segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Ceder o Barradão para o Bahia é afrontar o torcedor rubro negro

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O fracasso de público e de renda dos jogos do Bahia em Camaçari reacendeu no início desta semana uma idéia absurda: o Vitória ceder seu estádio para as partidas do tricolor. No entanto, antes de entregar as chaves do Barradão para seu o colega Petrônio Barradas, o presidente do Vitória, Jorge Sampaio, precisa responder – e ser bastante convincente - o seguinte questionamento: em que o seu time ganha ou lucra com o empréstimo?

Liberar o Barradão para os jogos do Bahia soa como um ato de afronta para o torcedor rubro-negro e para a história recente do clube. Até porque, é bom lembrar, nenhum dirigente do Bahia, em toda a existência do Barradão, jamais teve qualquer gesto de boa-vontade com o estádio. Muito pelo contrário.

Presidentes e dirigentes do clube, sem exceção, fizeram e fazem até hoje uma intensa campanha para desmoralizar o patrimônio rubro-negro. É só recordar o que aconteceu na decisão do Campeonato Baiano de 99. Até hoje torcedores tricolores se referem ao local como um “lixão” e, não raro, vão ao estádio em dias de Ba-Vis fantasiados com máscaras.

O Barradão foi viabilizado, justiça seja feita, graças ao ex-presidente do Vitória, Paulo Carneiro. Foi ele quem lutou como um leão contra a imprensa e contra esta cartolagem hipócrita e incompetente que até hoje permanece no Bahia, como Paulo Maracajá, Petrônio Barradas, Marcelo Guimarães, entre outros. Dirigentes ultrapassados que arruinaram o tricolor e que sempre trabalharam para ridicularizar o patrimônio rubro-negro.

Ceder o Barradão significa fortalecer o Bahia tecnicamente. O que o Vitória ganha com isso? Significa tirar o tricolor do vermelho. O que o Vitória tem com isso? Significa expor o torcedor rubro-negro a piadinhas, gozações e humilhações. É isso que os dirigentes do Vitória querem? Significa pôr em risco o patrimônio do clube. Foi para isso que foram feitos tantos sacrifícios e investimentos?

A idéia dos dirigentes do Bahia é uma piada: realizar uma enquete no site oficial do clube para saber o que o torcedor tricolor acha de trocar Camaçari pelo Barradão. Não falta mais nada. Aliás, falta: Jorginho Sampaio achar tudo muito natural, acatar o resultado e preparar o palco para domingo. Se assim o fizer, é bom que se diga, manchará o seu belo currículo.

Não cabe ao Vitória ajudar o Bahia a resolver seus problemas. Até porque a história mostra que a recíproca não é verdadeira. Quando o Vitória pretendia entrar no Campeonato brasileiro, nos anos 70, nunca contou com o tricolor. Pelo contrário, a cartolagem comandada por Osório Vilas Boas e Paulo Maracajá, sempre tramava contra. Foi preciso que o então governador Antonio Carlos Magalhães dobrasse o presidente da CBF, João Hevelange.

Do outro lado sobram, sim, gestos e atos perversos. Também não vale aquela frase feita e falsa de que o “Vitória só será forte como Bahia forte e vice-versa”. Bobagem. O Bahia ganhou dois títulos nacionais no momento em que o rival estava no fundo do poço. Engraçado, ninguém na época pensou em dar uma mãozinha ao Vitorinha.

Jornal da Mídia

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