestação de Interesse publicado, consta que a utilização dos elementos obtidos com a manifestação de interesse não caraterizará nem importará a concessão de qualquer vantagem ou privilégio ou proponente, em eventual processo licitatório posterior. As empresas interessadas deverão demonstrar sua qualificação para os serviços, mediante material descritivo de suas atividades e experiências similares às de interesse do Programa, bem como relacionar as equipes de profissionais a serem utilizadas em sua execução. As interessadas poderão apresentar empresas associadas para adequarem suas qualificações às necessidades dos serviços.

As manifestações de interesse deverão ser dirigidas à Setre, mediante protocolo, no prazo de 15 dias úteis a contar da publicação deste Aviso, de acordo com as regras dispostas na Internet, através do link (www.egba.ba.gov.br/doonline/doflip.asp). A responsabilidade pela apreciação dos estudos apresentados e por remeter avaliação à Setre, órgão a que compete a homologação, é do Grupo de Trabalho Executivo, constituído por Decreto nº 10.812, de 4 de janeiro de 2008.

De acordo com o secretário de Nilton Vasconcelos, apesar da FIFA ter adiado para o início do próximo ano as subsedes da Copa 2014, os trabalhos devem ser concluídos o mais breve possível. A previsão é que esteja tudo pronto até, no máximo, 2012. “Mesmo antes da tragédia da Fonte Nova já cogitávamos a possibilidade de privatização da construção e operação de um estádio nos padrões FIFA. A primeira proposta foi construí-lo na avenida Paralela. Por que não demolimos? A solução tinha que estar acoplada a qualquer ação de demolição, mesmo que do anel superior. Tínhamos várias alternativas, mas agora, várias empresas que têm experiência com obras desse porte, já manifestam interesse em contribuir com o estudo em Salvador”, afirma Vasconcelos.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Futuro da Fonte Nova está indefinido

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A julgar pelo aviso de manifestação de interesse publicado pela SETRE (Secretaria do Trabalho, Emprego e Renda da Bahia) nas edições desta quarta do Jornal A TARDE e do Diário Oficial do Estado, o futuro do maior estádio da Bahia ainda permanece indefinido mais de quatro meses depois da sua interdição.

A capa do diário oficial trazia a manchete: ‘Governo dá primeiro passo para a recuperação da Fonte Nova’. E o aviso indica que o Governo do Estado está autorizando as empresas que tenham interesse em enviarem, no prazo de 15 dias, estudos preliminares para ‘uma nova concepção do estádio Octávio Mangabeira – Fonte Nova e seu entorno’.

O motivo da incerteza gerada por esse aviso é que o termo ‘nova concepção’ pode ser interpretado tanto como uma ampla reforma do estádio da Fonte Nova, quanto a criação de um novo estádio no local.

E a ‘recuperação da Fonte Nova’ na capa do diário oficial indicia que a destruição do estádio, que parecia certa depois das declarações do governador Jaques Wagner, no dia 27 de novembro de 2007 – dois dias depois da tragédia – pode não acontecer.

Pessoas ligadas à Secretaria dizem que esse assunto ainda está sendo tratado pela Governadoria e, ao que parece, ainda não há uma posição definitiva.

Local – O que parece definido, até pelo texto do aviso de interesse que fala sobre a ‘Fonte Nova e seu entorno’, é a localização do estádio baiano que será candidato para sediar partidas da Copa do Mundo de 2014.

Existia uma dúvida entre a utilização da área da Fonte Nova, em Nazaré, ou uma construção totalmente nova na Paralela. Agora, parece certo que, aproveitando ou não a estrutura do Octávio Mangabeira, o maior estádio da Bahia ficará em Nazaré.

Até pelo investimento que está sendo feito pelo governo no estádio de Pituaçu, não se justificaria construir um novo estádio público naquela região.

Boa notícia para aqueles que torcem para a preservação do local pelo valor sentimental e, sendo pragmático, também para os comerciantes que tiravam o sustento dos jogos disputados ali.

Além disso, a localização central sempre foi considerada como um dos grandes pontos fortes da Fonte Nova, e a decisão por aproveitar essa qualidade parece ser a atitude mais inteligente.

