Neste sábado, 12, haverá uma tarde de autógrafos a partir das 16 horas no cinema do shoping Iguatemi. Nele estarão os nossos craques de 1988, inclusive o mestre Evaristo de Macedo. Amanhã, teremos um jogo em Pituaçu; uma justa homenagem aos nossos grandes bicampeões nacionais. O evento está marcado para às 14 horas desse domingo. Neste evento de domingo teremos shows de Luís Caldas e Maragaret Meneses.
Nosso meia Zé Carlos, da conquista de 1988, ressalta a necessidade de resgate da auto-estima do jogador de futebol de ontem e sempre, e dispara revelando a hipocrisia de homenagear só depois de morto os personagens principais de uma história tão verdadeira e linda, consagrando uma grande história de amor entre a torcida do Bahia e o seu clube.
Este espetáculo do domingo, que já tem já 10.000 ingressos vendidos, é importante para ressaltarmos a necessidade de resgate da identidade do futebol baiano e do carnaval como componentes da criatividade humana e do improviso. Urge um grande desafio contra uma mentalidade marcada nos últimos anos pela mercancia. Resgatar o espetáculo do futebol como esfera do entretenimento e expressão da liberdade é um dever de todos; o que restava numa sociedade extremamente excludente. O futebol libera a magia e crenças no homem. Resgata o futebol as necessidades de superação da equipe ao mesmo tempo que premia o jogador singular.
Essas constações parecem evidentes, enquanto o lado comercial do futebol vem crescendo em detrimento da capacidade do futebol para o improviso e a formação de times fantásticos como foi o Bahia de Bobô e Zé Carlos, um tempo em que era possível o torcedor escalar seu time de cabeça, sem a rotatividade louca dos últimos tempos urdidas pelo futebol-comércio.
É possível que o Bahia de Bobô tenha sido o último time em que o torcedor viu uma equipe jogando para frente e competente em se defender. Havia de fato nesse esquadrão do Bahia de 1988 uma equipe e jogadores baianos singulares. Só podia esse time existir porque ainda a mercancia não determinava o homem como absoluta necessidade do futebol.
O time da genialidade de Bobô foi a apoteose da beleza do jogo de futebol, como também delírio de um público tão deslumbrado e alegre como era com nosso carnaval. Sim, essa associação é inevitável, pois o carnaval deixou de lado também o improviso e ganhou as ruas trajes confeccionados com antecedência e evidentemente apelo comercial.
O riso deixou o salão e foi para as ruas, lugar indeterminado. O torcedor de futebol também é pensado dessa maneira, e hoje pacotes de televisão para conquistar "às ruas" e a avidez pelo enriquecimento substituem o torcedor mais espontâneo. A publicidade também vem reduzindo a reinvenção do futebol como apelo à subjetividade e o improviso. Podíamos vestir inocentemente camisas dos nossos clubes sem a manipulação da televisão e da publicidade que divulgam o futebol como produto a ser consumido, nunca vivido.
Hoje, o torcedor tende a se ver menos nos estádios e mais em frente a um tubo de tevê como consequencia dessa invasão de interesses bem objetivos em que está ávido o mercador para formar times em cada ano e desmontá-los no ano seguinte. Sem o interesse maior da maioria dos clubes com seus torcedores e sócios em formar homens. O que importa para um clube de futebol hoje é um contrato de televisão, um patrocínio vultoso e 0 persistir num grande desprezo pelo torcedor que ama o futebol.
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