Na semana em que a tragédia da Fonte Nova completou dois anos, o luto das famílias e os questionamentos pela impunidade dos responsáveis ficaram em segundo plano. Em boa hora – pelo menos para empresários e dirigentes de clubes interessados –, o anúncio da construção da Arena Salvador pelo Luso-arenas, com o apoio de Bahia e Vitória, roubou a cena e fez até integrantes do governo do Estado “bater cabeça” no planejamento para o Copa do Mundo de 2014.
No fundo e no raso, a proposta pode não passar de mais um factoide. Quem não lembra da ponte Salvador-Itaparica? Orçada inicialmente em R$ 260 milhões, a Arena Salvador é uma incógnita. Os empresários portugueses prometem o estádio pronto em 30 meses. Como a obra está prevista para ser iniciada no segundo semestre de
Tudo em um terreno de 800 mil m² próximo ao bairro de Itinga, em Lauro de Freitas. No papel, promissor. Na prática, cadê as garantias? “Quem é o lastro financeiro da operação? Quem é que banca isso? Quem é que vai tomar no banco esse empréstimo? Cadê a carta-fiança? Até agora, não me mostraram nada”, questionou o governador Jaques Wagner em entrevista ao âncora da Rádio Metrópole, Mário Kertész, na terça-feira, 24/11, um dia após o anúncio do empreendimento.
Wagner classificou a iniciativa como “apenas um projeto”. E tem razão. O modelo é o mesmo proposto por Paulo Carneiro, quando presidia o Vitória, apenas com a alteração do local – inicialmente, a idéia era construir na Avenida Paralela. Os responsáveis pela apresentação à imprensa não tiveram nem o cuidado de preparar um projeto para o novo local. O modelo apresentado foi o mesmo de anos atrás, inclusive com o leão numa das imagens e, na outra, a estátua do símbolo do Vitória.
Lusoarenas: projetos vagos
A Lusoarenas se apresenta como uma empresa “promotora de uma nova geração de projetos em Portugal e no Brasil”. No material entregue à imprensa, com uma mistura de português do Brasil e de Portugal, a empresa diz ter parceria com o Corinthians, no Rio de Janeiro e em Recife, onde tenta construir o Estádio do Náutico, mesmo com o governo estadual bancado a arena para a Copa do Mundo.
No site oficial, não há nenhum registro de estádio ou arena de futebol construído. Apenas promessas no Brasil e um acordo com o Sport Lisboa e Benfica (SLB) para a gestão da operação das infraestruturas desportivas.
Sem garantias a exibir na apresentação do projeto à imprensa, pouco se falou da arena. O representante da Lusoarenas se baseou apenas em estudos das tendências para a construção de estádios.
Quanto ao projeto da Arena Salvador, apenas as informações do local e o que seria construído. Além da falta de garantias e informações, o que chamou atenção foi à ausência do presidente da empresa. Estranhamente, no momento de anunciar a construção de uma arena tão importante (se é que o projeto é realmente construir o estádio), António Espírito Santo Bustorff preferiu voltar para Portugal. Talvez por não tiver como responder às perguntas que lhe seriam endereçadas.
Em Salvador, quem fala pela empresa é o advogado Antônio Carlos Rodrigues. De acordo com ele, 70% do valor total orçado para a construção serão da própria empresa. O restante seria proveniente da geração de receita antecipada, como a venda de camarotes.
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