As empresas terão 15 dias para mandarem os estudos preliminares e o interesse em participar desta obra e depois terão 45 dias para apresentarem os projetos, sem custos para o Governo.

O Secretário Nilton Vasconcelos não foi localizado pela reportagem de ATEC. Segundo a assessoria de comunicação da SETRE, ele deve se pronunciar sobre o aviso de manifestação de interesse apenas nesta quinta.

Leandro Silva/ A TARDE

Empresas podem apresentar estudos para a Fonte Nova

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Determinado a tornar Salvador uma das cidades subsede da Copa do Mundo de 2014, que se realizará no Brasil, o Governo da Bahia, por intermédio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), decidiu autorizar empresas consultoras a formularem estudos preliminares para uma nova concepção de uso para o Estádio Otávio Mangabeira (Fonte Nova) e seu entorno.

As regras para a participação estão publicadas no Aviso de Manifestação de Interesse veiculado, nesta quarta-feira (9), no Diário Oficial do Estado (www.egba.ba.gov.br/doonline/doflip.asp) e jornais da grande mídia baiana.

Os estudos deverão servir de subsídios para o modelo do novo estádio, o regime de gestão e operação do equipamento público e seu entorno, sem perder de vista sua sustentabilidade econômico-financeira, legal e ambiental. As empresas interessadas devem apresentar as propostas num prazo de 45 dias úteis, a partir da data da publicação da chamada pública.

Diário Oficial do Estado.

terça-feira, 25 de março de 2008

Fonte Nova continua à espera de uma decisão

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Há exatos quatro meses, uma laje de 5 x 0,8 m caía, a sete minutos do acesso tricolor à Série B do Campeonato Brasileiro, derrubando sete torcedores das arquibancadas da Fonte Nova diretamente para a morte. A comoção que tomou conta do País chegou a ganhar o noticiário internacional.

Menos de 42 horas depois, o governador Jaques Wagner já anunciava aos quatro cantos o fim da praça esportiva. Arquitetos baianos tacharam a medida de “precipitada e populista”. Moradores do entorno do estádio se preocuparam.

De lá para cá, porém, pouca coisa mudou. Além da Fonte, o Ginásio Antonio Balbino e a escolinha que funcionava no local também foram interditados. Já a estrutura da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e da Vila Olímpica, por exemplo, seguem normalmente por ali. A exemplo do buraco da tragédia, ainda chamando a atenção dos mais curiosos.

IMPLOSÃO – Muita gente, portanto, começa a questionar: será que a situação não pode prejudicar a candidatura de Salvador para a Copa do Mundo de 2014? O anúncio das dez ou doze subsedes brasileiras já está previsto para junho. Enquanto isso, o máximo que o Octávio Mangabeira vê de diferença são sem-tetos, cada vez em maior número em seus portões 8 e 9.

“De jeito nenhum”, garante o secretário de Comunicação Robinson Almeida, porta-voz do Grupo de Trabalho (GT) do governo estadual para o evento. “Vamos dar as garantias necessárias de que tudo estará pronto no prazo em que a Fifa quer, que me parece que são dois anos antes da Copa. Temos tempo até 2012”.

Segundo ele, seria equivocada qualquer atitude distinta, até agora, por parte do GT. “O grupo ainda está estudando qual é a modelagem ideal para o futuro equipamento que vai suceder a Fonte Nova, porque ali precisa ser bastante planejado”, explica. Tudo depende de como serão as tres etapas da obra: projeto, construção e operação.

Em relação à primeira, continua a indefinição sobre a maneira de que ela vai se articular com a vizinhança. E se vai se levantar ou não um centro de convenções ao lado.

“Como há a decisão do governo para o estádio ser feito e operado pela iniciativa privada, é fundamental que se organize as etapas de forma conjunta”. Por isso, acrescenta, não dá para ser igual à reforma de Pituaçu, onde o Poder Público formulou o projeto e ele próprio contratou as empresas. “Estamos, inclusive, pedindo consultorias externas para escolher o melhor instrumento jurídico da obra. Toda intervenção que envolve o centro da cidade tem que ser decidido com muito cuidado e rigor técnico, pois é algo vai para as próximas gerações”.

