quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Tragédia da Fonte Nova: Apenas dois seguros pagos

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Uma das principais queixas ouvidas durante a missa de 30º dia das vítimas da tragédia da Fonte Nova foi o descaso das autoridades. Nem governo, nem Sudesb, nem Bahia, nem FBF, novamente, mandaram representantes.

O pai de Márcia Santos, Sebastião da Cruz, não escondeu o sentimento de revolta. “Sei que este é um caso que não deve cair no esquecimento, porque teve repercussão nacional, mas queremos que os culpados paguem por tudo isso. Nada vai trazer a vida da minha filha de volta, mas queremos justiça”, disse.

Xará do primogênito falecido naquele 25 de novembro, após o desabamento de um lance de arquibancadas, Djalma Santos reclamou da Federação Baiana de Futebol. “Quinze dias depois do ocorrido, entregamos todos os documentos para ela (FBF) dar entrada no processo do seguro do torcedor, mas até agora nada. Eles nunca se pronunciaram”.

Procurado por A TARDE Esporte Clube, o presidente da FBF, Ednaldo Rodrigues, inicialmente alegou que não tomou conhecimento de onde seria a celebração religiosa. Em seguida, emendou: “O senhor Djalma foi o primeiro em que foi enviada a documentação para a Excelsior Seguros, só que houve um problema burocrático na certidão de nascimento do filho dele. Dentro de uma semana, porém, a questão deve estar resolvida”, atestou.

Regulamento – Superintendente da empresa em Salvador, Nelson Uzêda confirma a história. Das sete vítimas fatais, cinco tiveram seus casos enviados para a seguradora e apenas duas receberam os R$ 25 mil previstos no ingresso de Bahia 0x0 Vila Nova. As exceções ficararam por conta dos pais de Jadson Celestino Silva e Joselito Lima Júnior.

“O problema não é pagar a indenização, mas saber verdadeiramente quem tem direito à ela. Tem pai que chega aqui, mas seu nome não consta na certidão de óbito. Tô indo à federação, agora, para acabar com esses e outros casos”, pontua Uzêda, acresentando que espera resolver o impasse “o quanto antes”.

A lei prevê o pagamento em até 30 dias, a partir da data em que se efetuou o pedido – todo torcedor tem direito ao Seguro de Acidentes Pessoais Coletivo de Público Pagante. O contrato firmado entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Companhia Excelsior Seguros é apenas para morte e invalidez dentro do estádio e não cobre despesas médicas e hospitalares. Os bilhetes vêm com o número da apólice e o da seguradora impressos no verso.

Esclarecimento – A entrevista com o presidente Ednaldo Rodrigues também serviu para questioná-lo sobre uma declaração sua na edição de 5/10/2005 do jornal. Na ocasião, o cartola admitiu que a entidade fazia inspeção das praças esportivas e chegou a frisar: “Se acontecer algum problema, a gente é que responde”.

Dois anos depois, alegou que ali se referia a competições estaduais. No caso, a Segundona do Campeonato Baiano, que acabou não sendo realizada por falta de laudos de segurança.

Nelson Barros Neto, do A Tarde


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