sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Oposição e direção do Bahia não se entendem

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Fernando Jorge CarneiroO Estatuto do Bahia que deveria representar um consenso e criar uma proposta discutida pelos grupos envolvidos na disputa política interna do Bahia na verdade transformou-se numa espécie de contrato de adesão que Marcelo Guimarães Filho quer impor à oposição. Nada democrático, estabelecido sobre a égide de oligarcas, o novo Estatuto fecha a cara para a alternância de poder, cria cargos vitalícios e fere a incipiente aliança do grupo oposicionista com os "marcelistas". Confira matéria do Jornal da Metrópole.

ACABOU A CURTA TRÉGUA entre o combativo conselheiro do Esporte Clube Bahia, Fernando Jorge Carneiro, e a presidência do clube. O projeto de construção de uma gestão tranqüila e consensual entre sócios, conselheiros e direção – que levou à vitória de Marcelo Guimarães Filho na campanha de 2008 – virou pó graças a um impasse sobre o novo estatuto do Tricolor. Fernando Jorge fez oposição a todos os presidentes do Bahia desde a década de 1980, período dominado pelo grupo comandado por Paulo Maracajá. À época, os mesmos nomes se revezavam no poder e indicavam outros a serem eleitos, baseando-se nas regalias e “pontos cegos” do estatuto eleitoral criado em 1957.

Quando Guimarães Filho estava em campanha, tratou de calar a boca da oposição com promessas de mudanças no estatuto. Mas, segundo Fernando Jorge, o presidente não só ignorou o acordo, como propôs, de supetão, novas regras para o jogo: “Na reunião do conselho deliberativo, em junho de 2009, ele apresentou uma proposta que nunca havíamos deliberado, estabelecendo que”. apenas duas chapas poderiam ser indicadas pelo conselho. Ou seja, apenas seu grupo teria chance de vencer, já que domina, de forma ilegal, 80% dos assentos desse pré-colégio eleitoral”, acusa.

‘Nós vamos dar trabalho’

Para Fernando Jorge Carneiro, ao contrário do estatuto em vigor que só permite aos conselheiros votarem no presidente, os sócios deveriam ter o mesmo direito. Ele e seu grupo de apoio, com cerca de 150 membros, propuseram a Marcelo Guimarães Filho uma versão mais “democrática”, que dá direito a candidatar-se à presidência qualquer um que tenha, no mínimo, 10% das indicações dos conselheiros. “Essa proposta foi encampada por Marcelo em reunião, e ele também tinha aceitado a idéia de um limite de cinco chapas na eleição, mas o assunto foi esquecido”, comenta.

O conselheiro afirma estar decepcionado com a postura do presidente, que tentou justificar o adiamento de um acordo, ainda em 2009, sob alegação de que a desapropriação da sede de praia do Bahia, na Boca do Rio, e os riscos de o time voltar a cair para a série C era mais urgente. Fernando Jorge acusa Guimarães Filho de impor seu desejo a qualquer custo. “Ele disse que, se assembléia não ratificar seu estatuto, ficaremos paralisados, regidos pelo documento antigo”, afirma.

Fernando Jorge Carneiro ressalta que a proposta de Marcelinho não mudará o regime antidemocrático imposto pelo estatuto atual e promete tentar reverter à situação. “Nós vamos dar trabalho”. Após as festas, iremos nos reunir e saber quais as medidas cabíveis a tomar. Recorreremos ao Ministério Público, porque “O Bahia não pode ficar à mercê da vontade de Marcelo”, garante. Procurado pelo Jornal da Metrópole, Guimarães não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento da edição.

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