Almeida prossegue: “As pessoas falam... ‘Pô, tem quatro meses’. Mas como vai se viabilizar? Tem área para desapropriar? É preciso tempo, é algo complexo, grande. Não é só chamar uma equipe de operário para derrubar e outra para construir”. A demolição ou implosão – depende se vai se iniciar do zero ou aproveitar as fundações –, entretanto, é ponto “irreversível”.

PRAZO – Ele confirma que já existem empresas interessadas, mas apenas “informalmente”. “Nós não queremos dar divulgação, para que todos possam participar. Em todo o mundo, há grupos especializados em iniciativas deste porte”, complemeta, sem desmentir o nome da portuguesa LusoArenas, que esteve próxima de fechar um estádio novo envolvendo a dupla Ba-Vi.

O importante é ser algo “perene”, que siga dando retorno após o Mundial. “Ninguém vai construir uma arena dessa só para três jogos. Ou seja, os grandes clubes do futebol baiano vão ter que sediar partidas nela depois”.

Certo, mas será que não dá para adiantar nada de prazo? O ano vai terminar sem nenhuma novidade? O secretário, claro, prefere se esquivar de eventuais cobranças: “Não tem como prever essa coisa agora. Vencidas as primeiras etapas, aí sim, poderemos conversar. Mas, no momento, é totalmente precipitado”.

A única certeza concedida diz respeito ao Estádio Roberto Santos. “O que posso garantir é que Pituaçu ficará em condições de abrigar jogos do Campeonato Brasileiro em julho”. A torcida do Bahia, órfã do Octávio Mangabeira e cansada de rodar por Feira de Santana e Camaçari, comemora.

Homens e tratores permanecem em ação, até mesmo no periodo da noite e aos finais de semana. O problema é que a ação civil pública das promotoras Rita Tourinho e Heliete Viana, ingressada no início de março, pede o embargo da obra. E pode ser apreciada a qualquer momento pela 5ª Vara da Fazenda Pública.

Nelson Barros Neto


quarta-feira, 12 de março de 2008

Prefeitura negocia saída de famílias da Fonte Nova

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Com o objetivo de marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Sedes) realizou no último sábado um café da manhã com os moradores da área em volta do Estádio da Fonte Nova. A idéia era não só homenagear as mulheres, na pessoa da líder do grupo, dona Maria de Fátima Dias Ribeiro, como também promover uma sensibilização para que aceitem o acolhimento oferecido pela Prefeitura de Salvador, desocupando o local, interditado desde o acidente ocorrido no jogo Bahia x Vila Nova, em novembro do ano passado.

Em situação de rua desde 1996, dona Maria, como é conhecida, e seus familiares que compõem o grupo, com cerca de 10 pessoas, já receberam diversos benefícios da Prefeitura, entre os quais auxílio-moradia, materiais de construção, vale-vida (hoje extinto), num total de cerca de R$ 19 mil. Ela também já foi inserida nos programas assistenciais da Sedes, mas preferiu voltar às ruas.

"Isso aqui não é morada para ninguém, todos temos direito à habitação digna, e isso já foi viabilizado para vocês, mas a Prefeitura não pode continuar pagando aluguel sem que as casas sejam ocupadas", disse a secretária Maria das Dores Loiola Bruni. Numa das últimas ações da Sedes, foram alugadas quatro casas no bairro de Valéria, no valor mensal de R$ 600,00. Apesar disso, dona Maria e seus familiares continuaram ocupando a área externa do estádio.

A secretária falou sobre o projeto que está em construção para a população em situação de rua de Salvador. "Estamos fazendo uma parceria com a Sedes estadual para a montagem de um empreendimento econômico e solidário, no bairro de Jardim Cajazeiras, onde as pessoas em situação de rua que trabalham com coleta de material reciclável vão ser capacitadas para produzir artefatos, na perspectiva da geração de emprego e renda", disse.

Portal da Cidade



quinta-feira, 6 de março de 2008

Sudesb tenta se justificar no Ministério Público

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Foi em vão a tentativa do engenheiro e ex-chefe de operações da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Nilo Júnior, de entregar documentos ao Ministério Público para ajudar em sua defesa no processo envolvendo o acidente na Fonte Nova, que resultou na morte de sete pessoas. Como o promotor Nivaldo Aquino já havia encaminhado o caso para o Tribunal de Justiça da Bahia, a reunião realizada ontem, à porta fechada, na sede do MP, não deverá influenciar em nada no processo.

Depois do encontro, que durou pouco mais de meia hora, Nilo Júnior voltou a afirmar que havia alertado sobre as deficiências da Fonte Nova. “No dia 10 de janeiro foi passado um documento para o diretor geral”, lembrou o ex-chefe de operações da Sudesb, autor do pedido para a realização da reunião. No entendimento do promotor, tanto Nilo dos Santos Júnior quanto o diretor geral da Sudesb, Raimundo Nonato Tavares da Silva, o Bobô, são “co-autores” do acidente. Os dois foram denunciados por homicídio culposo e lesão corporal de natureza culposa, que tem pena de um a três anos de prisão. A queda de parte da arquibancada da Fonte Nova aconteceu no último dia 25 de novembro, quando Bahia e Vila Nova disputavam partida válida pela Série C do Brasileiro.

De acordo com o Ministério Público, o acidente aconteceu pela “imprudência e negligência” dos dois denunciados, que, "inobservaram os deveres e cuidados alusivos à política de manutenção do equipamento desportivo".

Com 44 laudas e uma extensa exposição do fato delituoso, a denúncia teve como base o inquérito policial realizado pela delegada Marilda da Luz. Neste inquérito, além de Bobô e Nilo Júnior, foram indiciados também, o diretor técnico de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Virgílio Elísio; o presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF), Ednaldo Rodrigo Gomes; o presidente do Esporte Clube Bahia, Petrônio Barradas; e a juíza da 2ª Vara de Defesa do Consumidor, Lícia Fragoso. No entanto, para o promotor Nivaldo Aquino, nenhum desses quatro citados tiveram responsabilidade, na esfera criminal, pela tragédia.

Ficaram de fora do processo criminal, mas ainda podem ter de responder na justiça na esfera cível. Essas informações são da Tribuna da Bahia

terça-feira, 4 de março de 2008

Bobô é denunciado por homicídio culposo

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O Ministério Público do Estado da Bahia ofereceu à Justiça hoje, dia 4, denúncia contra o diretor-geral da Superintendência dos Desportos da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato Tavares da Silva, conhecido como “Bobô”, e o engenheiro civil Nilo dos Santos Júnior, por homicídio culposo e lesão corporal de natureza culposa. Os dois são apontados pelo promotor de Justiça Criminal, Nivaldo Aquino, como co-autores da tragédia que se abateu sobre o Estádio Octávio Mangabeira, mais conhecido como Fonte Nova, no último dia 25 de novembro, quando, durante uma partida da série C do Campeonato Brasileiro de Futebol entre o Esporte Clube Bahia e o Vila Nova de Goiás, uma parte do anel superior da praça desportiva desabou, ocasionado a morte de sete torcedores. A causa do acidente se deu pela imprudência e negligência dos dois denunciados, que, de acordo com o representante do MP, “inobservaram os deveres de cuidados alusivos à política de manutenção do equipamento desportivo”.

A denúncia, que tem 44 laudas e uma extensa exposição do fato delituoso, teve por base o inquérito policial nº 174/07 em que foram indiciados, além de “Bobô” e Nilo dos Santos Júnior, o diretor técnico de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Virgílio Elísio; o presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF), Ednaldo Rodrigo Gomes; o presidente do Esporte Clube Bahia, Petrônio Barradas; e a juíza da 2ª Vara de Defesa do Consumidor, Lícia Fragoso. Entretanto, afirma Nivaldo Aquino, após a análise minuciosa do inquérito policial, as oitivas dos gestores anteriores da Sudesb e de Virgílio Elísio e os laudos da Polícia Federal e das Escolas Politécnica e de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, o Ministério Público entendeu que a denúncia deveria ser apenas contra o diretor e o engenheiro da Sudesb, pois os demais não tiveram, na esfera criminal, responsabilidade pelo evento danoso.

Explica o promotor de Justiça que, por diversas vezes, os dois denunciados se comunicaram internamente, através de ofícios, sobre os problemas estruturais da Fonte Nova e sobre os riscos que eles poderiam ocasionar às pessoas que comparecessem ao estádio, tendo ciência, inclusive, do relatório da Geluz Engenharia e Construções Ltda., que apontou a necessidade de recuperação urgente no estádio, avaliada em mais de R$ 11 milhões, e não de reforço estrutural, pois havia riscos de colapsos pontuais. Mesmo assim, a Sudesb contratou serviços de “obra e manutenção de concreto” do estádio com as empresas Tecnocret Engenharia Ltda., pelo valor de R$ 49.725,06, e Terraza Engenharia e Construções Ltda., por R$ 49.167,75.

Em julho de 2007, o diretor e o engenheiro da Sudesb receberam em definitivo as obras e serviços feitos pelas empresas, autorizando a liberação do anel superior da Fonte Nova para os jogos do Esporte Clube Bahia no Campeonato Brasileiro, mesmo sabendo dos relatórios da Vigilância Sanitária, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros que davam conta da temeridade de jogos no estádio. “Os denunciados contentando-se com as obras e serviços realizados pelas empresas Tecnocret e Terraza deram a Fonte Nova como apta para a freqüência do público e conseqüente utilização pelo Esporte Clube Bahia, atitude que, no dia 25 de novembro de 2007, ocasionou a ruptura de parte do anel superior do Estádio”, sustenta o promotor de Justiça.

Em relação à titular da 2ª Vara do Consumidor, que não deu andamento à ação civil pública proposta em 2006 pelo Ministério Público, requerendo a interdição do estádio, o MP pediu a extração de cópias do procedimento policial e toda a documentação apensa, para que sejam encaminhadas ao Tribunal de Justiça da Bahia no sentido de que a Corte analise os fatos atribuíveis à juíza Lícia Fragoso Modesto e adote as providências cabíveis. O inquérito com a denúncia está sendo devolvido ao TJ para que seja distribuído para uma das Varas Criminais de Salvador.

ASCOM/MP

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Fonte Nova é transformada em abrigo

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Interditada desde o mês de novembro, a Fonte Nova agora abriga novos "hóspedes". Com a ausência do público semanal após a tragédia que matou sete pessoas no ano passado, moradores de rua ocupam boa parte das margens do estádio, transformando o local em um verdadeiro abrigo.

Cerca de 30 pessoas, misturadas a animais como cães e galinhas, se distribuem em locais onde funcionavam bilheterias, portões, escadarias e canteiros. No ambiente, os moradores de rua cuidam de crianças em barracas improvisadas, além de consumirem álcool e outras drogas livremente.

De acordo com os sem-teto, sob a marquise da Fonte Nova não é exatamente uma novidade. Antônio dos Santos Conceição, de 38 anos, alega que já perambula pelo local há 12 anos. "A gente costumava ficar atrás do [ginásio] Balbininho na época em que a Fonte Nova funcionava. Mas agora, como não tem ninguém, voltamos pra frente do estádio".

Muitos são integrantes de uma mesma família. Conceição divide as ruas com a esposa, que também trouxe para a morada improvisada uma filha e uma neta. Com eles, outros parentes em situação de risco social. Para sobreviver, catam lixo pelas ruas, pedem esmola nos sinais de trânsito e nos bairros próximos ao estádio, como Nazaré e Brotas.

Os sem-teto garantem que não roubam quem passa pelas ruas. Também afirmam não permitir que ladrões se juntem ao grupo que mora na Fonte Nova. "Os policiais nos protegem, conversam com a gente, não nos incomodam. Aqui ninguém rouba ninguém, não somos criminosos", explica a mulher de Conceição, Maria de Fátima Silva.

Entretanto, Conceição e o cunhado, Alessandro da Silva, admitem que boa parte dos moradores consome drogas diversas. "Eu bebo, ele bebe, a minha mulher e a filha dela bebem, não vou mentir. Tem gente que também usa coisa mais forte, mas aí a gente pede que use lá longe, para as crianças não verem", conta.

Violência

Mais até do que a miséria, a violência é o que mais assusta os novos habitantes da Fonte Nova. Segundo eles, o local é frequentemente visitado, à noite, por funcionários da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo (Sucom), que se utilizam da força para tentar afastar os sem-teto do estádio.

Chorando, Alessandro da Silva revela que os agentes usam pedaços de madeira com pregos para agredir os desabrigados, além de queimar móveis, utensílios e roupas durante as operações. "A última vez que eles vieram, na semana passada, bateram nos homens e também em mulheres com crianças no colo", denuncia, mostrando marcas roxas no braço direito.

De acordo com os moradores, a primeira ação recente da Sucom aconteceu na quinta-feira de Carnaval, quando foram aconselhados a abandonar o local. À noite, teriam sido agredidos por não terem obedecido. Desde então, segundo alegam, vez por outra são visitados de surpresa, sempre a socos, pauladas e ameaças de morte.

Antônio dos Santos Conceição afirma que se caso tenha uma oportunidade de ficar frente-a-frente com os supostos agressores, identificaria todos imediatamente. Apesar disso, pensa que prestar uma queixa de violência na polícia não resolverá o problema da insegurança no local. "Eu sei que tem policiais envolvidos nisso. Não posso prestar queixa contra quem me agrediu, é suicídio".

O gerente de Fiscalização Territorial da Sucom, César Aleluia, negou todas as acusações dos moradores da Fonte Nova. De acordo com o funcionário do órgão, não há equipes que trabalhem para a Sucom atuando à noite na cidade, com exceção da Gerência Ambiental, que funciona em regime de plantão recebendo queixas de poluição sonora. "Sem ninguém fazendo contato com pessoas à noite é impossível algo assim acontecer".

Lucas Esteves/ Pelé.Net

MP quer interdição judicial da Fonte Nova

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Responsável por duas ações do Ministério Público Estadual (MP-BA) que recomendam a interdição da Fonte Nova, a promotora de Defesa do Consumidor, Joseane Suzart, revela que apenas ficou sabendo da situação dos moradores da Fonte Nova através da reportagem do UOL. Para ela, a situação dos sem-teto é mais um motivo para que a Justiça acate imediatamente pedido do MP pela interdição oficial do estádio.

Por determinação do governador Jaques Wagner, a Fonte Nova está fechada desde o dia 25 de novembro, quando uma cratera aberta no piso do anel superior do estádio provocou a morte de sete torcedores. O estádio deve ser implodido para dar lugar a uma moderna arena esportiva, que serviria de sede para jogos da Copa do Mundo de 2014.

O MP pediu a interdição do estádio pela primeira vez em janeiro de 2006 e logo após a tragédia, em dezembro de 2007. "A Justiça nunca se manifestou sobre o assunto", reclama.

O último requerimento do MP pede a interdição não só da praça esportiva, mas também da escola que funcionava no estádio, além das dependências da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e da Vila Olímpica, para que seja feito um estudo quanto ao futuro do estádio.

A promotora revela também que a Sudesb foi aconselhada a isolar o entorno da Fonte Nova para evitar mais acidentes. A contenção, improvisada com material plástico e cavaletes de madeira e concreto normalmente usados em obras, foi facilmente removida pelos sem-teto. No começo do ano, grandes placas de concreto começaram a cair da arquibancada superior, ameaçando a vida dos desabrigados.

Joseane Suzart garantiu que o MP fará uma nova petição relatando o fato à Justiça. "A situação destas pessoas é de extremo perigo. Correm enorme risco de morte. A Justiça precisa, mais do que nunca, olhar pelas vidas ameaçadas neste episódio", alega.

Já a coordenadora de programas assistenciais da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (Sedes), Maria do Socorro Noronha, afirma que boa parte das pessoas recentemente instaladas no estádio recebe auxílio do governo, que paga aluguel de R$ 600 em uma casa no bairro de Valéria, periferia de Salvador. No entanto, a família de Maria de Fátima e Antônio Conceição - o principal núcleo de moradores do local, e que soma aproximadamente 10 pessoas - se recusa a ocupar o lugar.

Socorro alega o órgão iniciou um processo de triagem entre as 380 famílias incluídas no programa "Resgate da Cidadania da População de Rua", com o objetivo de identificar os beneficiários que não estão residindo nos locais garantidos pelo governo. "Diante da resistência deles em sair da região central da cidade, acredito que tenhamos de criar uma alternativa".

Lucas Esteves/ Pelé.Net

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

"Bobô perseguiu a mim e a quem coloquei na Sudesb”

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Ex-diretor de Operações da Sudesb, o engenheiro civil Nilo Júnior resolveu dar um esclarecimento exclusivo ao editor de Esportes Edmilson Ferreira sobre a Tragédia da Fonte Nova, ocorrida em 25 de novembro de 2007, quando sete pessoas morreram após o desabamento de um lance de arquibancada. Ele ainda não entende por que foi indiciado por homicídio culposo, já que deixou bem claro à delegada Marilda Marcela da Luz que, por sua vontade, o estádio estaria interditado. Não poupou críticas ao diretor-geral da Sudesb, Raimundo Nonato, o Bobô, a quem classificou de incompetente.

A TARDE | Por que resolveu falar somente agora?

Nilo Júnior | Um dia depois do acidente, fui instruído pelo diretor-geral que ninguém do órgão deveria dar entrevista a partir daquele momento. Somente ele. Também chegou a hora de esclarecer alguns pontos que, até então, só um lado se pronunciou.

AT | Havia divisão na Sudesb?

Nilo - Não sei te dizer se a expressão correta seria divisão, mas que a convivência entre a Diretoria Geral e a Diretoria de Operações se tornou quase impossível depois do meu depoimento, isso eu não tenho dúvida em afirmar.

AT | Como foi o depoimento?

Nilo - Foi muito tranqüilo, mas cansativo. Eles bombardeiam você de perguntas durante horas, mas basicamente eles queriam saber o que eu quis dizer com o documento que passei no início do ano, para o diretor-geral, sugerindo a interdição do estádio. Aliás, nesses anos todos de descasos, fui o único que colocou num papel que o estádio deveria ser interditado para os reparos necessários. Infelizmente, não consegui.

AT | Qual foi a intenção daquele documento?

Nilo - Logo no primeiro dia em que assumimos a Diretoria de Operações, tivemos acesso ao laudo da Geluz, empresa que havia feito uma recente avaliação sobre as condições da estrutura de concreto armado do estádio. De posse daquelas informações, reunimos os engenheiros e a pessoa responsável pela operação do estádio e fomos fazer as verificações superficiais possíveis naquele momento na estrutura das arquibancadas, para darmos subsídios ao diretor-geral sobre o posicionamento daquele grupo e a situação do estádio. Após as verificações, fomos unânimes ao opinar que o estádio não deveria ser aberto para jogos do Bahia que estavam prestes a acontecer. O aspecto era de abandono e descaso.

AT | Comenta-se que algumas pessoas da cúpula de governo não ficaram satisfeitas com você...

Nilo - Minha imagem sempre foi vendida por ele (Bobô) para a cúpula. Então, não poderia estar diferente para eles. Muitos não sabiam do meu posicionamento desde o início do ano a respeito da situação do estádio, de que ele não deveria abrir para o público, mas com toda certeza, após o meu depoimento, eles acharam que eu estava querendo livrar a minha cara e achar um culpado sem me preocupar com o que isso traria de malefícios para o governo.

AT | O que achou dos pronunciamentos de Bobô à imprensa?

Nilo - Contraditórios, confusos, alguns sem fundamentos, colocando a responsabilidade em quem não tinha, falando que não sabia de nada, nunca havia sido informado de tais condições. Enfim, inaceitáveis.

AT | E com Bobô ficou alguma mágoa pela sua saída?

Nilo - Ele peca pelo desconhecimento da administração pública. Fico chateado pelas inverdades que vem pregando a respeito de tudo o que vem acontecendo desde o início da situação, tanto internamente, no órgão, quanto no inquérito.

AT | O quê, por exemplo?

Nilo De que já estava pensando, mesmo antes do acidente, em mudanças na equipe de engenharia, e que o ultimo a sair foi eu. Nenhuma pessoa que ele tirou da minha diretoria, e não foram poucas, era engenheiro, arquiteto, orçamentista. Enfim, mais uma inverdade. Ninguém era da equipe de engenharia, mas sim, da área administrativa e operacional da diretoria, e todas elas indicadas por mim para os cargos. Na verdade, era para me atingir. Em nenhuma das exonerações, teve a elegância e o respeito à hierarquia. Simplesmente mandava o chefe de gabinete passar um e-mail ou ligar no dia anterior mandando avisar aos meus funcionários que não precisavam mais vir no outro dia. Nem mesmo na minha exoneração ele me comunicou. Estava de férias e recebi, às 18 horas, uma ligação do chefe de gabinete me comunicando que estaria sendo exonerado no dia seguinte.

AT | Está arrependido de algo que declarou no inquérito?

Nilo De maneira alguma. Minha carreira estava em jogo, não iria me omitir. Tenho testemunhas que partciparam da reunião do início do ano. Documentei o fato.

AT | Esta situação gerou alguma ameaça a você?

Nilo - Recebi duas ligações me ameaçando de morte, dizendo que sabia onde eu morava, que eu pagaria de um jeito ou de outro e que iam me pegar. Isto tudo porque não tinha como me defender.


Ex-jogador do Bahia rebate acusações

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“Fantasiosa”. Assim o diretor-geral da Sudesb, o ídolo tricolor Bobô, considerou a entrevista do engenheiro Nilo dos Santos Júnior à reportagem de ATEC.

Dizendo-se traqüilo e que a “verdade, no final, virá a tona”, o ex-camisa 8 criticou a postura de Júnior: “Tem pessoas com propensão a inverdades. Quem conhece o procedimento da gente sabe que não faríamos isso. Pelo contrário, até. Ele teve todas as condições de trabalho, só que não produziu o suficiente”.

Bobô lamentou que antigo diretor de Operações da superintendência “esteja usando a mídia para se defender” e garantiu que todas as exonerações aconteceram pessoalmente, “por questão de consideração a ele mesmo”. “Fizemos um levantamento das áreas que deixaram a desejar em 2007. Quando ele saiu, outras pessoas de outros setores também saíram”, reiterou.

Desejando que Nilo siga a sua vida normalmente, sendo “mais competente em outro órgão”, Bobô duvidou das ameaças de morte que o antigo colega teria recebido por telefone. “Me parece um contrasenso”, afirmou.

NELSON BARROS NETO, do A Tarde


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Cinco são indiciados por tragédia da Fonte Nova

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Cinco pessoas foram indiciadas pela Justiça baiana pelo desabamento de parte da arquibancada do estádio Otávio Mangabeira, a Fonte Nova, no dia 25 de novembro do ano passado, quando sete torcedores morreram, durante a partida de Bahia X Vila Nova, pela Série C do Campeonato Brasileiro. Os indiciados foram: o diretor superintendente da Sudesb, Raimundo Nonato Tavares (Bobô); Virgílio Elísio, diretor técnido da Confederação Brasileira de Futebol (CBF); Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF); Petrônio Barradas, presidente do Esporte Clube Bahia, e o engenheiro da Sudesb, Nilo Santos Júnior.

A conclusão do inquérito que investigou as causas e os responsáveis pela tragédia na Fonte Nova foi divulgada nesta terça-feira, 22, pela Policia Civil, em entrevista coletiva da delegada Marilda Marcela da Luz, no Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), na Secretaria de Segurança Pública (Praça da Piedade).

Segundo a conclusão das investigações, Bobô , Virgílio Elísio, Ednaldo Rodrigues e Petrônio Barradas foram indiciados por homicídio doloso - porque teriam como evitar a tragédia e nada fizeram para tanto. Já o diretor de operações da Sudesb, o engenheiro Nilo Santos Júnior, foi indiciado por homicídio culposo, porque tinha conhecimento de que a tragédia poderia acontecer, mas não tinha poderes para determinar, no caso, a interdição do estádio.

A juíza Lícia Pinto Fragoso, da 2ª Vara de Defesa do Consumidor, que recebeu em janeiro de 2006 uma documentação da promotora Joseane Suzart, do Ministério Público, condenando as instalações do estádio, foi considerada omissa pela delegada. Todos os processos serão enviados nesta quarta-feira, 23, para o Tribunal de Justiça.